O presidente do Banco do Japão (BoJ), Kazuo Ueda, anunciou que a meta de inflação estável em 2%, sustentada por aumentos salariais, está cada vez mais próxima de ser atingida. Em um discurso recente, Ueda se mostrou otimista quanto à recuperação da economia japonesa e à estabilidade dos preços. No entanto, o BoJ ainda não prevê uma alta imediata nos juros, mantendo as condições monetárias acomodatícias enquanto a economia segue sua transição para uma inflação sustentável.

Confiança no cumprimento da meta de inflação de 2%

Kazuo Ueda, presidente do Banco do Japão, demonstrou uma confiança crescente na concretização da meta de inflação de 2%, destacando que a instituição vê o cumprimento sustentável e estável desta meta como algo “à vista”. Durante um evento com a maior federação empresarial do Japão, a Keidanren, realizado na última quarta-feira (25), Ueda explicou que a projeção do BoJ para 2025 prevê uma intensificação do ciclo virtuoso da economia, com o Japão se aproximando de uma inflação estável de 2%, acompanhada de aumentos salariais.

O avanço dos salários no Japão tem sido um fator crucial para esse processo. Ao longo de 2024, os salários começaram a subir de maneira moderada, refletindo o impacto positivo das políticas do governo e do BoJ para fortalecer o poder de compra dos trabalhadores. Isso é essencial para alcançar o equilíbrio de preços sustentáveis, já que os aumentos salariais ajudam a gerar uma demanda consistente, que, por sua vez, pressiona os preços a subir de forma controlada.

Juros acomodatícios e expectativas para 2025

Apesar da confiança no cumprimento da meta, Ueda afirmou que o Banco do Japão manterá sua política de juros baixos por enquanto. A economia japonesa ainda está em uma fase de transição para a meta de inflação de 2%, o que significa que as condições monetárias ainda precisam ser acomodatícias. O juro básico continuará abaixo do nível neutro até que a inflação se estabilize de forma mais consistente.

Com isso, investidores e economistas continuam divididos quanto ao momento exato em que o BoJ poderá aumentar os juros novamente. Alguns acreditam que o banco central japonês poderá elevar os juros já em janeiro de 2025, enquanto outros especulam que o aumento poderá ocorrer somente em março, quando serão conhecidos os resultados preliminares das negociações salariais anuais, que desempenham papel fundamental no aumento da renda e na demanda interna.

Aumento de preços e impactos nos setores

Uma das questões centrais mencionadas por Ueda foi a elevação moderada dos preços de uma ampla gama de bens e serviços, um sinal positivo de que a economia está avançando para uma inflação sustentável. O BoJ observa que essa tendência de alta nos preços está intimamente ligada aos aumentos salariais, que estão permitindo que os consumidores tenham maior poder aquisitivo e, consequentemente, impulsionem a demanda por produtos e serviços.

Essa dinâmica pode ser vista, por exemplo, no setor de bens duráveis, que começou a registrar um aumento nas vendas, refletindo tanto o fortalecimento da confiança do consumidor quanto a recuperação econômica. No entanto, o BoJ continua a monitorar de perto os impactos de eventos econômicos globais, que podem afetar as projeções de inflação.

Incertezas externas e riscos para a economia japonesa

Embora as perspectivas internas do Japão sejam promissoras, o presidente do BoJ também chamou a atenção para as incertezas externas que podem influenciar as projeções econômicas. Ueda mencionou que fatores como as políticas econômicas nos Estados Unidos, especialmente sob a possível presidência de Donald Trump, representam um risco elevado para a estabilidade econômica global, incluindo o Japão.

Essas incertezas podem impactar a trajetória de inflação e as expectativas dos investidores, o que poderia, eventualmente, influenciar a decisão do BoJ sobre o momento mais adequado para aumentar os juros. Assim, enquanto a meta de 2% de inflação parece estar ao alcance, os riscos globais continuam a ser um fator relevante nas projeções futuras.J e os impactos econômicos no Japão e no mercado global.