EUA criam 22 mil vagas de trabalho em agosto, abaixo das expectativas do mercado
Em agosto, os Estados Unidos adicionaram apenas 22 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola, abaixo das projeções de 75 mil postos.
Foto: REUTERS/Brian Snyder
A economia dos Estados Unidos criou apenas 22 mil vagas de trabalho em agosto, um resultado que ficou bem abaixo das projeções de economistas, que previam a abertura de 75 mil postos fora do setor agrícola. O dado foi divulgado pelo Escritório de Estatísticas do Trabalho do Departamento do Trabalho dos EUA nesta sexta-feira (5), e reforça a percepção de que o crescimento do emprego no país está em ritmo quase estagnado.
O resultado de agosto segue um padrão de revisões frequentes nos números de emprego, com o dado de julho sendo ajustado de 73 mil para 79 mil vagas criadas. Apesar de discreto, o relatório oferece sinais importantes sobre o comportamento do mercado de trabalho norte-americano, os impactos das políticas comerciais e fiscais do governo Trump, e as decisões futuras do Federal Reserve sobre taxas de juros.
Mercado de trabalho dos EUA em ritmo lento
O crescimento do emprego nos Estados Unidos apresentou um ritmo mais fraco do que o esperado, com a criação de apenas 22 mil vagas de trabalho em agosto, após julho registrar 79 mil posições revisadas para cima. Economistas destacam que a fraqueza está concentrada principalmente no lado das contratações, refletindo um mercado de trabalho com baixa rotatividade, em que poucas pessoas entram ou saem do emprego formal.
Segundo Ernie Tedeschi, diretor de economia do Budget Lab da Universidade de Yale, “o crescimento de empregos observado na economia é impulsionado principalmente pelo nascimento líquido de novas empresas, mas essa parte do dado é a mais sensível a revisões, pois depende de modelos estimativos do Escritório de Estatísticas do Trabalho, e não de pesquisas diretas”.
Além disso, a taxa de desemprego aumentou de 4,2% em julho, indicando um cenário de desafios para novos contratantes e trabalhadores que buscam oportunidades.
Impacto das políticas de tarifas e imigração
As políticas econômicas e comerciais implementadas pelo governo Trump tiveram papel importante na desaceleração do mercado de trabalho. As tarifas de importação, que elevaram a taxa média dos EUA ao nível mais alto desde 1934, geraram incertezas para empresas e investidores e contribuíram para a contenção das contratações.
No início de agosto, um tribunal de apelações dos EUA declarou a maioria dessas tarifas ilegais, mantendo as empresas em um cenário de instabilidade. Além disso, as restrições à imigração reduziram o contingente de mão de obra disponível, limitando ainda mais o crescimento de vagas.
Especialistas econômicos apontam que essas medidas contribuíram para a hesitação das empresas em contratar novos funcionários, impactando diretamente o resultado de 22 mil vagas de trabalho em agosto.
Controvérsia sobre dados do emprego
O relatório de empregos de agosto também chegou em meio a uma polêmica envolvendo o governo Trump. A comissária do Escritório de Estatísticas do Trabalho, Erika McEntarfer, foi demitida pelo presidente, que a acusou, sem provas, de falsificar os dados de emprego.
Economistas defenderam McEntarfer, explicando que revisões significativas nos números de meses anteriores se devem ao modelo de “nascimento e morte”, utilizado pelo Escritório para estimar empregos criados ou perdidos com abertura e fechamento de empresas. Esse método é particularmente sensível em mercados de baixa rotatividade, como o atual, onde a dinâmica de contratações é limitada.
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