Brasil pode se beneficiar com nova onda de tarifas dos EUA
Os Estados Unidos anunciaram uma nova rodada de tarifas de importação contra países asiáticos, como China e Vietnã, com alíquotas de até 46%.

O novo pacote de tarifas de importação anunciado pelos Estados Unidos promete agitar o comércio internacional — e, surpreendentemente, o Brasil pode ser um dos poucos países a colher frutos dessa mudança. A medida, que entra em vigor em 9 de abril, impõe pesadas taxas sobre produtos vindos de grandes exportadores asiáticos, mas afeta o Brasil com alíquota significativamente mais baixa.
Nova rodada de tarifas amplia vantagem competitiva do Brasil
Em um movimento que reacende tensões comerciais, os Estados Unidos decidiram aplicar novas tarifas de importação com o objetivo de proteger sua indústria doméstica. Liderada pelo ex-presidente Donald Trump, a medida é vista como uma continuação da política de “America First”, e impacta diretamente países com alto superávit na balança comercial com os EUA.
Enquanto gigantes asiáticos como China, Vietnã, Bangladesh e Tailândia enfrentam tarifas que chegam a 46%, o Brasil foi poupado, recebendo uma taxa de apenas 10%. Essa diferenciação é estratégica: por ser um importador líquido de produtos norte-americanos, o Brasil não figura entre os principais alvos da medida.
Essa posição relativamente neutra, somada à capacidade de exportar commodities e produtos agrícolas, coloca o país em vantagem competitiva frente a nações que podem perder espaço no mercado americano. É uma oportunidade para o Brasil aumentar sua presença em setores como o agronegócio, mineração e até produtos industrializados.
China pode retaliar, e Brasil surge como alternativa estratégica
Um possível efeito colateral da medida é a retaliação da China. O governo chinês já sinalizou que responderá à altura ao novo pacote tarifário dos EUA, o que pode incluir restrições a produtos agrícolas e industriais norte-americanos.
Neste cenário, o Brasil novamente aparece como beneficiário indireto. Já consolidado como um dos principais fornecedores de alimentos e matérias-primas para a China, o país pode ampliar ainda mais suas exportações. Produtos como soja, carne bovina e minério de ferro podem ganhar espaço à medida que os chineses busquem parceiros comerciais mais confiáveis.
Países emergentes ganham espaço com reconfiguração comercial
Além do Brasil, outros países emergentes também aparecem como possíveis ganhadores neste novo cenário. Marrocos, Egito, Turquia e Quênia, por exemplo, foram relativamente poupados nas tarifas e já despertam o interesse de indústrias que buscam rotas alternativas para exportação.
Esses países, assim como o Brasil, não possuem grandes superávits comerciais com os Estados Unidos e podem atrair investimentos produtivos, impulsionando suas economias locais. A Turquia, em especial, vê na nova rodada de tarifas a chance de recuperar mercados perdidos nas disputas comerciais anteriores.
Setores têxtil e industrial avaliam oportunidades
Mesmo entre os países afetados pelas tarifas, há quem enxergue oportunidades. A Índia, por exemplo, foi atingida com uma tarifa de 26%, mas acredita que pode aumentar sua participação no setor têxtil caso o Vietnã perca espaço nos EUA.
Já Cingapura adota uma postura mais cautelosa. Autoridades do país alertam que, apesar das vantagens pontuais, nenhuma nação se beneficia verdadeiramente de uma guerra comercial prolongada, que tende a desacelerar a economia global e reduzir investimentos.
Essa leitura reforça que, embora o Brasil possa se beneficiar com nova onda de tarifas dos EUA, os efeitos mais amplos ainda são incertos. A complexidade do comércio internacional exige cautela na análise dos impactos de médio e longo prazo.
Efeitos globais ainda são imprevisíveis
Especialistas em comércio internacional alertam que a escalada das tensões comerciais pode ter efeitos adversos para toda a economia global. A retração do comércio, o aumento da volatilidade nos mercados e a interrupção de cadeias produtivas são alguns dos riscos apontados.
Mesmo países que se posicionam como beneficiários no curto prazo, como o Brasil, devem considerar que os efeitos colaterais podem anular parte dos ganhos. A depender da intensidade das retaliações e da resposta de outros blocos econômicos, o cenário pode se tornar mais hostil, com menor previsibilidade para investidores e exportadores.
Ainda assim, no jogo geopolítico atual, a posição estratégica do Brasil — tanto na relação com os EUA quanto com a China — pode render frutos importantes se bem aproveitada.