O deputado federal Eduardo Bolsonaro voltou a defender a anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro, alegando que a comitiva de senadores que viajará aos Estados Unidos no fim de julho está “fadada ao fracasso” se não atender às exigências de Donald Trump. Em nova manifestação publicada nesta terça-feira (22), o parlamentar afirmou que a única solução para reverter a tarifa de 50% imposta por Trump a produtos brasileiros seria o perdão aos condenados pelos atos antidemocráticos, incluindo seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

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Eduardo Bolsonaro reforça anistia como condição para negociação

Segundo Eduardo Bolsonaro, a anistia aos presos do 8 de Janeiro é o único caminho possível para restaurar as relações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos. A declaração foi feita na rede social X (antigo Twitter), onde o deputado criticou duramente a comitiva de senadores que irá a Washington entre os dias 29 e 31 de julho, com o objetivo de negociar com parlamentares e autoridades norte-americanas a retirada da tarifa sobre o aço brasileiro.

Em sua visão, a missão parlamentar carece de legitimidade, pois desconsidera, segundo ele, a mensagem clara enviada por Donald Trump em junho, quando o ex-presidente dos EUA associou a imposição da tarifa à suposta violação de liberdades no Brasil. Eduardo argumenta que sem um gesto político do Congresso Nacional — como uma anistia ampla, geral e irrestrita — não haverá avanço nas tratativas diplomáticas.

“É um gesto vazio, uma comitiva que desrespeita os termos apresentados por Trump. Não falam em nome do presidente Jair Bolsonaro e tampouco representam a solução real para o impasse”, escreveu o deputado.

Tarifa dos EUA e críticas ao STF

O foco da crítica de Eduardo Bolsonaro gira em torno da tarifa de 50% imposta por Trump sobre importações brasileiras de aço, uma medida anunciada em junho e que gerou forte reação entre empresários e políticos brasileiros. Para Eduardo, a decisão de Trump foi uma resposta direta ao que ele considera abusos do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente do ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado em 2023.

O deputado classificou como “ordens de censura secretas e ilegais” as decisões do STF que exigiram a retirada de conteúdos em plataformas digitais nos EUA. Segundo ele, isso motivou Trump a agir economicamente contra o Brasil.

Críticas à comitiva do Senado

A comitiva que viaja aos Estados Unidos é composta por oito senadores, entre eles nomes da base do governo e da oposição. A missão busca esclarecer aos parlamentares norte-americanos que o Brasil mantém um ambiente democrático e respeita os direitos fundamentais, tentando assim reverter a decisão tarifária que impacta o setor industrial brasileiro.

Eduardo, no entanto, classificou a viagem como uma tentativa de adiar o enfrentamento dos reais problemas políticos do país. Ele criticou especialmente a presença de senadores ligados ao PT, afirmando que o partido do presidente Lula adota “posturas hostis aos EUA”.

Para o deputado, qualquer tentativa de negociação que ignore a pauta da anistia e da liberdade de expressão estará condenada à ineficácia.

Autoexílio e atuação nos Estados Unidos

Mesmo com o fim de sua licença parlamentar no último domingo (20), Eduardo Bolsonaro decidiu permanecer nos Estados Unidos. Desde março, o deputado vem participando de encontros com políticos conservadores e aliados de Trump, incluindo reuniões que discutiram a situação política do Brasil.

Durante esse período, Eduardo chegou a solicitar a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, uma norma jurídica americana usada para punir agentes considerados responsáveis por violações de direitos humanos.

A permanência de Eduardo fora do país, apesar da conclusão oficial de sua licença, indica que ele não pretende retomar seu mandato de imediato. Em declarações anteriores, já havia dito que só voltará ao Brasil se for garantido o perdão aos condenados de 8 de Janeiro.