A taxa de desemprego no Brasil atingiu 7% no primeiro trimestre de 2025, conforme apontado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (30). Embora tenha ocorrido um aumento de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, o índice de desemprego segue sendo o mais baixo para o período desde o início da série histórica, em 2012, refletindo uma recuperação gradual no mercado de trabalho, embora com algumas flutuações sazonais.

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O que explica o aumento da taxa de desemprego?

A alta da taxa de desemprego no 1º trimestre de 2025 é explicada, em grande parte, por um fenômeno sazonal. Como ocorre tradicionalmente no início de cada ano, muitas empresas encerram contratos temporários realizados para suprir a demanda extra de final de ano, especialmente no Natal. Essa oscilação é um padrão observado nos dados de cada primeiro trimestre, mas, mesmo com o aumento no número de pessoas desocupadas, o mercado de trabalho continua relativamente aquecido.

De acordo com Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, o aumento da desocupação não deve ser encarado como um sinal de crise. “Embora tenha havido retração da ocupação, ela não comprometeu o contingente de trabalhadores empregados com carteira assinada”, afirmou Beringuy.

Impacto do desemprego no Brasil e as alternativas no mercado de trabalho

O número de pessoas desocupadas chegou a 7,7 milhões, marcando um crescimento de 13,1% em comparação com o trimestre anterior. Entretanto, essa quantidade foi inferior ao número registrado no mesmo período de 2024, quando o total de desempregados somava 7,9 milhões, representando uma queda de 10,5%. Isso demonstra que, embora o desemprego tenha subido temporariamente, houve uma melhoria em relação ao ano passado.

Por outro lado, a população ocupada no Brasil alcançou 102,5 milhões no trimestre, refletindo uma queda de 1,3% em comparação com o período anterior, mas um aumento de 2,3% em relação ao ano passado. Esse crescimento no número de pessoas trabalhando é um indicativo de que o mercado de trabalho brasileiro está em processo de recuperação, embora com uma ocupação ainda abaixo da capacidade máxima.

Rendimento médio do trabalhador atinge recorde histórico

Outro dado positivo da pesquisa foi o rendimento médio real habitual, que alcançou R$ 3.410 mensais, o maior valor registrado desde o início da série histórica. Esse aumento reflete a alta no poder de compra dos trabalhadores, subindo 1,2% no trimestre e 4% em relação ao ano passado. Com isso, a massa de rendimentos, que é o total recebido por todos os trabalhadores, atingiu R$ 345 bilhões, mantendo-se estável no trimestre, mas com crescimento de 6,6% em comparação anual.

Emprego formal e informal: o equilíbrio no mercado de trabalho

Entre as modalidades de ocupação, destaca-se o número de empregados com carteira assinada, que chegou a 39,4 milhões, apresentando uma estabilidade no trimestre e um crescimento de 3,9% em relação ao ano passado. No entanto, o emprego informal, que engloba aqueles trabalhadores sem vínculo formal, também apresentou números significativos, com 38,9 milhões de trabalhadores informais, representando 38% da população ocupada.

aumento do número de trabalhadores com carteira assinada indica que, apesar da alta sazonal do desemprego, o Brasil tem conseguido ampliar a formalização das vagas, principalmente no setor privado. Essa tendência é fundamental para a sustentabilidade da economia, pois as garantias trabalhistas e a segurança social associadas ao trabalho formal são vitais para a estabilidade econômica do país.

A situação da população fora da força de trabalho

Outro aspecto importante da pesquisa é o número de pessoas que estão fora da força de trabalho, ou seja, aqueles que não estão procurando emprego nem disponíveis para trabalhar. Essa população somou 67 milhões de brasileiros, que representam 27,6% da população em idade de trabalhar. Esse dado reflete a desmotivação de uma parte significativa da população, incluindo aposentados, estudantes e donas de casa que não têm interesse ou condições de entrar no mercado de trabalho.

O número de desalentados — pessoas que desistiram de procurar emprego por acreditarem que não encontrarão trabalho devido à falta de qualificação ou oportunidades — chegou a 3,2 milhões. Embora esse número tenha aumentado 6,6% em relação ao trimestre anterior, ele caiu 10,2% em relação ao ano passado, indicando que mais pessoas estão tentando novamente ingressar no mercado de trabalho.

Taxa de subutilização

Apesar dos avanços, o Brasil enfrenta desafios em relação à subutilização da força de trabalho. Com 18,5 milhões de brasileiros classificados como subutilizados — ou seja, que gostariam de trabalhar, mas não o fazem em tempo integral ou não estão completamente ocupados — a taxa de subutilização ficou em 15,9%, o que representa um aumento de 0,6 ponto percentual em comparação com o trimestre anterior.

Esse índice é um reflexo da ineficiência no aproveitamento da força de trabalho no país, o que pode impactar diretamente na produtividade nacional e no crescimento econômico de longo prazo.