Mesmo diante de um cenário global repleto de incertezas econômicas e geopolíticas, o Ibovespa fecha em alta nesta quinta-feira (18), acumulando ganhos expressivos em uma semana mais curta devido aos feriados. Impulsionado por empresas de peso como Vale (VALE3), Petrobras (PETR4) e papéis do setor de educação, o principal índice da Bolsa brasileira avançou 1,04%, encerrando o pregão aos 129.650,03 pontos.

A valorização reflete um movimento de recuperação após quedas recentes, aliviado por sinais de apetite ao risco no mercado local e suporte de algumas commodities. O desempenho positivo contrasta com o comportamento mais cauteloso das bolsas internacionais, que enfrentaram volatilidade diante das tensões comerciais envolvendo os Estados Unidos e outras potências econômicas.

Setor de educação e commodities lideram ganhos no Ibovespa

Entre os principais destaques do dia, as ações de empresas educacionais registraram fortes altas após um grande banco revisar suas recomendações para o setor. A Yduqs (YDUQ3) saltou impressionantes 10,90%, enquanto Anima (ANIM3) disparou 17,87%. Mesmo companhias que tiveram rebaixamentos, como Cogna (COGN3) e Ser Educacional (SEER3), fecharam com altas de 5,60% e 4,76%, respectivamente.

O desempenho foi atribuído à expectativa de melhora operacional para o setor no segundo semestre, aliado à perspectiva de um ambiente macroeconômico mais estável, que favorece o consumo e o investimento em educação.

Além disso, a recuperação da Vale (0,61%), após dois dias de perdas, também contribuiu para o fôlego do índice. Mesmo com o minério de ferro apenas oscilando nos mercados internacionais, o papel conseguiu se valorizar com apoio da rotação de carteiras.

Já a Petrobras teve uma alta de 1,93%, embalada pela valorização do petróleo no mercado internacional e pelo anúncio da empresa de redução nos preços do diesel. O movimento da estatal reforça sua estratégia de alinhamento com os preços externos e segue monitorado por investidores atentos à política de preços da companhia.

Dólar em queda e juros futuros estáveis reforçam clima positivo

No câmbio, o dólar comercial recuou 1,03%, encerrando o dia cotado a R$ 5,804, refletindo o apetite por ativos de risco e maior entrada de fluxo estrangeiro. A performance do real está atrelada, principalmente, à melhora nos mercados emergentes e à acomodação das incertezas fiscais domésticas, pelo menos no curto prazo.

Enquanto isso, os juros futuros (DIs) tiveram fechamento misto, demonstrando que os investidores seguem cautelosos quanto às próximas decisões de política monetária no Brasil, especialmente diante da próxima divulgação do IPCA-15, agendada para sexta-feira, dia 25 de abril. O índice poderá oferecer sinais mais claros sobre os rumos da inflação e das taxas de juros.

Mercados internacionais enfrentam tensão com guerra comercial

No cenário externo, os principais índices de Nova York fecharam de forma mista, impactados por novas declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que voltou a pressionar o Federal Reserve a cortar os juros. Segundo ele, “em algum momento, Powell vai cortar as taxas”, mesmo que o banco central americano resista a interferências políticas diretas.

Enquanto isso, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu reduzir sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, alegando que a inflação se aproxima da meta. A medida, no entanto, é acompanhada de preocupações com as tarifas impostas pelos EUA. A União Europeia, por sua vez, estuda impor restrições a exportações para os norte-americanos como forma de retaliação.

A guerra comercial promovida por Trump ainda gera reações em outras regiões. O Japão demonstrou preocupação com o aumento de tarifas, enquanto o presidente da China, Xi Jinping, pediu ao Camboja que se posicione contra o protecionismo. A visita do CEO da Nvidia à China, após restrições de exportações impostas pelos EUA, reforça como o conflito comercial impacta diretamente o setor tecnológico e as cadeias globais.

Perspectivas para os próximos dias: IPCA-15 e tensões externas

Com o Ibovespa fechando em alta e o mercado reagindo positivamente à performance de ações-chave, a semana termina com sentimento positivo. No entanto, a próxima semana promete novos testes para os investidores. Além dos desdobramentos da guerra comercial, o foco se volta à divulgação do IPCA-15 de abril, que poderá definir expectativas sobre o comportamento da inflação e, por consequência, sobre a trajetória da Selic.

O clima de otimismo pode ser afetado caso os números mostrem pressões inflacionárias mais intensas, o que exigiria cautela adicional por parte do Banco Central do Brasil. Enquanto isso, no exterior, qualquer nova escalada na retórica protecionista dos EUA pode adicionar volatilidade aos mercados globais.

Maiores altas do índice Ibovespa hoje (18)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
LWSA3+15.51%R$ 3,50
YDUQ3+10.90%R$ 14,85
MRVE3+8.79%R$ 5,57
COGN3+5.60%R$ 2,45
SMTO3+4.71%R$ 19,58

Maiores quedas do Ibovespa hoje (18)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
RADL3-3.05%R$ 20,69
HAPV3-2.26%R$ 2,16
AZUL4-2.24%R$ 3,06
MGLU3-1.45%R$ 10,20
CMIN3-1.22%R$ 5,65

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamentoVariação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa129.650+1.333+1,04%
🇧🇷 USD/BRL5,8067-0,0593-1,01%
🇺🇸 S&P 5005.282,64+6,94+0,13%

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Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.