Em agosto, a carteira total de crédito no Brasil atingiu a marca de R$ 6,1 trilhões, com incrementos significativos nas operações. O segmento empresarial viu sua carteira crescer 0,7%, totalizando R$ 2,3 trilhões, enquanto a carteira destinada às famílias aumentou 1,0%, alcançando R$ 3,8 trilhões. Esses dados são cruciais para entender o contexto econômico em que as empresas e consumidores estão inseridos.

A alta nas carteiras reflete uma recuperação gradual da economia, após períodos de incerteza, e sinaliza uma confiança crescente dos agentes econômicos em relação ao futuro. O crescimento anual da carteira total de crédito, que agora está em 10,1%, ainda que tenha perdido força em comparação aos 10,6% registrados até julho, indica que o setor financeiro continua a se expandir, mas a um ritmo um pouco mais lento.

As concessões nominais de crédito subiram 1,0% em agosto, totalizando R$ 623,5 bilhões. Essa alta foi puxada principalmente por um crescimento de 1,3% nas operações com pessoas jurídicas. No entanto, as concessões para pessoas físicas apresentaram uma leve queda de 0,5% no mesmo período. Esses números ilustram uma diferença significativa entre as necessidades de financiamento de empresas e de indivíduos, sugerindo que as empresas estão se adaptando mais rapidamente às condições de crédito disponíveis.

Nos últimos doze meses, as concessões nominais aumentaram 12,0%, com um crescimento equilibrado: 12,0% nas operações com empresas e 12,1% nas destinadas às famílias. As concessões médias diárias avançaram 5,6% em agosto, evidenciando uma recuperação contínua no fluxo de crédito.

Um fator crucial a se considerar é a taxa média de juros aplicada nas concessões de crédito, que alcançou 27,7% ao ano em agosto. Esta taxa apresentou uma leve queda de 0,1 ponto percentual (p.p.) no mês e uma redução mais significativa de 2,8 p.p. nos últimos doze meses. A taxa média de juros para empresas foi de 18,5% a.a., apresentando um aumento de 0,1 p.p. no mês, enquanto para famílias, a taxa foi de 32,2% a.a., com uma diminuição de 0,2 p.p..

Essas variações nas taxas de juros são essenciais para entender o custo do crédito no Brasil. O spread bancário, que reflete a diferença entre as taxas médias de juros praticadas nas operações de crédito e o custo de captação, situou-se em 18,5 p.p., mostrando uma redução de 0,1 p.p. no mês e de 2,7 p.p. em doze meses. Essa diminuição no spread pode ser um indicativo de maior concorrência entre instituições financeiras, o que pode beneficiar os consumidores.

Um aspecto a ser observado é a inadimplência na carteira de crédito, que manteve-se estável em 3,2% em agosto, mas com uma queda de 0,3 p.p. em doze meses. A inadimplência entre empresas é de 2,4%, com um aumento de 0,1 p.p., enquanto para famílias, a inadimplência ficou em 3,8%, subindo 0,1 p.p.. Esses números indicam uma leve preocupação quanto à capacidade de pagamento, especialmente entre os consumidores, e podem refletir desafios econômicos em um ambiente de juros ainda elevados.

O endividamento das famílias também merece destaque. Em julho, o nível de endividamento alcançou 47,9%, com um aumento de 0,2 p.p. em relação a junho. O comprometimento de renda subiu para 26,6%, indicando que as famílias estão dedicando uma parte significativa de sua renda ao pagamento de dívidas, o que pode limitar seu consumo e investimentos.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.