Desembargador Macário Judice Neto é preso por suspeita de ligação com o CV
Mensagens, jantar na véspera e dados sigilosos colocam Macário Judice no centro da Operação Unha e Carne 2.
Da esquerda para a direita, o desembargador Macário Judice Neto, o ex-deputado estadual TH Joias e o deputado Rodrigo Bacellar. Foto: Reprodução
A Polícia Federal (PF) identificou indícios de que o desembargador Macário Judice Neto teria participado do vazamento de informações sigilosas relacionadas a uma operação contra o ex-deputado estadual conhecido como TH Joias.
O magistrado foi preso nesta terça-feira (16), durante a segunda fase da Operação Unha e Carne, que investiga a atuação de agentes públicos no favorecimento a investigados ligados ao crime organizado.
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A nova etapa da Operação Unha e Carne foi deflagrada após o avanço das investigações da PF sobre o vazamento de dados confidenciais. Macário Judice Neto é relator, no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), de processos que envolvem TH Joias, investigado por suposta ligação com a facção criminosa Comando Vermelho (CV).
Segundo a Polícia Federal, há elementos que indicam que informações sensíveis sobre a ação policial teriam sido compartilhadas antes da deflagração da operação que resultou na prisão do ex-deputado.
Mensagens e encontro na véspera da operação
De acordo com investigadores, registros extraídos do celular do deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar apontam trocas de mensagens entre ele e o desembargador. O conteúdo teria embasado os pedidos judiciais que culminaram na prisão de Macário.
Ainda segundo a PF, Bacellar e o desembargador teriam estado juntos em um jantar na véspera da operação policial. No mesmo período, TH Joias teria sido alertado sobre a ação, levantando suspeitas de vazamento de informações sigilosas e obstrução das investigações.
Papel de Rodrigo Bacellar na prisão do desembargador
Rodrigo Bacellar, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), foi preso no início de dezembro sob suspeita de ter divulgado dados confidenciais da investigação. Posteriormente, teve a prisão revogada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que substituiu a detenção por medidas cautelares.
Entre as restrições impostas estão o uso de tornozeleira eletrônica, afastamento da presidência da Alerj, recolhimento domiciliar noturno e proibição de contato com outros investigados.
A segunda etapa da Operação Unha e Carne é resultado direto da análise do material apreendido com Bacellar. A PF afirma que o conteúdo do aparelho foi determinante para apontar a possível participação de Macário Judice Neto no vazamento de informações da operação que mirava TH Joias.
Defesa do desembargador contesta prisão
Em nota, a defesa de Macário Judice Neto afirmou que a ordem de prisão teria sido baseada em informações equivocadas. Os advogados alegam que não tiveram acesso integral à decisão judicial, o que, segundo eles, compromete o direito à ampla defesa e ao contraditório. A defesa informou ainda que pedirá a revogação imediata da prisão e apresentará esclarecimentos no processo.