As importações de soja dos Estados Unidos pela China aumentaram em 12% em março de 2025, totalizando 2,44 milhões de toneladas, conforme dados da Administração Geral de Alfândega. No entanto, as expectativas indicam que o Brasil, com sua safra recorde, deverá retomar a liderança no fornecimento de soja para o gigante asiático nos próximos meses. A recuperação da participação do Brasil se deve à conclusão quase total da sua colheita, que promete abastecer a demanda crescente da China nos meses seguintes.

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Aumento das importações dos EUA pela China

Em março de 2025, a China aumentou suas compras de soja dos Estados Unidos, com 2,44 milhões de toneladas chegando aos portos chineses. Esse crescimento de 12% em relação ao mesmo mês de 2024 pode ser atribuído a compras antecipadas feitas por esmagadoras chinesas no final de 2024. Essas aquisições visavam garantir o fornecimento de soja diante das incertezas em torno das relações comerciais entre os dois países, especialmente após especulações sobre o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

De acordo com Rosa Wang, analista da agroconsultoria JCI, com sede em Xangai, “as chegadas de março refletem as compras de precaução feitas por esmagadores no quarto trimestre do ano passado, em meio a preocupações com o recrudescimento das tensões comerciais caso Trump retornasse ao cargo”. Essas compras antecipadas tiveram como objetivo garantir o abastecimento no caso de novas barreiras comerciais, o que teria elevado os custos e dificultado as importações de soja dos EUA.

Queda nas importações do Brasil

No entanto, as importações de soja do Brasil pela China em março sofreram uma queda acentuada de 69%, totalizando 0,95 milhão de toneladas, o que representou apenas 27% do total das importações de soja no mês. Esse declínio foi causado, em parte, por atrasos na colheita da soja brasileira, que afetaram o ritmo de exportações para o mercado chinês. Como resultado, a China passou a depender mais das importações dos EUA, que se beneficiaram da colheita anterior e da antecipação das compras.

Apesar da queda nas exportações brasileiras em março, a perspectiva é que o Brasil retome sua posição de liderança no mercado chinês com a chegada da nova safra. De acordo com analistas, as importações de soja da China entre abril e junho poderão alcançar um recorde histórico de 31,3 milhões de toneladas, impulsionadas pela safra abundante do Brasil, que promete atender a maior parte da demanda.

Estados Unidos lideram o mercado no primeiro trimestre, mas Brasil segue competitivo

No primeiro trimestre de 2025, os Estados Unidos dominaram o mercado chinês de soja, com 68% das importações, totalizando 11,6 milhões de toneladas, um aumento de 62% em relação ao mesmo período de 2024. Por outro lado, o Brasil viu sua participação de mercado cair para 26%, com 4,5 milhões de toneladas exportadas, uma redução de 55% em relação ao ano anterior. Esse cenário reflete, em grande parte, os desafios enfrentados pela agricultura brasileira, como as condições climáticas e os atrasos na colheita, que impactaram diretamente os embarques para a China.

Mesmo assim, a perspectiva para o segundo trimestre de 2025 é de recuperação para o Brasil, especialmente com o avanço da colheita da soja no país e o aumento das exportações para a China, que deverá retomar a preferência pelo produto brasileiro devido à sua qualidade e preço competitivo.