As ações da Lojas Renner (LREN3), C&A (CEAB3) e Guararapes (GUAR3) sofreram fortes quedas na Bolsa de Valores brasileira nesta segunda-feira (14). Os papéis dessas varejistas foram pressionados por rumores de que o governo poderia suspender a chamada “taxa das blusinhas”, imposto que incide sobre compras feitas em sites internacionais de até US$ 50. A possível mudança gerou apreensão no mercado e impactou diretamente o desempenho das ações dessas empresas.

Leia também:

Queda expressiva das ações das principais varejistas

Na sessão desta segunda-feira, as ações da Lojas Renner figuraram entre as maiores quedas do Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira. Os papéis da empresa encerraram o pregão em baixa de 2,83%, cotados a R$ 18,17, mas durante o dia chegaram a cair 6,10%, atingindo R$ 17,56. Já as ações da C&A, negociadas fora do Ibovespa, registraram queda de 2,04%, fechando a R$ 17,29. A Guararapes, dona da rede Riachuelo, oscilou ao longo do dia, mas conseguiu fechar com leve alta de 0,50%, a R$ 7,99, mesmo após queda de quase 3% durante o pregão.

Além da forte oscilação causada pelos rumores, essas ações também foram pressionadas pela elevação da curva de juros no Brasil, que tende a impactar negativamente os papéis ligados ao consumo, como os do varejo.

Rumores sobre possível suspensão da “taxa das blusinhas” abalam mercado

A “taxa das blusinhas” é um imposto que foi implementado em agosto do ano passado e incide sobre compras realizadas em sites internacionais, como AliExpress e Shein, de até US$ 50. Essa taxa vem gerando controvérsia no setor varejista brasileiro.

Segundo informações divulgadas pelo colunista Igor Gadelha, do portal Metrópoles, lideranças do governo têm sondado deputados do Centrão na Câmara dos Deputados para avaliar a possibilidade de revogar essa taxa. A ideia por trás dessa medida seria melhorar a imagem do governo junto à população, que tem sentido o impacto da inflação e do custo de vida elevado.

A notícia sobre essa possível suspensão da taxa gerou preocupação entre investidores, já que uma eventual isenção aumentaria a competitividade do mercado e pressionaria as varejistas brasileiras, que já enfrentam uma disputa acirrada com marcas internacionais, principalmente a chinesa Shein, que tem ganhado espaço no país.

Governo descarta fim da taxação no curto prazo

Em resposta aos rumores, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou no final da tarde desta segunda-feira que o fim da taxação “não está na agenda” do governo no momento. A declaração foi feita durante um evento no Palácio do Planalto, deixando claro que, apesar das sondagens políticas, a suspensão do imposto não é uma prioridade atual.

Essa posição oficial ajuda a reduzir as incertezas no mercado, ainda que a possibilidade de mudanças futuras não possa ser totalmente descartada.

Impactos para o varejo segundo especialistas

A Ativa Investimentos avaliou que o retorno da isenção da “taxa das blusinhas” seria uma notícia negativa para as varejistas brasileiras. A corretora apontou que isso pressionaria a competição no setor, que já é bastante elevada, e poderia dificultar a recuperação das empresas tradicionais.

Além disso, a volta da isenção reforçaria a força da Shein no mercado brasileiro, uma marca que tem conquistado clientes com preços competitivos e forte presença digital. O cenário, portanto, seria desafiador para companhias como Lojas Renner, C&A e Guararapes, que precisam enfrentar tanto a concorrência estrangeira quanto fatores econômicos internos.