Após quase quatro dias de apagão em São Paulo, a Enel anunciou a mobilização de técnicos de diversos países para acelerar a recuperação do fornecimento de energia elétrica na região. A interrupção afetou cerca de 2 milhões de pontos na capital e na região metropolitana, deixando aproximadamente 220 mil clientes sem luz nesta terça-feira (15). A situação gerou críticas e levantou questões sobre os investimentos da empresa em sua infraestrutura.

Para enfrentar a crise, a Enel solicitou o apoio de técnicos de outros países, incluindo Chile, Argentina, Itália e Espanha. Esses profissionais devem ajudar nas áreas afetadas, somando-se aos cerca de 2,9 mil técnicos já mobilizados de outras regiões do Brasil, como Rio de Janeiro e Ceará. Essa medida visa acelerar a recuperação e minimizar o impacto sobre os clientes que ainda aguardam a restauração do fornecimento.

Um relatório do Ministério Público de São Paulo revelou que a Enel deixou de investir cerca de R$ 602 milhões em sua infraestrutura nos últimos três anos, o que contribuiu para a fragilidade do sistema elétrico. O documento, obtido pelo jornal Folha de S.Paulo, aponta “irregularidades e inconveniências” que resultaram em falhas no fornecimento de energia, distúrbios na distribuição e prejuízos aos consumidores. A análise enfatiza a necessidade urgente de melhorias tecnológicas e correção das inconformidades identificadas.

A prefeitura de São Paulo, insatisfeita com a resposta da Enel, tem buscado a caducidade da concessão da empresa para a distribuição de energia elétrica. Desde março deste ano, a administração municipal solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a rescisão do contrato, afirmando que essa é a única maneira de garantir a continuidade de um serviço público essencial para a maior cidade do país. O documento encaminhado à Aneel classifica a mudança de concessionária como “urgente”, ressaltando a importância de corrigir o processo de escolha da empresa para evitar que os mesmos problemas se repitam no futuro.

O presidente da Enel, Guilherme Lencastre, afirmou que a empresa está “bem mais preparada” para lidar com a situação atual do que estava em novembro de 2023, quando 2,5 milhões de pessoas enfrentaram apagões em todo o estado de São Paulo. Contudo, a falta de um prazo definido para a normalização do fornecimento gera descontentamento entre os consumidores e questionamentos sobre a capacidade da empresa em atender às suas responsabilidades.