As bolsas de valores da Europa despencaram nesta sexta-feira (04), reagindo à retaliação da China às tarifas impostas pelos Estados Unidos. O índice STOXX 600 caiu 5,1%, registrando sua pior perda diária desde o colapso do mercado durante a pandemia de Covid-19, em 2020. Já o DAX, principal indicador da bolsa alemã, também entrou em território de correção, acentuando a tensão entre os investidores.

O clima de incerteza levou o mercado a uma forte aversão ao risco, com investidores buscando ativos mais seguros, como títulos públicos e ouro. Como reflexo, os rendimentos dos títulos da zona do euro caíram de forma significativa.

Guerra comercial entre China e EUA acirra temores no mercado

O nervosismo nos mercados foi impulsionado pelo anúncio da China de novas tarifas sobre produtos norte-americanos, incluindo uma sobretaxa de 34% sobre todas as importações dos EUA e restrições à exportação de terras raras, materiais fundamentais para a indústria de tecnologia e defesa.

A medida veio em resposta às tarifas aplicadas pelo governo dos EUA na última quarta-feira (XX), intensificando ainda mais a disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo. Especialistas alertam que essa escalada pode interromper cadeias de suprimentos, elevar os custos de produção e pressionar os lucros das empresas.

Para o estrategista da Macro Hive, Benjamin Ford, o cenário atual de aversão ao risco só foi superado em momentos como a crise financeira de 2008 e o auge da pandemia.
“A incerteza no mercado está em níveis raramente vistos. Os investidores buscam proteção e isso pode aumentar ainda mais a volatilidade no curto prazo.”

Índices europeus afundam e confirmam território de correção

As principais bolsas da Europa sofreram fortes quedas, com diversos índices atingindo o chamado território de correção – caracterizado por uma desvalorização superior a 10% em relação ao último pico.

Desempenho dos principais índices:

  • STOXX 600: -5,1%
  • DAX (Frankfurt): -4,95%, fechando em 20.641,72 pontos
  • FTSE 100 (Londres): -4,95%, a 8.054,98 pontos
  • CAC 40 (Paris): -4,26%, a 7.274,95 pontos
  • FTSE MIB (Milão): -6,53%, a 34.649,22 pontos
  • Ibex 35 (Madri): -5,83%, a 12.422,00 pontos
  • PSI 20 (Lisboa): -4,75%, a 6.635,79 pontos

Com essa queda, o STOXX 600 já acumula uma desvalorização de 12% desde seu recorde histórico de março. Além disso, a perda semanal ultrapassou 8%, a maior em cinco anos, evidenciando o pessimismo dos investidores.

Mercado em alerta: volatilidade dispara e investidores fogem do risco

A turbulência nas bolsas também se refletiu no indicador de volatilidade da zona do euro, que subiu 8,68 pontos, chegando a 34,2 – o maior salto em um único dia nos últimos dois anos. O índice, que mede o medo e a incerteza no mercado, sugere que os investidores estão cada vez mais preocupados com os impactos da guerra comercial na economia global.

A busca por proteção acelerou a migração para ativos considerados mais seguros, como títulos públicos e ouro. Essa mudança no comportamento dos investidores pode pressionar os bancos centrais a reconsiderar suas políticas monetárias para conter impactos negativos nos mercados.

Com a guerra comercial entre China e Estados Unidos em uma escalada sem precedentes, o mercado segue atento aos próximos passos. Caso novas retaliações sejam anunciadas, as bolsas podem enfrentar ainda mais turbulência, aumentando os desafios para a economia global nos próximos meses.