A morte da cantora e empresária Preta Gil no último domingo (20), aos 50 anos, gerou comoção nacional e deixou questões importantes sobre a divisão de seu vasto patrimônio. Com uma herança estimada em mais de R$ 20 milhões, o único filho da artista, Francisco Gil, será o herdeiro direto, conforme determina a legislação brasileira. O espólio inclui não apenas bens físicos, mas também ativos complexos como direitos autorais, participações em empresas, imagem e redes sociais, destacando a importância do planejamento sucessório.

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Filho é herdeiro necessário e deve receber direitos sobre músicas e bens

De acordo com o Direito de Família brasileiro, quando não há cônjuge sobrevivente ou testamento com destinatários para a parte disponível (até 50%), o filho se torna o herdeiro legítimo. Neste caso, Francisco Gil, fruto da união entre Preta e o ator Otávio Müller, receberá a totalidade da herança legítima. A especialista Luiza Mendonça, advogada em Direito Sucessório, explica que ele também herdará os direitos autorais das obras musicais da mãe.

Esses direitos continuam gerando receitas por até 70 anos após a morte do autor, conforme estabelece a Lei de Direitos Autorais (Lei nº 9.610/1998). Assim, Francisco poderá contar com uma fonte de renda duradoura, já que o repertório de Preta Gil ainda será comercializado, executado e licenciado por décadas.

Participações empresariais e herança digital elevam valor do espólio

Além dos rendimentos musicais, a herança de Preta Gil inclui ativos empresariais relevantes. A cantora era sócia da Mynd, uma das maiores agências de marketing de influência do país, que representa celebridades e influenciadores digitais de grande alcance. A sucessão dessa participação depende do contrato social da empresa, segundo especialistas do setor.

A advogada Júlia Moreira, do PLkC Advogados, explica que se o contrato permitir, os herdeiros assumem as quotas da sócia falecida e continuam a receber os dividendos normalmente. No entanto, caso haja restrições contratuais, a parte correspondente à cantora será avaliada e indenizada ao herdeiro, evitando disputas entre sócios remanescentes.

Outro ponto que eleva o valor do espólio é a chamada herança digital. Preta acumulava milhões de seguidores nas redes sociais, com forte presença e engajamento. Sua imagem e influência digital têm potencial comercial, configurando-se como patrimônio imaterial. Esse tipo de ativo pode ser explorado legalmente por herdeiros e gestores autorizados.

Francisco também herdará a parte da mãe na sucessão de Gilberto Gil

Além da herança direta, Francisco Gil também passa a ocupar um lugar na futura sucessão de Gilberto Gil, seu avô materno. O cantor baiano, de 83 anos, é uma das personalidades mais importantes da música brasileira e possui um patrimônio ainda não divulgado publicamente. Com o falecimento de Preta, Francisco passa a herdar por representação, ou seja, assume o lugar da mãe na partilha futura, ao lado dos demais filhos de Gil.

Segundo o Código Civil, esse tipo de substituição ocorre quando um herdeiro morre antes do autor da herança. No caso, Francisco dividirá o patrimônio de Gilberto Gil com os seis tios, caso o artista não disponha de testamento que estabeleça regras diferentes.

Estrutura familiar influencia divisão futura

A família de Gilberto Gil é composta por oito filhos, frutos de diferentes relacionamentos. Preta era a quarta filha, ao lado de Nara, Marília, Pedro (falecido), Maria, Bem, Isabela e José Giordano. Essa estrutura familiar ampla influencia diretamente a divisão de bens futuros. O neto Francisco, portanto, estará em um dos ramos dessa sucessão.

Vale lembrar que Pedro, irmão de Preta, faleceu em 1990, aos 19 anos, em um acidente de carro. Com isso, a linha de sucessão direta de Gilberto Gil já passou por alterações ao longo dos anos.