O Carrefour Brasil (CRFB3) anunciou que realizará uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) no dia 7 de abril, para deliberar sobre o fechamento de capital da companhia e a proposta de incorporação de suas ações pela controladora francesa. No entanto, a proposta de preço de R$ 7,70 por ação, oferecida pela controladora, tem gerado uma reação forte entre acionistas minoritários. Esses investidores questionam o valor apresentado, alegando que o Carrefour passou por uma reestruturação significativa nos últimos três anos, o que deve resultar em uma oferta de saída mais vantajosa. A seguir, vamos analisar as questões em jogo, as expectativas para a AGE e o impacto que esse movimento pode ter sobre a operação.

Reação dos minoritários

O principal ponto de contestação dos acionistas minoritários é o preço oferecido pela controladora francesa para a compra das ações do Carrefour Brasil. Os investidores consideram que o valor de R$ 7,70 por ação não reflete adequadamente o valor atual da empresa, especialmente após os esforços de reestruturação realizados nos últimos três anos. Durante esse período, o Carrefour tem se dedicado a fortalecer sua operação, aprimorar sua governança corporativa e melhorar sua posição no mercado brasileiro.

De acordo com informações de mercado, o grupo de minoritários está buscando negociar uma oferta mais vantajosa, que reflita melhor o valor da companhia após as mudanças realizadas. Eles acreditam que uma avaliação mais justa poderia levar a um preço por ação superior ao atualmente proposto.

Expectativas de ajustes

Apesar da resistência dos minoritários, o cenário não é totalmente negativo. O banco JPMorgan, que acompanha a operação, apontou que há espaço para ajustes na proposta de incorporação, principalmente em função das discordâncias em torno da precificação. O JPMorgan destaca que o valor justo das ações está substancialmente acima do preço de R$ 7,70 oferecido pela controladora francesa. Isso sugere que, caso as negociações sigam adiante, é possível que haja uma melhoria no valor da proposta, considerando o esforço contínuo da empresa em aumentar seu valor de mercado e a pressão dos minoritários por uma oferta mais justa.

A pressão por ajustes é também um reflexo das preocupações com a governança da empresa, já que a transação envolve a mudança significativa no controle da companhia e pode impactar a forma como o Carrefour Brasil será gerido no futuro. No entanto, apesar das possibilidades de ajustes, não se espera que a transação seja vetada, uma vez que a aprovação depende apenas de uma maioria simples dos acionistas presentes na AGE.

O papel da governança e a aprovação da transação

As questões de governança são centrais para entender o movimento dos acionistas minoritários. De acordo com especialistas, o processo de incorporação do Carrefour Brasil pela controladora francesa não apenas envolve questões de precificação, mas também a forma como a empresa será administrada após o fechamento de capital. Os acionistas minoritários expressam preocupações sobre a transparência e a participação nas futuras decisões da companhia. No entanto, a proposta de fechamento de capital tem grandes chances de ser aprovada, considerando que, para ser rejeitada, seria necessário um bloqueio substancial dos acionistas presentes, o que pode ser difícil devido à fragmentação da base acionária.

Embora o debate sobre a governança seja relevante, a estrutura da AGE e a ausência de um acionista majoritário significativo na base acionária do Carrefour Brasil tornam a oposição organizada mais difícil. A ausência de um acionista controlador facilita a aprovação da proposta, mas também aumenta a complexidade das discussões, já que não há um ponto de convergência claro entre todos os acionistas.

Análises de mercado e recomendações de investimentos

O Carrefour Brasil está atualmente negociando a um Preço/Lucro (P/L) de 11 vezes para 2025, o que indica que a empresa tem apresentado uma valorização moderada no mercado. De acordo com a Genial Investimentos, que mantém uma recomendação neutra para as ações da companhia, a transação de incorporação não deve ser interrompida, embora as discussões sobre o preço e a governança possam pressionar por ajustes nas condições da oferta. A corretora também mantém seu preço-alvo de R$ 7,70 para as ações do Carrefour, refletindo uma avaliação cautelosa diante das circunstâncias.

Porém, os analistas acreditam que os movimentos dos minoritários podem trazer ajustes na proposta, especialmente se as negociações com a controladora francesa avançarem. Mesmo com essas possibilidades, a recomendação neutra reflete a expectativa de que, em última instância, a operação seja concluída, com a aprovação dos acionistas da AGE.