A inflação dos alimentos no Brasil segue em alta, superando a inflação geral de 2024 e pesando cada vez mais no bolso do consumidor. Com o preço dos alimentos crescendo a um ritmo alarmante, o governo federal tem trabalhado em possíveis medidas para conter essa escalada, com destaque para a redução de tributos e a regulação das exportações. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciará, nesta quinta-feira (06), novas estratégias para combater a inflação alimentar, que alcançou 8% no ano passado, acima da média de 4,8% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O que está sendo discutido para frear a inflação dos alimentos?

A inflação alimentar tem sido uma preocupação crescente em 2024, com o aumento de preços em itens essenciais como arroz, feijão, carnes e óleos. Esse aumento é especialmente preocupante, pois os alimentos são a base da cesta de consumo das famílias brasileiras, o que torna seu impacto ainda mais significativo. Em resposta a esse cenário, o governo e as associações do setor agropecuário têm discutido medidas para amenizar a pressão sobre os preços.

Uma das alternativas propostas é a redução da tributação sobre produtos essenciais, como fertilizantes e embalagens, que são fundamentais para a produção e distribuição de alimentos. Além disso, há discussões sobre a criação de cotas ou a tributação das exportações de produtos alimentícios, uma medida que visa garantir o abastecimento interno e controlar a alta dos preços.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, revelou que o presidente Lula se reunirá com representantes do setor agropecuário e outras associações relevantes nesta quinta-feira, 6 de março, para definir as medidas que serão anunciadas à população. As negociações estão sendo coordenadas com o setor produtivo para entender os desafios enfrentados pelas empresas e, assim, encontrar soluções eficazes.

Como essas medidas podem impactar os consumidores e o mercado?

A implementação de medidas para controlar a inflação dos alimentos pode ter impactos diretos no consumo e no comportamento do mercado. Com a redução de tributos sobre itens essenciais, espera-se uma diminuição no custo de produção e, consequentemente, uma estabilização dos preços para os consumidores. No entanto, a XP, uma das principais instituições financeiras que acompanha o setor, alerta que a redução tributária pode não ter um efeito imediato no mercado varejista, já que o espaço do governo para flexibilizar receitas fiscais é limitado.

Outro ponto discutido nas reuniões do governo é a regulação das exportações. A criação de cotas ou a imposição de tributos às exportações de alimentos poderia, teoricamente, garantir que mais produtos permanecessem no mercado interno, ajudando a controlar os preços. No entanto, essa estratégia enfrenta resistência, já que as exportações são uma importante fonte de receita para o Brasil, especialmente em setores como carne e grãos.

O mercado de supermercados e atacarejos também está observando atentamente essas medidas. De acordo com análises do JPMorgan, o setor de varejo alimentício continuará sendo pressionado pela alta dos preços, e as perspectivas de crescimento permanecem moderadas. No entanto, há um consenso de que a inflação alimentar mais baixa pode gerar ventos favoráveis para o setor no médio prazo, com maior estabilidade nos preços.

Expectativas para 2025: O que o governo planeja?

Embora as medidas de curto prazo sejam essenciais para controlar a inflação alimentar imediata, a XP sugere que as perspectivas para 2025 devem ser cautelosas. A inflação dos alimentos continuará a afetar o poder de compra das famílias, o que resultará em volumes mais baixos de vendas para o varejo alimentar. Além disso, o mercado de crédito e o custo de produção, como o transporte e o armazenamento, são fatores que também precisarão de atenção para garantir a recuperação do setor agropecuário.

O setor de supermercados, como o Grupo Mateus, pode se beneficiar de medidas que favoreçam uma queda nos custos operacionais e maior controle sobre os preços. A recomendação neutra do JPMorgan sobre grandes players como o Carrefour Brasil (CRFB3) reflete a preocupação com a perspectiva de uma alta inflação de alimentos e o impacto nas margens de lucro do setor.