Desde que atingiram uma mínima em maio, as ações da empresa de serviços ambientais Ambipar (AMBP3) vêm registrando uma impressionante alta de mais de 400% em seis meses. Essa valorização fez com que o fundador da empresa, Tércio Borlenghi, se unisse ao seleto grupo de bilionários do Brasil.

No entanto, o rápido rali tem gerado dúvidas no mercado, com analistas questionando os fundamentos que sustentam essa alta.

Investidores apontam para a compra de ações pelo próprio Borlenghi e pela Trustee DTVM, que agora detém 15% do capital da companhia. Conforme reportagens, Nelson Tanure, conhecido por suas apostas em ativos problemáticos, estaria investindo na Ambipar através da Trustee DTVM.

Independentemente dos motivos, a valorização das ações aumentou significativamente o patrimônio de Borlenghi, ao menos no papel. Com um valor de mercado de R$ 13,9 bilhões, sua participação de 73% na empresa equivale a R$ 10,1 bilhões.

Nesse cenário, dados da Bloomberg indicam que o Banco Master liderou a maior parte das negociações envolvendo as ações da Ambipar nos últimos meses. Nelson Tanure, que recentemente se aproximou de alguns dos principais acionistas do Banco Master, tem realizado transações envolvendo a empresa.

Apesar das especulações, o diretor financeiro da Ambipar, João Arruda, afirmou que Borlenghi Junior “não tem a intenção de fechar o capital” da empresa.

Sobre a recompra de ações da Ambipar

Presente em 39 países, a Ambipar está focada em reduzir seu nível de endividamento e anunciou um plano de recompra de ações, o que, segundo alguns analistas, sinaliza uma visão otimista (“bullish”) do mercado.

Segundo João Arruda, diretor financeiro da companhia, a Ambipar está confiante em alcançar sua meta de reduzir a alavancagem, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, para 2,5 vezes mais rápido que o prazo inicialmente previsto para meados de 2025.

No segundo trimestre, a alavancagem consolidada caiu para 2,82 vezes a dívida líquida/Ebitda anualizado, uma melhora em relação ao índice de 3,10 vezes registrado no trimestre anterior, conforme o balanço divulgado em 8 de agosto.

“Estamos deixando para trás aquela fase de aquisições”, afirmou Arruda à Bloomberg, referindo-se a mais de 50 operações de fusões e aquisições (M&A) realizadas desde 2020.

Por fim, Arruda afirmou que a Ambipar agora espera um crescimento orgânico sustentado, o que deve resultar em margens e lucros mais elevados.