Partidários de Javier Milei criam forças celestiais em defesa de sua agenda política

A criação das “Forças Celestiais”, um grupo armado de apoio a Javier Milei, gerou controvérsia na Argentina.

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18 de nov, 2024 às 21:00
Partidários de Javier Milei criam forças celestiais em defesa de sua agenda política Partidários de Javier Milei criam forças celestiais em defesa de sua agenda política

Na última semana, um novo e polêmico grupo foi lançado por apoiadores do presidente argentino Javier Milei. Chamado de “Forças Celestiais”, o grupo se apresenta como uma força armada que visa proteger e promover a agenda de Milei, um político de extrema-direita. O anúncio, realizado no final do sábado passado por Daniel Parisini, influenciador e defensor do governo, gerou repercussões no cenário político da Argentina e além, trazendo à tona questões sobre militarização de movimentos políticos e o uso de grupos armados como forma de apoio a um governo. A criação das “Forças Celestiais” é mais um capítulo na ascensão de Milei ao poder e suas relações com movimentos conservadores ao redor do mundo.

O que são as Forças Celestiais?

O grupo denominado “Forças Celestiais” foi apresentado como um braço armado do partido libertário de Milei. O influenciador de direita Daniel Parisini, um conhecido apoiador de Milei, descreveu o novo grupo como uma “guarda pretoriana” – alusão à unidade de elite que protegia os imperadores romanos. Essa referência é clara: as “Forças Celestiais” se colocam como defensores fiéis da agenda do presidente, prontos para combater aqueles que se opõem ao governo ou às suas políticas, especialmente os críticos da direita e os movimentos de esquerda.

O nome do grupo, “Forças Celestiais”, também pode ser interpretado como uma forma de reforçar a ideia de uma missão quase divina, com uma missão sagrada de proteger a liberdade e a independência do país, conforme defendido por Milei. Essa estrutura busca criar uma identidade forte e de lealdade incondicional, ressaltando uma postura militarizada em um cenário de crescente polarização política.

Como as Forças Celestiais se alinham com movimentos internacionais?

O lançamento das “Forças Celestiais” remete a um fenômeno que já é observado em outros países, como os Estados Unidos, onde grupos de milícias armadas começaram a se tornar politicamente ativos, especialmente durante a presidência de Donald Trump. Em ambos os casos, a ideia de uma “guarda leal” que defende um líder ou movimento político foi adotada como uma maneira de demonstrar força e resistência contra os adversários ideológicos. Milei, que tem uma postura firmemente alinhada com Trump, busca inspiração nesses grupos armados como um modelo de lealdade política.

Nos Estados Unidos, grupos como o Proud Boys e outros movimentos de extrema-direita têm se tornado cada vez mais visíveis, especialmente após as tensões políticas e sociais geradas nas últimas eleições. O apoio de Milei a Trump e o lançamento das “Forças Celestiais” na Argentina mostram uma tendência crescente em que grupos militares ou paramilitares são usados como extensão de forças políticas conservadoras e ultranacionalistas.

A ascensão de Javier Milei à presidência da Argentina no final de 2023 foi um reflexo direto de um contexto de crise econômica e de insatisfação popular. Com uma inflação de três dígitos e uma recessão prolongada, Milei aproveitou o momento de indignação social para se destacar com promessas de redução de gastos públicos e de combate à inflação. Como ex-comentarista de televisão e congressista, Milei soube se comunicar diretamente com a população, usando uma retórica agressiva e, muitas vezes, polarizadora.

A criação das “Forças Celestiais” pode ser vista como um passo adiante na militarização da política, refletindo um apoio incondicional à figura do presidente e sua forma de governar. Se por um lado, o movimento tenta consolidar sua base de apoio entre os conservadores, por outro, pode intensificar as divisões internas na Argentina, especialmente entre os movimentos de esquerda e as forças militares ou paramilitares que podem surgir.

A reação social e política ao lançamento das Forças Celestiais

A reação ao lançamento das “Forças Celestiais” tem sido polarizada. Por um lado, os apoiadores de Milei enxergam o grupo como uma forma de defesa legítima da agenda política e como uma resposta à crescente violência verbal e simbólica dos opositores. Eles veem o grupo como um símbolo de resistência contra os inimigos ideológicos do governo, incluindo comunistas, socialistas e até figuras como o papa Francisco, que também foi alvo das críticas de Milei.

No entanto, a criação de um grupo armado levanta sérias preocupações no cenário político da Argentina. Para os opositores, as “Forças Celestiais” são um sinal alarmante de autoritarismo e de uma possível escalada para a violência política. Essa militarização da política tem o potencial de radicalizar ainda mais o debate político no país, transformando um ambiente de polarização em um terreno fértil para conflitos mais graves.