O Ibovespa operou em ritmo lento e com baixo volume de negociação nesta quarta-feira (30), encerrando o dia praticamente estável, com leve queda de 0,07%, aos 130.639,33 pontos — uma queda marginal de apenas 90,60 pontos. 

O mercado seguiu sem direção clara, refletindo uma combinação de fatores econômicos e políticos que mantêm os investidores em compasso de espera.

A expectativa é marcada por diversos eventos, mas nenhum deles isoladamente parece ser o grande motor da cautela. Nos Estados Unidos, os dados da economia indicaram um crescimento de 2,8% no PIB do terceiro trimestre de 2024, abaixo das expectativas, e os mercados aguardam o relatório de emprego payroll, que será divulgado na próxima sexta-feira (01). 

Além disso, a atenção se volta para os balanços trimestrais das big techs — ontem, a Alphabet divulgou seus resultados, e hoje foi a vez da Microsoft e da Meta.

Entretanto, o principal foco dos investidores está no cenário doméstico. O mercado aguarda ansiosamente pelo anúncio do governo sobre cortes de gastos. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que o presidente Lula já tem clareza sobre as medidas necessárias e indicou que um pacote consistente está em preparação.

“O presidente já tem noção do que precisa ser feito, já tem noção mais ou menos de valores, já tem noção de quais medidas, e nós já sabemos aquelas que não podemos e não vamos mexer”, disse.

Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, essas medidas serão fundamentais para garantir o cumprimento das metas fiscais estabelecidas pelo novo arcabouço fiscal. A Casa Civil também já está alinhada com o pacote de ajustes.

Outro ponto de atenção é a reforma tributária no Senado, cujo relator não garante que a votação ocorra até o fim de novembro — um prazo que se aproxima rapidamente.

Enquanto isso, os dados econômicos internos seguem chegando. O relatório do Caged apontou que a criação de empregos no Brasil continua sólida, e o fluxo cambial permanece positivo. No entanto, a inflação tem gerado preocupações: o IGP-M registrou aceleração, e os preços ao produtor seguem em alta, indicando descompassos na política econômica do governo.

Por sua vez, o dólar comercial avançou mais um dia, fechando com alta de 0,04%, a R$ 5,76, permanecendo próximo de seu maior valor em três anos, embora tenha recuado da máxima intradiária de R$ 5,79. 

Já os juros futuros (DIs) começaram o dia em alta, mas reverteram o movimento, reagindo às expectativas de que a equipe econômica anuncie medidas que possam restaurar a confiança do mercado.

Vale e Petrobras em baixa

A volatilidade dominou o pregão. No fim, Vale (VALE3) fechou em queda de 0,30%, apesar da valorização do minério de ferro. Petrobras (PETR4) operou no positivo durante a maior parte do dia, mas virou na reta final e encerrou com perda de 0,44%, mesmo com a alta no petróleo – reflexo que não afetou as petroleiras juniores, como a PRIO (PRIO3), que avançou 1,75%.

Sem o peso desses dois gigantes, o Ibovespa teria registrado alta, já que outros setores apresentaram bom desempenho. No setor financeiro, os bancos subiram: Banco do Brasil (BBAS3) teve alta de 0,76%, enquanto Santander (SANB11) recuperou parte da queda forte de ontem, motivada pelo resultado do 3T24, com avanço de 2,04%. 

No entanto, Itaú Unibanco (ITUB4) decepcionou e caiu 0,28%, enquanto Bradesco (BBDC4), que divulga seu balanço amanhã antes da abertura, subiu 0,33%.

No campo dos resultados trimestrais, WEG (WEGE3) despencou 5,16%. Embora tenha apresentado bons números no 3T24, a pressão das despesas frustrou as expectativas.

O setor de varejo teve um dia positivo: Magazine Luiza (MGLU3) avançou 4,01% e Lojas Renner (LREN3) subiu 0,65%, enquanto analistas ainda avaliam se há espaço para novas valorizações.

Por fim, Klabin (KLBN11) registrou alta de 1,12%, impulsionada por dois anúncios recentes que devem contribuir para a desalavancagem da companhia.

Apesar da menor presença de investidores estrangeiros, o Ibovespa segue movimentado. Com o fim de outubro chegando amanhã, restam apenas dois meses em 2024 – e ainda há tempo para muitas reviravoltas no mercado.

Maiores altas do Ibovespa hoje (30)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
CVCB3+4,352,16
MGLU3+4,019,60
CRFB3+3,327,47
MRVE3+3,027,17
CYRE3+3,0121,87

Maiores quedas do Ibovespa hoje (30)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
WEGE3-5,1654,00
EMBR3-2,0849,08
IRBR3-1,7343,14
RDOR3-1,6929,62
UGPA3-1,2820,82

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamento Variação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa130.639– 90,60-0,07%
🇧🇷 USD/BRL5,7616+0,0009+0,04%
🇺🇸 S&P 5005.813,67−19,25-0,33%