As plataformas de investimentos coletivos em startups, conhecidas como equity crowdfunding, estão fortalecendo suas parcerias com grandes bancos e instituições financeiras para aumentar sua participação no mercado. Um exemplo é a Eqseed, uma das maiores plataformas desse tipo no Brasil, que prevê lançar novas ofertas de investimentos em startups, com um plano de retomar o nível de captação recorde de 2021 a partir de 2025.

Historicamente restrito a profissionais e fundos de capital privado, o investimento em empresas fora da bolsa brasileira se tornou acessível para pessoas físicas apenas em 2013. Agora, 11 anos depois, o mercado está se expandindo para alcançar um público maior.

Segundo Igor Monteiro, diretor de investimentos da Eqseed, em entrevista concedida ao Valor Investe, a empresa pretende dobrar o ritmo de lançamento das ofertas públicas até o final do ano, passando de duas por mês para uma por semana.

A BEE4, uma plataforma de negociação de ações tokenizadas de pequenas e médias empresas (PMEs), projeta terminar o ano com 14 empresas listadas, um aumento de 3,5 vezes em relação ao número atual, ou com uma captação total de pelo menos R$ 500 milhões em ofertas públicas. As empresas negociadas na BEE4 devem ter um faturamento anual entre R$ 10 milhões e R$ 300 milhões, posicionando-se entre as plataformas de financiamento coletivo e a oferta pública inicial (IPO) na B3.

Parcerias entre as plataformas de investimentos em startups com o Banco Itaú

Tanto a BEE4 quanto a Eqseed encontraram no Itaú um parceiro estratégico para expandir seu universo de investidores, atraindo mais capital e interesse de empresas maiores. A BEE4 é oferecida apenas para clientes do segmento private do Itaú, que possuem pelo menos R$ 5 milhões investidos. Já a Eqseed está disponível no aplicativo Íon, a plataforma de investimentos do banco, para investidores em geral.

Rogério Calabria, superintendente de produtos de investimentos e previdência do Itaú Unibanco, também em entrevista ao Valor Investe, explicou que os investimentos em startups são realizados através das plataformas parceiras, e não diretamente pelo banco. “Temos clientes interessados em investir em empresas menores e startups, por isso buscamos essas parcerias. Também nos preocupamos em educar sobre esse tipo de investimento”, afirma o executivo.

A equipe do Itaú monitora de perto os clientes que utilizam as plataformas parceiras. A maioria desses investidores possui um perfil agressivo, com um valor médio de R$ 8 mil alocado em startups, relativamente baixo para o mercado de capitais, devido aos altos riscos envolvidos.

Investir em empresas menores apresenta maior risco de perda total do capital investido e baixa liquidez. Em algumas situações, os investidores podem ser chamados a injetar mais dinheiro na companhia, dependendo da estrutura da oferta.

Calabria destaca que o banco está atento a esses movimentos. “Se víssemos muitos clientes conservadores investindo R$ 50 mil nesses ativos, ou alocando 20% a 30% do seu patrimônio, isso acenderia um alerta vermelho para nós”, conclui o executivo.

Com essas parcerias, o mercado de investimentos em startups no Brasil sinaliza um crescimento significativo, ampliando as oportunidades tanto para investidores quanto para empresas em busca de capital.

Pedro Gomes

Jornalista desde 2021, com experiência em jornalismo esportivo, mercado imobiliário e EdTechs (startups de educação). Desde 2023, faz parte da equipe do Melhor Investimento, onde produz conteúdos focados no mercado financeiro. Suas áreas de interesse incluem renda fixa, bolsa de valores e mercado esportivo. Com o objetivo de simplificar temas complexos e tornar as informações acessíveis e relevantes, busca auxiliar os leitores na tomada de decisões estratégicas e na identificação de tendências e oportunidades de investimento.