O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou seus resultados do segundo trimestre de 2025, gerando reações inesperadas no mercado. Apesar de um desempenho financeiro fraco, com lucro abaixo do esperado e ajustes em dividendos, as ações da estatal apresentaram valorização nos dias seguintes. Especialistas e investidores agora avaliam se o papel continua atrativo para quem busca retornos no longo prazo ou se os desafios do setor podem impactar ainda mais o banco.

Você pode se interessar:

Resultado do 2T25 e impacto imediato

O desempenho do Banco do Brasil (BBAS3) no segundo trimestre chamou atenção pelo desempenho abaixo das expectativas. O banco registrou uma queda de 11% na margem financeira, influenciada principalmente pela exposição ao setor do agronegócio, que enfrenta aumento das recuperações judiciais. Além disso, o lucro líquido veio 22% abaixo do consenso do mercado, refletindo dificuldades operacionais e pressões setoriais.

Outro ponto relevante foi a suspensão de dividendos extraordinários e o fim do guidance anual, que deixou investidores sem parâmetros claros para o desempenho futuro. Apesar desses fatores negativos, as ações da instituição estatal surpreenderam ao registrar alta nos dias seguintes à divulgação, levantando dúvidas sobre os fatores que influenciam o comportamento do mercado.

Explicações do banco e reação do mercado

Durante a teleconferência de resultados, o CFO do BB, Marco Geovanne Tobias, afirmou que “o pior já passou”, enquanto a presidente Tarciana Medeiros destacou que 2025 é um ano de ajustes para acelerar o crescimento.

No entanto, especialistas alertam que os números ainda indicam pressão sobre a carteira de crédito, especialmente no agronegócio, que soma mais de R$ 400 bilhões. Além disso, a resolução nº 4.966 do CMN exige mais provisões para perdas esperadas, tornando o cenário mais conservador e exigindo atenção redobrada por parte dos investidores.

Outro fator que contribuiu para a valorização das ações foi o chamado “short squeeze”: investidores que apostaram na queda do papel precisaram recomprar ações quando o preço não caiu, gerando fluxo de compra no mercado.

Perspectiva de investimento em BBAS3

Apesar do desempenho recente, o Banco do Brasil (BBAS3) continua atraente para investidores de longo prazo por algumas métricas:

  • Preço sobre valor patrimonial (P/VP) abaixo de 0,7x, indicando que a ação está sendo negociada por menos de 70% do patrimônio do banco.
  • Dividend yield em torno de 11%, embora abaixo da taxa Selic atual de 15% ao ano.

Comparando com bancos privados, o ROE do BB foi de 8,5%, inferior ao Itaú (23,3%) e Bradesco (14,5%), o que levanta a questão: por que investir em uma estatal com retorno menor quando há alternativas privadas com lucros superiores?

Para investidores de longo prazo, o desconto patrimonial e a expectativa de recuperação podem tornar BBAS3 uma oportunidade estratégica, especialmente considerando o histórico e a relevância da instituição no sistema financeiro nacional.

Cenário do setor agro e ajustes futuros

O crédito ao agronegócio deve permanecer pressionado, com margens estreitas e aumento de inadimplência. A alteração nas regras contábeis e o reconhecimento de receitas em renegociações exigem cuidado: os próximos trimestres podem apresentar ajustes significativos.

Como destacou o CFO durante a teleconferência: “os agricultores precisam comercializar a safra para depois acertar as contas”, refletindo desafios sazonais e estruturais que podem impactar os resultados da estatal.

Gostou deste conteúdo? Siga o Melhor Investimento nas redes sociais: 

Instagram | Linkedin