Bolsa fecha com forte alta após Trump suspender tarifas globais por 90 dias
O Ibovespa fechou em alta de 3,12% nesta quarta-feira (9), impulsionado pela decisão do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, de suspender por 90 dias tarifas sobre produtos de diversos países, incluindo o Brasil.

O Ibovespa fecha com forte alta nesta quarta-feira (9), refletindo o alívio imediato trazido por uma surpreendente decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em uma reviravolta no meio da tarde, Trump anunciou a suspensão por 90 dias das tarifas recíprocas sobre produtos importados de diversos países, medida que fez os mercados globais reagirem com entusiasmo.
O índice brasileiro de ações avançou 3,12%, encerrando o dia aos 127.795,93 pontos, após um início turbulento marcado por incertezas no cenário internacional. O dólar comercial, que operava em alta, inverteu o sinal e caiu 2,54%, para R$ 5,845. Os juros futuros (DIs) fecharam mistos, refletindo o cenário ainda volátil.
Trump suspende tarifas e mercados reagem imediatamente
O cenário global parecia caminhar para mais um dia de tensão. Pela manhã, a China anunciou um novo pacote de tarifas sobre produtos norte-americanos, elevando impostos para até 84% como resposta às últimas medidas protecionistas dos EUA. A União Europeia também prometeu retaliar, pressionando ainda mais os mercados.
Contudo, por volta das 14h30 (horário de Brasília), o ex-presidente Donald Trump mudou o rumo do dia ao anunciar que, além de elevar tarifas contra produtos chineses para 125%, iria suspender por três meses as tarifas adicionais sobre outros países, mantendo a alíquota mínima de 10% – mesma já aplicada ao Brasil.
A resposta foi imediata: as bolsas de Nova York dispararam, e o Ibovespa seguiu na esteira, revertendo perdas e encerrando com sua maior alta desde o início do mês. Analistas avaliam que a decisão deu um alívio momentâneo aos investidores, embora o impasse comercial entre EUA e China permaneça sem solução definitiva.
“Talvez este dia fique conhecido como o ‘Trump Day’”, afirmou Anderson Silva, head da mesa de renda variável da GT Capital. “Mas a guerra comercial ainda está longe de terminar”, alertou.
Ibovespa fecha com forte alta puxado por Vale, Petrobras e varejistas
O bom humor tomou conta da bolsa brasileira no fim do pregão, com destaque para ações de grandes empresas e varejistas. A Vale (VALE3) subiu 5,39%, impulsionada por um mercado mais otimista e pela recuperação dos preços do minério de ferro. Já a Petrobras (PETR4) virou de queda de quase 2% para uma valorização de 4,06%, acompanhando a alta do petróleo no mercado internacional.
Os bancos também se recuperaram com força. O Bradesco (BBDC4) avançou 3,74%, enquanto o Banco do Brasil (BBAS3) teve alta mais modesta, de 0,43%.
No setor varejista, os ganhos foram ainda mais expressivos. A Magazine Luiza (MGLU3) liderou com alta de 11,28%, recuperando parte das perdas recentes. Lojas Renner (LREN3) subiu 6,42%, e o GPA (PCAR3) disparou impressionantes 18,89%, em movimento de forte correção técnica.
Dólar despenca com alívio comercial
A decisão de Trump também teve efeito direto no câmbio. O dólar comercial, que mais cedo flertava com os R$ 6, virou de direção e despencou 2,54%, encerrando o dia a R$ 5,845. A movimentação refletiu a retirada do risco imediato de um agravamento nas tensões comerciais globais, além de uma melhora na percepção sobre a economia norte-americana, que ajuda a reverter parte da aversão ao risco que predominava no início da semana.
China mantém posição firme e guerra comercial segue sem fim
Apesar do alívio momentâneo, a guerra comercial entre EUA e China está longe do fim. A potência asiática já reduziu sua dependência de produtos agrícolas norte-americanos e ampliou seus canais de comércio com outros países, dificultando possíveis pressões dos EUA.
Além disso, o governo chinês orientou sua população a reconsiderar viagens aos Estados Unidos, intensificando o tom da retaliação. Para especialistas, o conflito tarifário ainda reserva capítulos importantes que podem continuar influenciando o mercado nos próximos meses.
Maiores altas do índice Ibovespa hoje (09)
Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
PCAR3 | +18.57% | R$ 3,64 |
COGN3 | +10.45% | R$ 2,22 |
BRKM5 | +9.78% | R$ 9,77 |
MGLU3 | +9.45% | R$ 9,61 |
HAPV3 | +8.37% | R$ 2,20 |
Maiores quedas do Ibovespa hoje (09)
Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas
Nome | Fechamento | Variação em pts | Variação em % |
🇧🇷 Bovespa | 127.796 | +3.864 | +3,12% |
🇧🇷 USD/BRL | 5,8315 | -0,1788 | -2,97% |
🇺🇸 S&P 500 | 5.456,80 | +474,03 | +9,51% |
Outros destaques: ata do Fed e dados do varejo no Brasil
Em meio à avalanche de notícias sobre as tarifas, dois eventos relevantes quase passaram despercebidos. Nos Estados Unidos, a ata da reunião de março do Federal Reserve indicou preocupação com inflação elevada e desaceleração do crescimento. A sinalização reforça o cenário de política monetária mais conservadora nos próximos meses.
No Brasil, os dados de vendas no varejo em fevereiro mostraram crescimento dentro do esperado, sinalizando uma desaceleração gradual da atividade econômica, o que pode influenciar futuras decisões do Banco Central brasileiro sobre os juros.
O que esperar para amanhã
Apesar da pausa anunciada nas tarifas, os investidores terão pouco tempo para respirar. Na manhã desta quinta-feira (10), antes da abertura dos mercados, será divulgado o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de março dos EUA, dado crucial para avaliar a trajetória da inflação americana e os próximos passos do Fed.
Portanto, a recomendação é clara: atenção redobrada, pois o ambiente de incerteza permanece elevado. Em um mercado onde tudo pode mudar em segundos, “piscar” pode significar perder grandes oportunidades — ou riscos.
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