A greve prolongada do Ibama, que afetou profundamente o setor de petróleo e gás no Brasil, está se aproximando de uma resolução. Após meses de impasse que atrasaram a emissão de licenças ambientais essenciais, o Governo Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) chegaram a um acordo para retomar as operações normais. Este acordo inclui um aumento de 23% nos salários dos funcionários do Ibama e é visto como um avanço crucial para as petroleiras brasileiras.

A greve foi motivada por reivindicações salariais e por melhores condições de trabalho. O acordo alcançado promete não só resolver as questões salariais, mas também restabelecer a eficiência nas emissões de licenças, que estavam atrasadas devido à paralisação das atividades do Ibama. A resolução da greve é fundamental para as petroleiras que dependem das licenças para avançar com seus projetos de E&P. Sem essas licenças, os projetos ficaram estagnados, resultando em perdas de produção e adiamentos de importantes iniciativas.

A Petrobras, uma das maiores empresas do setor de petróleo no Brasil, é uma das principais beneficiárias da resolução da greve. Com a retomada das operações do Ibama, a Petrobras poderá avançar com a entrada em operação das plataformas FPSOs Marechal Duque de Caxias e Maria Quitéria, bem como com a exploração da Margem Equatorial. O Goldman Sachs estima que, após a aceleração desses projetos, a produção da Petrobras pode aumentar em até 65 mil barris por dia (bpd) e 90 mil bpd.

Este avanço é crucial para a Petrobras, que havia enfrentado atrasos significativos na execução de seus projetos devido à falta de licenças ambientais. A retomada das atividades permitirá à empresa recuperar o tempo perdido e melhorar seus índices de produção, que são fundamentais para sua performance financeira e competitividade no mercado global.

A PRIO também se beneficiará consideravelmente com o fim da greve. A companhia poderá acelerar o cronograma para o projeto de conexão do Wahoo, que deve adicionar aproximadamente 40 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) à sua produção. Além disso, a PRIO necessitava de licenças para a manutenção de poços, que ficaram comprometidas durante a greve, levando a uma queda na produção média de 7 a 9 mil boed.

Com a resolução da greve, a PRIO pode retomar suas operações de manutenção e projetos de expansão, o que deve contribuir para a recuperação da sua produção e melhorar seu desempenho no mercado.

A 3R Petroleum também verá benefícios significativos com o fim da greve do Ibama. A empresa poderá avançar no acordo com o governo e com a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). A 3R precisa de aprovação da ANP para iniciar as operações no FPSO Atlanta, e esses processos foram atrasados pela greve do Ibama. A retomada das atividades permitirá à 3R Petroleum continuar com seus projetos planejados e otimizar sua produção de petróleo.

O Goldman Sachs destaca que a resolução da greve deve ser recebida positivamente pelos investidores, pois trará mais previsibilidade e clareza ao cronograma de desenvolvimento das petroleiras. A análise do Goldman Sachs observa que, embora o progresso nas negociações já tivesse sido reconhecido pela gestão da Petrobras, a formalização do acordo representa um passo importante para a normalização das operações.

O Bradesco BBI acrescenta que, para a greve ser oficialmente considerada encerrada, o Conselho de Entidades da Associação Nacional dos Servidores Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema) precisa decidir pelo término. A conclusão desse processo é um passo crucial para garantir que todas as operações do Ibama voltem ao ritmo normal.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.