Ibovespa fecha em queda com pressão dos bancos, enquanto Vale e Petrobras avançam com alta de commodities
O Ibovespa encerrou o pregão em queda de 0,51%, principalmente devido ao desempenho negativo das ações dos grandes bancos, como Itaú e Bradesco, que sentiram o efeito da realização de lucros.
O Ibovespa encerrou o pregão desta quinta-feira (7) em queda, influenciado pelo desempenho negativo das ações dos bancos, apesar de avanços significativos de gigantes como Vale e Petrobras. O índice recuou 0,51%, fechando em 129.681,70 pontos, com volume financeiro de R$ 22,3 bilhões, evidenciando um movimento de realização de lucros e reação do mercado às recentes decisões do Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve) e do Brasil (Copom) sobre suas respectivas políticas de juros.
Federal Reserve reduz taxa de juros nos EUA; impacto nos mercados é limitado
O Federal Reserve anunciou mais um corte em sua taxa de juros, reduzindo-a em 0,25 ponto percentual e levando-a para um intervalo entre 4,50% e 4,75%. Essa decisão foi tomada na sequência de uma flexibilização mais intensa de 0,50 p.p. em setembro. A redução estava dentro das expectativas de mercado e foi bem recebida pelo setor financeiro, que já antevia um ajuste moderado na política monetária.
Jerome Powell, presidente do Fed, indicou que o banco central norte-americano segue cauteloso quanto ao comportamento inflacionário, embora a inflação esteja progressivamente se alinhando à meta de 2%. Segundo Powell, os membros do comitê estão atentos aos possíveis riscos futuros. “Não sabemos ainda quais seriam os impactos de mudanças políticas pós-eleições, mas permanecemos focados em atingir as metas de estabilidade”, comentou o presidente do Fed.
O impacto desse anúncio no mercado financeiro global foi moderado, uma vez que o ajuste já era amplamente aguardado. No Brasil, a decisão americana teve efeito limitado sobre o Ibovespa, que reagiu mais fortemente às pressões internas, especialmente às baixas nas ações bancárias.
Bancos pressionam Ibovespa, apesar do avanço de Vale e Petrobras
O índice Ibovespa encontrou resistência ao fechar o dia em queda, em grande parte devido ao desempenho negativo dos principais bancos listados. Os papéis do Itaú (ITUB4) recuaram 1,47%, enquanto Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) também registraram quedas de 1,09% e 0,42%, respectivamente. A deterioração nas ações bancárias refletiu um movimento de realização de lucros após a divulgação de resultados trimestrais recentes, que mostraram desempenhos mistos no setor.
Enquanto os bancos pressionavam o índice para baixo, as gigantes Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) avançaram e ajudaram a limitar a queda do Ibovespa. A Vale registrou alta de 3,48%, impulsionada pelo aumento nos preços do minério de ferro na China, que segue aquecida com expectativas de crescimento contínuo. A Petrobras, por sua vez, viu seus papéis subirem 0,31%, sustentados pela alta do petróleo no mercado internacional e pela proximidade da divulgação de seu balanço trimestral. Embora analistas projetem resultados conservadores para a estatal no trimestre, a demanda por ações de commodities deu suporte ao desempenho da empresa.
Selic elevada e incertezas fiscais no Brasil seguem influenciando mercado local
A recente elevação da taxa Selic pelo Copom, com um ajuste de 0,50 p.p., elevando os juros para 13,75% ao ano, também contribuiu para o clima de cautela entre os investidores. A decisão do Banco Central brasileiro veio em linha com as expectativas do mercado, mas reforçou os desafios para setores que dependem de crédito e consumo.
Além disso, o cenário fiscal continua sendo um ponto de incerteza para o mercado brasileiro. Em Brasília, o governo tem discutido medidas de ajuste fiscal para compensar o déficit nas contas públicas. Uma proposta relevante é a redução de 10% nos incentivos fiscais para diversos setores, sugerida pelo ministro dos Transportes, Renan Filho. Segundo ele, a medida poderia gerar uma economia de R$ 500 bilhões, ao distribuir a carga entre diferentes segmentos da economia. O quadro ainda carece de uma resolução definitiva, mas as discussões estão em andamento e influenciam o humor dos investidores, especialmente em setores sensíveis a políticas fiscais.
Desempenho setorial: Gerdau se destaca; varejo e bancos registram quedas
Dentro do Ibovespa, além de Vale e Petrobras, a Gerdau também se destacou positivamente. Após a divulgação de resultados robustos no terceiro trimestre, as ações da Gerdau (GGBR4) avançaram 2,71%, refletindo a confiança do mercado no setor siderúrgico. A empresa beneficiou-se de preços mais elevados do aço e de uma demanda estável, tanto no mercado interno quanto nas exportações.
Por outro lado, o setor de varejo registrou quedas significativas, com destaque para C&A (CEAB3), que despencou 8,76%, e Petz (PETZ3), com queda expressiva de 14,53%. Essas quedas refletem a cautela dos investidores em relação ao setor de consumo em meio aos juros elevados e à desaceleração do crédito. Lojas Renner (LREN3) também fechou em baixa de 3,32%, reforçando o sentimento negativo no segmento varejista.
Maiores altas do Ibovespa hoje (07)
Ticker | Valor por ação (R$) | Valorização (%) |
VALE3 | +3.48% | R$ 63,56 |
CSNA3 | +3.10% | R$ 12,29 |
BRAP4 | +2.85% | R$ 20,22 |
GGBR4 | +2.71% | R$ 20,50 |
GOAU4 | +2.38% | R$ 11,60 |
Maiores quedas do Ibovespa hoje (07)
Ticker | Valor por ação (R$) | Valorização (%) |
PETZ3 | -14.53% | R$ 5,00 |
TOTS3 | -8.44% | R$ 31,13 |
COGN3 | -7.19% | R$ 1,42 |
CVCB3 | -6.76% | R$ 2,07 |
BRKM5 | -5.87% | R$ 16,36 |
Dólar fecha estável e juros futuros caem com cenário de incerteza
No mercado cambial, o dólar apresentou um leve avanço de 0,02%, encerrando o dia cotado a R$ 5,67. Esse movimento de estabilidade ocorreu após o anúncio do corte de juros pelo Fed, que trouxe certo alívio, mas não evitou a manutenção de um cenário de volatilidade moderada para o câmbio. No mercado de juros futuros (DIs), as taxas de vencimentos mais longos apresentaram recuo, refletindo as expectativas de desaceleração do ritmo de aperto monetário nos Estados Unidos e no Brasil.
O alívio nos juros futuros também pode ser visto como uma resposta ao movimento cauteloso do Fed, que sinalizou compromisso com a estabilidade econômica, e do Copom, que ajustou a Selic em resposta às pressões inflacionárias internas. Com isso, o mercado de juros reflete uma postura de expectativa, enquanto aguarda novos dados fiscais e econômicos para os próximos meses.
Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas
Nome | Fechamento | Variação em pts | Variação em % |
🇧🇷 Bovespa | 129.682 | -659 | -0,51% |
🇧🇷 USD/BRL | 5,6923 | +0,0003 | +0,01% |
🇺🇸 S&P 500 | 5.973,10 | +44,06 | +0,74% |