Estrangeiros aplicam R$ 6,82 bi na B3 em janeiro de 2025
Em janeiro de 2025, o fluxo de capital estrangeiro na B3 alcançou R$ 6,82 bilhões, o melhor desempenho desde agosto de 2024.

O fluxo de investidores estrangeiros na B3 registrou um saldo positivo de R$ 6,82 bilhões em janeiro de 2025, marcando o melhor desempenho desde agosto de 2024. Esse movimento demonstra um renovado interesse no mercado de ações brasileiro, impulsionado pela alta de 4,86% do Ibovespa no primeiro mês do ano. A recuperação, no entanto, também levanta questões sobre a cautela dos investidores, especialmente diante de uma dinâmica de negociação mais reduzida.
Mercado brasileiro atraente, mas com sinais de cautela
A B3 tem se mostrado atrativa para investidores internacionais, conforme o bom desempenho do fluxo de capital estrangeiro. O saldo de R$ 6,82 bilhões é o maior registrado desde agosto do ano passado, quando o volume foi de R$ 10,01 bilhões. Além disso, o índice Ibovespa obteve uma alta significativa de 4,86% em janeiro de 2025, o melhor desempenho mensal desde agosto de 2024, quando a valorização foi de 6,54%. Esses números indicam uma recuperação e um aumento da confiança dos investidores no mercado acionário brasileiro.
Contudo, o volume total de compras feitas pelos investidores estrangeiros foi de R$ 289,21 bilhões, o menor registrado desde outubro de 2024. As vendas somaram R$ 282,38 bilhões, também um valor baixo, comparável aos números de setembro do ano passado. Esses dados revelam que, apesar do saldo positivo, o volume de negociações permanece abaixo da média histórica, sugerindo que, embora o mercado esteja em ascensão, o ritmo de transações segue modesto.
A análise da Elos Ayta aponta que o interesse estrangeiro pelo Brasil está diretamente ligado ao cenário macroeconômico favorável. “O saldo positivo em janeiro destaca a atratividade da bolsa brasileira, mas o volume reduzido de negociações sugere que os investidores ainda estão avaliando fatores internos e externos antes de ampliar sua exposição ao mercado local”, explica Einar Rivero, CEO da Elos Ayta.
Embora o fluxo tenha sido positivo, o mercado de ações ainda apresenta características de cautela. A falta de um impulso maior nas negociações pode estar relacionada ao cenário global e local, que exige um acompanhamento mais atento dos investidores. O governo brasileiro, por exemplo, tem implementado reformas estruturais que influenciam diretamente as expectativas sobre o mercado de ações, e é possível que investidores estrangeiros estejam aguardando maiores sinais de estabilidade antes de fazer aportes mais robustos.
IPO e Follow-Ons
Outro ponto importante a ser destacado é a escassez de fluxos para IPOs (ofertas iniciais de ações) e Follow-Ons (ofertas subsequentes) nos últimos meses. Desde janeiro de 2024, apenas cinco meses apresentaram entradas líquidas de recursos provenientes dessas operações, um reflexo da postura cautelosa dos investidores estrangeiros. Quando se exclui o impacto de IPOs e Follow-Ons, o número de meses positivos cai para apenas quatro.
Esse dado é relevante para entender a dinâmica do mercado, pois indica que, apesar do apetite por ações brasileiras, os investidores não têm mostrado grande disposição para comprometer grandes volumes de recursos em novas ofertas de ações. Isso reforça a ideia de que os investidores estão cautelosos e preferem aguardar uma maior previsibilidade antes de se comprometer com novos aportes no mercado.
A perspectiva para o futuro
A cautela dos investidores estrangeiros, embora aparente, não significa necessariamente que o mercado de ações brasileiro esteja em declínio. Ao contrário, a tendência de alta do Ibovespa e a recuperação do fluxo de capital são sinais positivos para o mercado. Os investidores internacionais estão demonstrando interesse pelo Brasil, mas de forma estratégica e ponderada, o que indica um processo de adaptação às condições econômicas e políticas do país.
Einar Rivero destaca que, apesar da redução nas transações, o saldo positivo de R$ 6,82 bilhões é uma demonstração clara da confiança no Brasil. “O retorno dos estrangeiros ao mercado de ações é um reflexo da percepção positiva sobre o Brasil, mas é importante observar como as dinâmicas de negociação se desenrolam nos próximos meses”, afirma.