Inflação no Japão acelera e coloca pressão sobre BC para aumento de juros
Em novembro, a inflação no Japão acelerou, com aumento nos preços de alimentos e combustíveis, colocando pressão sobre o Banco do Japão para considerar um aumento nas taxas de juros.

A aceleração do núcleo da inflação no Japão em novembro acende um alerta para a possibilidade de um aumento na taxa de juros pelo Banco do Japão. O aumento nos custos de alimentos e combustíveis afeta diretamente as famílias, colocando pressão sobre a autoridade monetária para reverter sua política de juros baixos. O país, que recentemente manteve sua taxa de juros em 0,25%, enfrenta desafios econômicos que podem exigir mudanças em sua política monetária nos próximos meses.
O que aconteceu com a inflação no Japão?
Em novembro, o índice de preços ao consumidor (IPC) do Japão, que exclui alimentos frescos, registrou uma aceleração considerável. O aumento foi de 2,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior, superando as expectativas do mercado que apontavam uma alta de 2,6%. Esse crescimento se deu, em grande parte, devido aos preços elevados de alimentos, como o arroz, e aos custos energéticos, impactados pela eliminação gradual dos subsídios governamentais para contas de serviços públicos.
Essa aceleração é significativa, pois se compara com a alta de 2,3% observada em outubro, o que indica uma intensificação da pressão inflacionária que pode afetar a economia japonesa de forma mais profunda. O aumento nos preços de bens essenciais coloca um peso extra sobre os consumidores, elevando o custo de vida e desafiando o Banco do Japão a revisar sua política monetária.
Como o Banco do Japão reagiu?
Na quinta-feira, 19 de dezembro, o Banco do Japão optou por manter sua taxa de juros em 0,25%, o que já era esperado pelo mercado. No entanto, a aceleração da inflação observada em novembro mantém o banco sob pressão. A decisão de manter os juros inalterados tem sido uma tentativa do governo de equilibrar a recuperação econômica do Japão com o controle da inflação.
Apesar de a alta da inflação ter sido prevista, especialistas acreditam que o aumento nos preços pode fortalecer a posição do Banco do Japão para retomar os aumentos de juros nos próximos meses, caso a pressão inflacionária continue. A expectativa é de que o Banco do Japão leve em consideração não apenas os dados econômicos internos, mas também a tendência do iene, cuja queda recente tem aumentado os custos de importação, intensificando a inflação.
O impacto da queda do iene
A queda do iene frente ao dólar tem sido uma das grandes preocupações do Banco do Japão. Nesta sexta-feira (20), o dólar alcançou uma máxima de cinco meses, cotado a 157,80 ienes, refletindo as expectativas de que o Banco do Japão pode, em breve, retomar as altas de juros. A depreciação do iene aumenta o custo de importação de produtos essenciais, como alimentos e energia, o que exerce uma pressão adicional sobre a inflação interna.
Especialistas apontam que, com a continuidade da queda do iene, o Japão pode ver os preços de produtos importados subirem ainda mais, exacerbando os desafios enfrentados pelas famílias e pelo Banco Central. Essa combinação de inflação crescente e uma moeda mais fraca coloca o Japão em um dilema econômico, pois o Banco do Japão precisa equilibrar o estímulo econômico com o controle da inflação.
O índice de inflação analisado pelo Banco do Japão
Para entender melhor a dinâmica da inflação no Japão, é importante destacar o índice que o Banco do Japão utiliza como referência. Este índice, que elimina a volatilidade dos preços de alimentos frescos e combustíveis, registrou uma alta de 2,4% em novembro, após um aumento de 2,3% em outubro. Este dado é crucial porque, para o Banco do Japão, esse índice é um reflexo mais preciso da inflação impulsionada pela demanda interna.
A autoridade monetária já havia sinalizado que o Japão estava próximo de atingir sua meta de inflação de 2%, mas a aceleração observada no mês passado desafia essa meta. Caso essa tendência de alta se mantenha, é possível que o Banco do Japão se veja forçado a tomar medidas mais agressivas, incluindo aumentos na taxa de juros, algo que não acontece desde que o país abandonou sua política de juros negativos em março.