A BHP está de olho em novas oportunidades no Brasil e acredita que o país será um dos três principais mercados para seu projeto de potássio no Canadá, onde a empresa está investindo US$ 5,7 bilhões na primeira fase, de acordo com Carla Wilson, presidente da unidade brasileira.

A fase inicial do projeto Jansen, destinado à produção de potássio, um componente-chave para fertilizantes, deve entrar em operação em 2026, com capacidade de 4,2 milhões de toneladas anuais. 

Uma segunda fase prevê mais US$ 4,9 bilhões de investimentos, dobrando a capacidade de produção e transformando a mina em uma das maiores do mundo.

A presidente da BHP no Brasil destacou, durante uma entrevista nos bastidores do congresso de mineração Exposibram, que o Brasil é um mercado fundamental para o potássio.

 “Vemos o Brasil como um mercado crítico para potássio e então achamos que o Brasil deve estar entre um dos três principais mercados para a BHP para potássio. Então é muito, muito importante para nós”, declarou.

O Brasil, sendo uma potência agrícola, é um dos maiores importadores de fertilizantes do mundo. No caso do potássio, o país importa cerca de 95% de suas necessidades.

Carla Wilson comentou que a empresa já está iniciando a construção de relacionamentos com potenciais clientes de longo prazo no país. No entanto, ressaltou que ainda é cedo para falar em acordos concretos, já que a primeira fase do projeto de potássio está pouco mais de 50% concluída. “Estamos lentamente começando a construir nossa presença e esses relacionamentos de longo prazo com os clientes aqui”, disse ela.

Além disso, Wilson mencionou que a empresa está sempre atenta a novas oportunidades no Brasil, como faz em outros mercados importantes.

Por fim, a executiva enfatizou que a BHP lançou sua primeira campanha publicitária no Brasil nesta semana, com início no aeroporto de Confins e na Exposibram. 

Vale destacar que a campanha aborda temas como descarbonização, a importância do cobre para a transição energética, o papel do potássio na segurança alimentar global e a contribuição da BHP nessas áreas.

Acordo para a Samarco

As declarações de Carla Wilson vêm após a aquisição da Oz Minerals no ano passado, que expandiu os ativos da companhia para incluir cobre e ouro no Brasil. Antes disso, a BHP atuava no país apenas por meio da Samarco, uma joint venture com a Vale.

Atualmente, a BHP está realizando uma revisão estratégica dos ativos de cobre herdados da Oz Minerals no Brasil. No entanto, a empresa optou por vender os ativos de ouro no país, anunciando essa decisão na última segunda-feira (09), por entender que eles não eram compatíveis com seu portfólio de interesses, de acordo com Wilson.

Ela ainda reiterou que o foco da BHP é o crescimento global, com o Brasil sendo um mercado fundamental para a companhia.

Sobre a Samarco, a presidente comentou que a BHP, junto com a Vale, está próxima de concluir um acordo de compensação e reparação com os governos e outras autoridades pelo desastre de 2015, quando uma barragem da joint venture se rompeu. Apesar de não oferecer uma previsão de prazo ou valores, ela afirmou que as mineradoras estão “100% comprometidas” em resolver a questão o mais rápido possível.

As negociações envolvem diversas partes, incluindo o poder público e instituições de Justiça, além de ministérios públicos e defensorias de Minas Gerais, Espírito Santo e da União. 

Até junho deste ano, foram investidos aproximadamente R$ 37 bilhões em reparações pelo desastre, que resultou em 19 mortes, destruição de comunidades, florestas e a contaminação do Rio Doce, que desemboca no Espírito Santo.

Gabryella Mendes

Redatora do Melhor Investimento.