A última quarta-feira (02) foi marcada pela notícia da recente elevação da nota de crédito do Brasil pela Moody’s, de ‘Ba2’ para ‘Ba1’. O anúncio movimentou o mercado e impulsionou positivamente o fechamento do Ibovespa. Apesar disso, a XP Investimentos avalia que o cenário fiscal ainda é desafiador e exige mudanças estruturais nas contas públicas.

Em relatório assinado por Rodolfo Margato, Tiago Sbardelotto, Camilla Dolle e Mayra Rodrigues, os analistas afirmam que a estabilização da dívida pública requer esforços adicionais no sentido de melhorar o resultado fiscal primário.

Apesar do avanço, a Moody’s destacou que a credibilidade do arcabouço fiscal brasileiro ainda é considerada moderada. A agência acredita, no entanto, que o cumprimento desse arcabouço poderia ser suficiente para estabilizar a dívida pública em torno de 82% do PIB. 

A XP, por outro lado, defende que, para atingir esse objetivo, seria necessário um superávit primário de pelo menos 1,2% do PIB, o que ainda coloca o Brasil em um cenário fiscal desafiador.

Segundo as projeções da corretora, mesmo com um crescimento potencial de 2,0% ao ano, uma taxa de juros real de 5,2% e um déficit fiscal primário médio de 0,1% do PIB entre 2024 e 2032, a relação dívida/PIB deve continuar subindo, podendo chegar a 94% até 2032. Mesmo com um crescimento potencial mais otimista, de 2,5%, a dívida ainda subiria para cerca de 87,5% do PIB.

 “A agência de classificação de risco espera que os resultados fiscais primários melhorem gradualmente, em linha com as metas oficiais nos próximos 2-3 anos, considerando um crescimento econômico constante e os esforços do governo para aumentar as receitas e reduzir os gastos”, enfatiza a XP.  

Porém, a manutenção dessa visão positiva da agência depende do compromisso com metas fiscais e controle dos gastos obrigatórios.