As eleições gerais do Japão, programadas para este domingo, podem marcar o fim de mais de uma década de domínio do Partido Liberal Democrático (PLD). Essa eleição se destaca em um cenário geopolítico turbulento, com o Japão enfrentando crescentes tensões com a China e uma inflação que pressiona as famílias. O que está em jogo neste pleito e quais as implicações para o futuro do país?

Os eleitores japoneses se dirigem às urnas para decidir o futuro político do país, que está sob a liderança do PLD, partido que tem governado praticamente desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O atual primeiro-ministro, Shigeru Ishiba, busca manter o controle em um contexto de descontentamento popular devido a escândalos de financiamento político e à alta no custo de vida. A insatisfação com a gestão do PLD pode levar a uma mudança significativa no cenário político japonês, colocando em xeque a continuidade da coalizão governamental com o Komeito, partido aliado.

As eleições gerais acontecem neste domingo, com milhões de japoneses se preparando para votar. A importância deste pleito não se limita apenas ao Japão; as implicações podem ressoar em toda a região, especialmente à luz das relações com a China e os desafios econômicos enfrentados. O contexto da eleição se torna ainda mais significativo considerando que ocorre apenas nove dias antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos, aumentando a atenção internacional sobre os resultados.

Uma pesquisa de opinião publicada pelo jornal Asahi na segunda-feira indicou que o PLD pode perder até 50 de seus 247 assentos na câmara baixa do Parlamento. Isso, somado a uma possível redução dos assentos do Komeito para menos de 30, colocaria a coalizão abaixo dos 233 necessários para a maioria. Tal cenário exigiria que o PLD buscasse alianças com outros partidos, o que poderia fragilizar ainda mais sua posição.

O Partido Democrático Constitucional do Japão (PDCJ), principal partido de oposição, está se posicionando como um potencial vencedor nas eleições. Com a possibilidade de conquistar até 140 cadeiras, segundo estimativas, o PDCJ poderia oferecer uma alternativa viável ao PLD, caso a coalizão governista não consiga formar um novo governo. A rejeição de Yuichiro Tamaki, líder do PDCJ, a uma coalizão com o PLD indica que, se eleito, o PDCJ poderá buscar um governo mais progressista.

A renúncia do ex-primeiro-ministro Fumio Kishida, devido ao escândalo de financiamento, foi um momento crucial que deixou o PLD em uma posição delicada. Ishiba, ao convocar uma eleição antecipada, esperava solidificar o poder do partido, mas a queda na popularidade e a insatisfação do eleitorado complicaram seus planos. A aprovação do gabinete de Ishiba caiu de 44% para 41% em uma semana, refletindo a crescente insatisfação da população.

Se o PLD não conseguir formar uma coalizão de governo, o PDCJ pode tentar montar uma aliança com outros partidos de oposição. No entanto, as diferenças políticas entre os partidos podem dificultar essa formação. Rintaro Nishimura, associado da Asia Group Japan, destacou que a instabilidade política pode ocorrer independentemente de quem vencer, o que significa que o Japão pode enfrentar um período de incerteza, independentemente do resultado das eleições.