Febraban propõe força-tarefa para avaliar impactos das apostas virtuais
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) está considerando a criação de uma força-tarefa para investigar os impactos das apostas virtuais nas finanças das famílias. O presidente da entidade, Isaac Sidney, ressaltou a importância de um diagnóstico preciso e a necessidade de medidas de proteção ao consumidor.
Febraban propõe força-tarefa para avaliar impactos das apostas virtuais
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) está considerando a criação de uma força-tarefa para estudar os impactos das apostas virtuais nas finanças das famílias brasileiras. Em meio a preocupações crescentes sobre o endividamento relacionado a jogos de azar online, essa iniciativa surge como uma resposta à necessidade de regulamentação e proteção financeira dos cidadãos. O presidente da Febraban, Isaac Sidney, expressou a importância de um diagnóstico preciso sobre a situação, destacando a urgência de medidas eficazes para evitar a deterioração da saúde financeira das famílias.
A proposta da Febraban visa estabelecer um grupo de trabalho que reuniria representantes do governo, do setor produtivo e das instituições financeiras. O objetivo é aprofundar a análise sobre como as apostas virtuais afetam a renda familiar e quais medidas podem ser implementadas para proteger os consumidores. Sidney enfatizou que a força-tarefa poderia incluir órgãos governamentais responsáveis pela defesa do consumidor, prevenção à lavagem de dinheiro e programas sociais, como o Bolsa Família.
“Estamos cogitando propor ao governo a criação de uma força-tarefa multigovernamental e multissetorial para aprofundar os impactos da atividade das bets no Brasil”, afirmou Sidney em uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O encontro, que ocorreu na última quarta-feira (2), buscou discutir a relação entre o endividamento e as apostas eletrônicas, mas terminou sem decisões concretas.
A Febraban manifestou preocupações sobre como as apostas online podem levar a um aumento no endividamento das famílias, um fenômeno que já vem sendo observado. “A nossa preocupação é com as medidas de prevenção para o superendividamento, com a saúde financeira e com o bem-estar das famílias”, ressaltou Sidney após a reunião. Essa é uma questão que tem gerado debates entre os bancos e outras instituições, que buscam encontrar soluções viáveis para mitigar os riscos associados a esse tipo de jogo.
Um dos pontos centrais da proposta de Sidney é a suspensão temporária do Pix como meio de pagamento para apostas virtuais. Ele argumenta que essa medida deve ser adotada até que uma regulamentação adequada entre em vigor, prevista para janeiro do próximo ano. “Enquanto não há uma regulamentação que autorize todas as empresas de apostas online, que haja um freio”, destacou o presidente da Febraban.
Sidney observa que essa suspensão do Pix, um dos métodos de pagamento mais populares no Brasil, visa proteger os consumidores e evitar que se endividem ainda mais. “Esse freio passa por algumas medidas emergenciais. Temos defendido que os meios instantâneos de pagamento, como o Pix, possam ser temporariamente suspensos para a realização de apostas”, explicou.
A reunião entre a Febraban e o ministro da Fazenda não resultou em decisões definitivas, mas destacou a necessidade urgente de discutir soluções para o endividamento gerado pelas apostas. Sidney enfatizou que a entidade não tem o papel de propor políticas públicas, mas está comprometida em colaborar na busca de alternativas que promovam a proteção do consumidor.
Em um movimento complementar, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) anunciou a proibição do uso de cartões de crédito para pagamentos de apostas virtuais. Essa medida, que se tornou imediata, vem para reforçar o controle sobre os meios de pagamento utilizados para esse tipo de transação. No entanto, mesmo com a proibição do cartão, a maior parte das apostas continua sendo realizada via Pix, que, segundo a Abecs, representa até 99% das transações.
As estimativas sobre o uso do Pix nas apostas variam, mas um estudo recente aponta que esse meio de pagamento é utilizado em 85% a 95% das transações. Regis Dudena, secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, projeta que 95% dos repasses dos apostadores às plataformas de apostas são feitos através do Pix. Essa alta dependência do método instantâneo de pagamento levanta preocupações sobre a necessidade de regulamentação e controle, especialmente em um cenário onde as famílias podem estar se endividando significativamente.