Brasil retorna ao ranking dos 25 países mais atrativos para investimentos

O Brasil recuperou sua posição no ranking mundial de países mais atrativos para investimentos, conforme revela o Índice de Confiança para Investimento Estrangeiro Direto, realizado anualmente pela consultoria Kearney. As entrevistas com empresários foram conduzidas em janeiro deste ano, colocando o país na 19ª posição entre as 25 nações mais bem avaliadas por executivos das […]

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Última atualização:  24 de abr, 2024 às 20:02
Brasil retorna ao ranking dos 25 países mais atrativos para investimentos Brasil retorna ao ranking dos 25 países mais atrativos para investimentos

O Brasil recuperou sua posição no ranking mundial de países mais atrativos para investimentos, conforme revela o Índice de Confiança para Investimento Estrangeiro Direto, realizado anualmente pela consultoria Kearney.

As entrevistas com empresários foram conduzidas em janeiro deste ano, colocando o país na 19ª posição entre as 25 nações mais bem avaliadas por executivos das principais empresas do mundo. Em comparação, o Brasil ocupou a 22ª colocação em 2022, enquanto em 2023 não figurou na lista.

O índice leva em conta as perspectivas de investimentos dos empresários para os próximos três anos. Assim, quanto melhor a posição, maior a probabilidade de os executivos considerarem aplicar recursos no país.

A pesquisa entrevista executivos de empresas com receitas anuais iguais ou superiores a US$500 milhões, abrangendo todos os setores e sediadas em 30 países.

É importante notar que, devido à realização da pesquisa no início do ano, a percepção dos investidores naquele momento pode ter deixado de lado acontecimentos relevantes para a tomada de decisão empresarial. Desde então, eventos como o aumento das tensões entre Israel e Irã no Oriente Médio, a mudança na perspectiva de queda de juros nos Estados Unidos e novos desenvolvimentos sobre a meta fiscal do governo brasileiro têm ganhado destaque no cenário internacional.

A liderança do ranking ficou com os Estados Unidos, a principal economia mundial. Os norte-americanos encabeçam a lista há 12 anos. A segunda colocação neste ano ficou com o Canadá, seguido pela China, pelo Reino Unido e pela Alemanha.

Confira o ranking completo:

  • 1. Estados Unidos
  • 2. Canadá
  • 3. China (inclui Hong Kong)
  • 4. Reino Unido
  • 5. Alemanha
  • 6. França
  • 7. Japão
  • 8. Emirados Árabes Unidos
  • 9. Espanha
  • 10. Austrália
  • 11. Itália
  • 12. Singapura
  • 13. Suíça
  • 14. Arábia Saudita
  • 15. Suécia
  • 16. Nova Zelândia
  • 17. Portugal
  • 18. Índia
  • 19. Brasil
  • 20. Coreia do Sul
  • 21. México
  • 22. Taiwan
  • 23. Polônia
  • 24. Argentina
  • 25. Dinamarca

Segundo o relatório, o otimismo dos investidores em relação ao Brasil estava relacionado ao anúncio do ministro dos Transportes, Renan Filho, em setembro de 2023, de que o país planejava atrair cerca de R$180 bilhões em investimentos privados para projetos ferroviários e rodoviários nos próximos três anos.

A declaração do ministro, destacada pela consultoria Kearney, ocorreu durante uma visita de Renan Filho a Lisboa, em Portugal, onde apresentou projetos a investidores europeus.

Na ocasião, Renan Filho indicou que o governo planejava investir cerca de R$80 bilhões até 2026, enquanto os investimentos do setor privado poderiam dobrar esse valor. Ele também mencionou que a ferrovia Transnordestina, em construção há 15 anos, poderia ser fundamental para essa expansão.

Quais foram as mudanças?

O principal fator por trás dessa mudança é o recente panorama da economia norte-americana, que vem mostrando um mercado de trabalho robusto e uma aceleração da inflação após a última decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA. Isso tem levado o mercado a reavaliar suas expectativas em relação à política de juros nos Estados Unidos, com a percepção de que uma redução das taxas de juros já não é iminente.

Quando os juros nos EUA estão elevados, a rentabilidade dos Treasuries, os títulos públicos considerados os mais seguros do mundo, é mais alta. Isso torna o investimento no país mais atraente para aqueles que buscam segurança e retornos sólidos.

Diante dos dados positivos provenientes dos EUA, investidores estrangeiros têm retirado significativos montantes de capital da bolsa brasileira. No primeiro trimestre, foram mais de R$20 bilhões, de acordo com dados da B3. Em abril, o saldo negativo acumulado já ultrapassa US$29 bilhões neste ano, conforme levantamento de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria.

Embora analistas tenham atribuído essa situação principalmente a fatores externos, as intervenções do governo federal em empresas de grande peso no índice de ações também têm contribuído para os prejuízos do país. A mudança nas metas fiscais anunciada pelo governo brasileiro também teve um impacto significativo, levando a uma explosão na cotação do dólar frente ao real.

No dia 15 de abril, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou uma mudança na meta fiscal, visando alcançar um déficit zero em 2025. Essa revisão contrasta com a previsão do ano anterior, na qual os investidores estavam considerando um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Essa alteração na meta implica em um aumento do espaço para gastos, uma vez que há dificuldades em aumentar as receitas no próximo ano. Na prática, o mercado financeiro não recebe bem esse relaxamento no novo quadro fiscal, o que acaba resultando na retirada de investimentos do país.

Além da classificação geral, a pesquisa da consultoria Kearney também oferece uma avaliação da confiança para investimento estrangeiro nos países emergentes. Dentro desse grupo, o Brasil ficou em quinta posição, ficando atrás da China, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Índia.