Em um momento de transição na liderança do Banco Central do Brasil, as declarações recentes de Todd Martinez, codiretor de rating para Américas da Fitch Ratings, destacam a importância das políticas econômicas em meio aos “ruídos” gerados pelas críticas do presidente Lula à gestão de Roberto Campos Neto. Essa mudança de liderança, prevista para este ano, adiciona incertezas ao cenário econômico nacional.

Na última semana, a Fitch reafirmou o rating do Brasil em BB com perspectiva estável, refletindo um ambiente pragmático na política econômica do país. No entanto, Martinez sublinhou preocupações com a deterioração fiscal, apesar dos sinais positivos observados em 2023 na administração das contas públicas. A persistente alta da dívida bruta continua a ser um obstáculo significativo para a busca do investment grade.

Martinez identificou a gestão fiscal como o ponto fraco da economia brasileira, mencionando a rigidez das despesas obrigatórias e a limitação imposta por um Congresso conservador quanto a políticas fiscais mais restritivas. As regras fiscais flexíveis indicam pouca consolidação das contas públicas no horizonte próximo, prevendo um déficit primário de 0,7% do PIB para este ano, com projeção de 0,5% em 2025.

No contexto de reformas estruturais, como as trabalhista, tributária e a busca pela independência do Banco Central, Martinez vislumbra um potencial de crescimento ampliado para o Brasil. Apesar da estimativa conservadora de crescimento do PIB em 1,7% para este ano, uma expansão econômica mais robusta poderia impulsionar um futuro upgrade no rating do país pela Fitch.

A dívida bruta persistente e em ascensão representa um desafio substancial para a economia nacional, exigindo um superávit orçamentário para estabilizá-la em patamares sustentáveis. Martinez enfatizou que, embora não atingir as metas fiscais nos próximos anos não seja necessariamente catastrófico, é crucial melhorar a gestão das contas públicas para evitar cenários adversos a longo prazo.