Lucro do Banco do Brasil deve cair até 50% no 2T25, pressionado por agro e crédito a PMEs
O lucro do Banco do Brasil (BBAS3) no segundo trimestre de 2025 deve registrar queda de até 50%, segundo projeções de grandes bancos como JPMorgan e Safra.
Foto: Paulo Whitaker/REUTERS
A divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25) do Banco do Brasil (BBAS3), prevista para o dia 13 de agosto, vem sendo cercada de expectativas negativas por parte do mercado. As projeções apontam uma queda acentuada no lucro do Banco do Brasil, pressionado por dois fatores principais: o aumento das provisões no agronegócio e o desempenho fraco da carteira de crédito corporativo, especialmente no segmento de pequenas e médias empresas (PMEs).
Analistas de grandes instituições financeiras, como JPMorgan, Goldman Sachs e Banco Safra, revisaram suas estimativas para baixo, sugerindo que o trimestre pode marcar um dos piores desempenhos recentes do banco estatal, com impactos relevantes também para a rentabilidade e a percepção de risco do ativo BBAS3 na Bolsa.
Lucro do Banco do Brasil sofre impacto direto do aumento nas provisões
A principal razão para o possível tombo no lucro do Banco do Brasil no 2T25 está na necessidade crescente de provisões para perdas com empréstimos (PDDs). O agronegócio, tradicionalmente um dos pilares da carteira de crédito do banco, atravessa um ciclo difícil. Segundo o JPMorgan, a formação de novos empréstimos classificados como problemáticos pode dobrar em relação ao 1T25, refletindo uma deterioração no comportamento de pagamento dos tomadores rurais.
Com base nessa premissa, o banco estima que as provisões para o setor agropecuário podem crescer cerca de 20% no trimestre, totalizando R$ 6 bilhões, frente aos R$ 5 bilhões registrados anteriormente. Quando somadas às provisões para pessoa física e jurídica, o total pode chegar a R$ 12 bilhões, antes mesmo de considerar eventuais recuperações de crédito.
Para o Goldman Sachs, o cenário é semelhante: as provisões devem saltar 37% em relação ao trimestre anterior e 79% frente ao 2T24, comprometendo diretamente a rentabilidade do Banco do Brasil. Com isso, a instituição projeta um lucro recorrente de R$ 5 bilhões, queda de 32% na comparação trimestral e 48% em relação ao ano anterior.
Queda na rentabilidade preocupa e ROE pode atingir menor nível em nove anos
Outro dado que acende o alerta nos investidores é o ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido), que deve despencar no trimestre. O Goldman Sachs projeta que o índice caia de 16,2% no 1T25 para 11% no 2T25, o menor patamar registrado desde 2016. Já o Banco Safra estima uma rentabilidade ainda mais baixa, de 10,3%, número inferior ao custo de capital, calculado em 14,9% com base no CDI.
Esse descompasso entre rentabilidade e custo de capital pode pressionar ainda mais o valuation da ação, mesmo considerando que o Banco do Brasil negocia atualmente a múltiplos atrativos, como 4,7 vezes o lucro estimado para 2025, segundo o JPMorgan.
Crédito a PMEs é novo ponto de pressão no balanço
Embora o agronegócio siga como principal fator negativo, analistas do Banco Safra destacam que o segmento de crédito corporativo a PMEs também deve ter desempenho fraco e contribuir para a queda no lucro do Banco do Brasil no trimestre. A elevação da inadimplência entre essas empresas e o aumento das renegociações tendem a exigir maiores provisões, adicionando uma nova camada de pressão sobre os resultados.
Com isso, a inadimplência acima de 90 dias pode subir para 4,45%, de acordo com o Safra, representando uma elevação de 1,45 ponto percentual em relação ao trimestre anterior.
Mercado reduz expectativas e adota tom mais cauteloso para BBAS3
A deterioração nos indicadores financeiros levou os principais bancos a revisarem para baixo suas estimativas de lucro para o Banco do Brasil em 2025. O JPMorgan, por exemplo, reduziu sua projeção de R$ 27,2 bilhões para R$ 25 bilhões, enquanto o Safra segue com uma perspectiva conservadora e estima que o banco apresente o pior resultado entre os quatro maiores bancos do país no 2T25.
Além disso, o consenso de mercado reflete essa cautela: levantamento da Reuters com 11 analistas mostra que apenas 3 recomendam compra, enquanto 7 estão com recomendação de manutenção e 1 indica venda.
Em relação ao preço-alvo, o JPMorgan ajustou de R$ 28 para R$ 26 (dez/2026), enquanto o Safra estima R$ 25 para o fim de 2025, o que sugere pouco espaço para valorização a curto prazo.