Boletim Focus: Inflação de 2025 interrompe queda e segue em 4,55%
O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (10) pelo Banco Central mostrou que a inflação esperada para 2025 parou de cair e permaneceu em 4,55%, interrompendo seis semanas consecutivas de recuo.
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
A inflação esperada para 2025 deixou de cair pela primeira vez em seis semanas e permaneceu em 4,55%, conforme o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (10) pelo Banco Central. O relatório semanal, que compila as projeções das principais instituições financeiras do país, mostra estabilidade também nas expectativas para o PIB, o câmbio e a taxa Selic, refletindo uma pausa nas revisões otimistas observadas desde o início do semestre.
A manutenção da estimativa indica que o mercado vê maior incerteza quanto à trajetória dos preços nos próximos meses, diante de um cenário de juros elevados e pressões vindas de preços administrados, câmbio e política fiscal.
Detalhes do relatório Focus e contexto econômico
De acordo com o Banco Central, o IPCA — principal indicador de inflação — deve fechar o ano de 2025 em 4,55%, acima do centro da meta de 3% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mas dentro do intervalo de tolerância.
A pausa na tendência de queda sinaliza que o mercado financeiro começa a ajustar suas projeções diante da lentidão no recuo dos preços e de uma política monetária que tende a ser mais conservadora no curto prazo.
Para os próximos anos, o Focus indica estabilidade nas estimativas: 4,20% para 2026, 3,80% para 2027 e 3,50% para 2028. Essas previsões reforçam que, embora o cenário de médio prazo seja de convergência para a meta, a desinflação total ainda depende de um contexto mais previsível e de um ambiente fiscal controlado.
Cenário dos preços administrados e IGP-M
Os preços administrados — como energia, combustíveis e transportes — tiveram leve alta nas projeções para 2025, passando de 4,95% para 4,97%. Já as estimativas para os anos seguintes recuaram, ficando em 3,86% (2026), 3,80% (2027) e 3,60% (2028).
Em relação ao IGP-M, índice amplamente utilizado em reajustes de aluguéis e contratos, a expectativa do mercado caiu de -0,20% para -0,22% em 2025. Para 2026, a projeção está em 4,08%, com 4,00% para 2027 e 3,86% para 2028, mantendo estabilidade.
Esses dados reforçam o cenário de inflação mais resistente em itens administrados, o que pode limitar o espaço para cortes mais agressivos na taxa básica de juros, mesmo com a expectativa de desaceleração gradual nos próximos anos.
Projeções estáveis para câmbio e PIB
O câmbio também apresentou estabilidade nas projeções do Boletim Focus. O dólar deve encerrar 2025 cotado a R$ 5,41, mantendo-se no mesmo nível da semana anterior. As estimativas de longo prazo seguem em R$ 5,50 para 2026, 2027 e 2028, indicando uma visão de equilíbrio, mesmo diante de incertezas externas.
No caso do Produto Interno Bruto (PIB), a projeção para 2025 ficou inalterada em 2,16%, refletindo um crescimento moderado da economia. Para os anos seguintes, as previsões são de 1,78% em 2026, 1,88% em 2027 — ligeiramente abaixo dos 1,90% estimados na semana anterior — e 2,00% em 2028, valor mantido há 87 semanas consecutivas.
Essas estimativas reforçam que, apesar de um cenário global desafiador, a economia brasileira segue com crescimento sustentado, porém em ritmo lento, influenciada por juros elevados e pela redução dos estímulos fiscais.
Selic permanece em 15% e mercado vê juros altos por mais tempo
A projeção para a taxa Selic em 2025 segue em 15%, permanecendo estável pela vigésima semana consecutiva. Segundo o Focus, o mercado prevê uma redução gradual nos anos seguintes: 12,25% em 2026, 10,50% em 2027 e 10% em 2028.
A manutenção dos juros altos reflete a cautela do Banco Central em meio a um cenário de inflação persistente. Especialistas apontam que o Copom deve adotar um ritmo mais lento de cortes na taxa básica até que haja maior confiança de que a inflação convergirá para a meta oficial.
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