B3 (B3SA3) não tem um IPO desde 2021
Diante de condições macroeconômicas globais apertadas, as incertezas no cenário local levaram a uma verdadeira seca de IPOs na bolsa brasileira. No entanto, apesar da escassez de ofertas de ações que se arrasta desde 2021, o mercado de capitais doméstico encontrou maneiras de não ficar parado, de acordo com o CEO da B3 (B3SA3), Gilson […]

Diante de condições macroeconômicas globais apertadas, as incertezas no cenário local levaram a uma verdadeira seca de IPOs na bolsa brasileira. No entanto, apesar da escassez de ofertas de ações que se arrasta desde 2021, o mercado de capitais doméstico encontrou maneiras de não ficar parado, de acordo com o CEO da B3 (B3SA3), Gilson Finkelsztain.
“É verdade que não vemos IPOs há três anos, mas estamos tentando trazer soluções para estimular essa recuperação”, declarou Finkelsztain durante um encontro de relações com investidores realizado nesta segunda-feira (24).
Embora o caminho para aberturas de capital pareça interditado, outras rotas estão se abrindo para que as empresas listadas na bolsa possam se financiar.
“Na B3, temos o dever de manter um ecossistema disponível para as empresas com diversas soluções para levantamento de capital, seja através de equities [ações], mas principalmente por meio de dívida”, destacou Finkelsztain.
Segundo o CEO da bolsa, enquanto há uma década o Brasil deixou passar a oportunidade de desenvolver o mercado de dívida, em 2024, os ativos de crédito corporativo se tornaram o “destaque definitivo” do ano.
“Estamos criando no Brasil um mercado de debt capital market, fazendo com que todas as empresas e diretores financeiros estejam muito mais presentes na agenda de emissões de dívida”, afirmou o presidente da B3.
Para exemplificar, apenas no primeiro trimestre de 2024, mais de R$ 104 bilhões em registros de novas debêntures foram enviados à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), um aumento de 175% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme relatório do Itaú BBA.
De acordo com Gilson Finkelsztain, o mercado líquido de dívida vem registrando um forte crescimento nos últimos seis anos. Nesse período, a liquidez no mercado secundário passou de R$ 300 milhões para R$ 4 bilhões por dia, de acordo com o executivo.
“As empresas têm trabalhado os benefícios, desafios e oportunidades que esse mercado oferece. Temos um mercado fluido com captações de prazos diversos, algo que não esperávamos ser possível há dez anos. Essa é a visão do copo meio cheio”, concluiu o executivo.
Positividade no mercado de ações
Mesmo com a falta de IPOs na B3, o CEO Gilson Finkelsztain acredita que o mercado de ações também está vivenciando “boas novas” atualmente, destacando a alta liquidez.
“Somos um dos mercados com maior liquidez do mundo, movimentando acima de R$ 25 bilhões todos os dias”, disse Finkelsztain.
Além disso, uma grande oferta de ações deve movimentar o mercado doméstico: o follow-on da Sabesp (SBSP3). “É uma operação emblemática”, enfatizou.
Na última sexta-feira (22), o Governo de São Paulo revelou os detalhes da oferta de ações global da empresa paulista de saneamento básico. De acordo com o prospecto, o governo vai vender, inicialmente, 28,05% do capital da companhia, percentual que pode subir para até 32,25% caso haja demanda.
Nesse contexto, o Estado precisa manter, no mínimo, 18% do capital social da Sabesp, incluindo 10% correspondentes a uma ação preferencial de classe especial (golden share).
Em relação aos preços, cada ação sairá por R$ 72,06, o que significa que a companhia pode movimentar R$ 13,8 bilhões apenas com a oferta base ou R$ 15,8 bilhões com o lote adicional.
Se efetivada nesse patamar, essa será a maior operação da bolsa brasileira nos últimos três anos, considerando a privatização da Eletrobras (ELET3), que movimentou R$ 34 bilhões em 2021, segundo informações do Broadcast.