Confiança no setor de serviços do Brasil recua em novembro, refletindo piora nas expectativas
A confiança no setor de serviços no Brasil recuou em novembro, com uma queda de 0,3 ponto no Índice de Confiança de Serviços (ICS), totalizando 94,9 pontos.

A confiança do setor de serviços no Brasil sofreu uma queda em novembro, alcançando 94,9 pontos, uma redução de 0,3 ponto em relação ao mês anterior. Este é o sexto mês consecutivo de queda, refletindo o impacto da piora nas expectativas dos empresários para os próximos meses. A pesquisa, conduzida pela Fundação Getulio Vargas (FGV), destaca os fatores que impulsionaram essa diminuição, com ênfase na percepção dos empresários sobre o futuro da economia.
Queda nas expectativas: a principal causa da desaceleração
O principal fator por trás do recuo no Índice de Confiança de Serviços (ICS) é a queda no Índice de Expectativas (IE-S), que registrou uma diminuição de 2,1 pontos, caindo para 92,2 pontos em novembro. As expectativas pessimistas dos empresários para o futuro próximo estão atreladas, principalmente, à desaceleração esperada nos negócios para os próximos seis meses. O componente que reflete a tendência dos negócios foi o que mais contribuiu para esse movimento, com uma queda de 2,8 pontos, para 92,6 pontos.
O Índice de Expectativas mensura as perspectivas dos empresários em relação aos próximos meses e, portanto, é um importante indicador sobre a confiança no setor. A piora neste índice reflete uma crescente preocupação com o desempenho econômico do país, principalmente em um contexto de incertezas fiscais e monetárias.
Melhora na situação atual do setor de serviços
Embora as expectativas tenham piorado, a percepção sobre a situação atual do setor de serviços apresentou um comportamento mais positivo. O Índice de Situação Atual (ISA-S) registrou um aumento de 1,5 ponto, subindo para 97,7 pontos, o maior valor desde dezembro de 2023. Essa melhora reflete uma percepção mais favorável sobre o momento presente do setor de serviços, especialmente em relação ao desempenho das empresas, que ainda enfrentam uma demanda relativamente aquecida.
O componente de situação atual dos negócios foi o maior responsável por esse avanço, com um aumento de 1,9 ponto, alcançando 98,2 pontos. Esse dado demonstra que, apesar das previsões mais cautelosas, as empresas ainda estão vendo uma dinâmica positiva em seus resultados imediatos.
Fatores econômicos e a taxa de juros
A Fundação Getulio Vargas, ao analisar os resultados, aponta que, apesar da melhora na situação atual, o cenário macroeconômico continua sendo um fator relevante para a confiança do setor. O aumento do emprego e a melhoria na renda são considerados aspectos positivos para o setor de serviços, estimulando uma demanda consistente. Contudo, a alta taxa de juros, atualmente em 11,25% ao ano, segue sendo uma preocupação central entre os empresários.
A elevação da Selic, aprovada recentemente pelo Comitê de Política Monetária (Copom), visa combater o superaquecimento da economia e os riscos de inflação. A decisão de aumentar a taxa de juros, embora necessária do ponto de vista da política monetária, exerce um efeito de cautela sobre os empresários, que temem um impacto negativo nas vendas e nos investimentos nos próximos meses. Essa cautela é refletida nas expectativas pessimistas para o futuro imediato.
O impacto da política monetária e as perspectivas para o setor de serviços
A decisão do Copom, que aumentou a Selic em 50 pontos-base para 11,25% ao ano, foi tomada em meio à preocupação com a inflação e o superaquecimento da economia. Esse movimento reflete a continuidade do esforço do Banco Central para controlar a pressão inflacionária e garantir uma retomada mais controlada do crescimento econômico.
O mercado financeiro já precifica uma nova alta da Selic de 75 pontos-base na reunião do Copom de dezembro. Essa expectativa reforça a cautela entre os empresários, que temem que o aumento dos juros possa desacelerar ainda mais a recuperação do setor de serviços. Mesmo com a percepção positiva sobre a situação atual, a incerteza em relação ao futuro imediato coloca pressão sobre os empresários.