Na quarta-feira, 23 de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursará por videoconferência na Cúpula do Brics, enquanto o Banco Central do Brasil se reúne com investidores em Washington D.C.

O evento da 16ª Cúpula do Brics, que ocorre em Kazan, na Rússia, terá uma participação virtual de Lula, que cancelou sua viagem após um acidente doméstico. Durante sua fala, o presidente abordará a importância da cooperação entre os países do bloco, especialmente em tempos de incertezas econômicas globais.

O Brics, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, está em um processo de expansão, e o Brasil teve um papel fundamental na definição dos novos potenciais membros. Cuba e Bolívia foram convidadas a se juntar ao grupo, enquanto Nicarágua e Venezuela foram excluídas a pedido do governo brasileiro. A presença inesperada de Nicolás Maduro em Kazan, horas após o fechamento do acordo, adiciona uma camada de complexidade ao encontro.

Desdobramentos do Banco Central

Simultaneamente, às 16h30 (horário de Brasília), Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, conduzirá uma reunião com investidores em Washington. O evento contará com a presença dos diretores Otavio Ribeiro Damaso e Paulo Picchetti. Esta reunião é parte de um esforço para restaurar a confiança dos investidores em um momento em que indicadores econômicos apresentam desempenho abaixo do esperado.

A atuação do Banco Central é crucial, pois os investidores buscam orientações sobre a política monetária brasileira, especialmente em relação às taxas de juros e medidas para conter a inflação. A transparência e a comunicação eficaz são essenciais para estabilizar o mercado financeiro, o que pode ser especialmente relevante considerando as recentes críticas sobre a condução da política econômica.

Arrecadação fiscal e a economia brasileira

Na véspera dos eventos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou um panorama otimista em relação à arrecadação fiscal, que atingiu um recorde em setembro. Ele explicou que esse aumento é resultado da recomposição da base fiscal, em grande parte devido ao fim de medidas de auxílio às classes mais abastadas. Haddad rebateu alegações do Fundo Monetário Internacional (FMI) de que o crescimento do Brasil se deve a estímulos fiscais, enfatizando que o país está se ajustando às suas realidades econômicas.

A gestão eficiente da arrecadação é vital, pois permite ao governo investir em áreas prioritárias, como saúde, educação e infraestrutura, além de auxiliar na recuperação econômica após a pandemia.

Reformas e expectativas futuras

Outro ponto relevante que ganhou destaque foi o cronograma da reforma tributária. O senador Eduardo Braga (MDB-AM), relator do projeto, anunciou que audiências públicas sobre a proposta ocorrerão até 14 de novembro. Isso indica que a votação da reforma poderá acontecer apenas a partir da segunda quinzena de novembro, possivelmente atrasando a decisão final para dezembro. O sucesso da reforma tributária é considerado um fator chave para melhorar a arrecadação e a eficiência do sistema fiscal brasileiro.

Cenário internacional e expectativas econômicas

Os investidores também estão atentos a outros indicadores econômicos, como o Livro Bege do Federal Reserve e a confiança do consumidor na Zona do Euro. O desempenho econômico global pode influenciar a trajetória da economia brasileira, principalmente em relação às exportações e ao fluxo de investimentos estrangeiros.

Notícias corporativas em foco

  • Petrobras (PETR4): O Palácio do Planalto está avaliando a indicação de Bruno Moretti para presidir o Conselho de Administração da Petrobras. O nome de Moretti é cogitado para substituir Pietro Mendes, em um movimento que pode sinalizar uma nova direção para a estatal.
  • Azul (AZUL4): A companhia aérea está em busca de captar entre US$ 400 milhões e US$ 500 milhões no mercado, utilizando a divisão Azul Cargo como garantia. Essa estratégia pode reforçar a posição da empresa no mercado de logística, um setor em expansão.