Americanas (AMER3) convoca AGE para deliberar ação contra ex-executivos por fraude contábil
A Americanas (AMER3) convocou uma assembleia geral extraordinária (AGE) para 11 de dezembro de 2024, com o objetivo de deliberar sobre uma ação de responsabilidade civil contra ex-executivos envolvidos em fraudes contábeis que resultaram em prejuízos estimados em R$ 25,7 bilhões.

A Americanas (AMER3), atualmente em recuperação judicial, anunciou a convocação de uma assembleia geral extraordinária (AGE) para o dia 11 de dezembro de 2024. Este encontro visa deliberar sobre a proposta de ação de responsabilidade civil contra ex-executivos que estiveram à frente da companhia no período em que inconsistências contábeis graves foram identificadas. A varejista busca responsabilizar os ex-diretores por prejuízos que podem atingir até R$ 25,7 bilhões.
A crise na Americanas teve início em janeiro de 2023, quando a empresa revelou ao mercado a existência de inconsistências contábeis no valor de R$ 20 bilhões. Este anúncio chocante levou à renúncia do CEO Sergio Rial e do CFO André Covre no mesmo dia. A situação provocou uma queda acentuada no valor das ações da companhia, que despencaram 77%, passando de R$ 12 para R$ 2,72, resultando em uma perda de R$ 8,34 bilhões em valor de mercado.
Após o reconhecimento das irregularidades financeiras, a Americanas protocolou seu pedido de recuperação judicial em 19 de janeiro de 2023. A ação não apenas visou reestruturar a empresa, mas também a sua exclusão de 14 índices da B3, demonstrando a gravidade da situação enfrentada pela companhia. As ações da empresa, em um contexto de crise, chegaram a ser negociadas a R$ 0,79, tornando-se uma penny stock.
Durante a AGE, os acionistas terão a oportunidade de discutir e votar sobre a proposta de ação judicial contra os ex-executivos Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez, Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles. A Americanas busca a responsabilização civil destes indivíduos devido aos danos financeiros causados à companhia e seus investidores.
Além da proposta de ação judicial, a assembleia também abordará outros temas importantes, como a aprovação de contas e possíveis alterações no estatuto da companhia. A participação dos acionistas é essencial neste momento crítico para a Americanas, que busca restabelecer a confiança no mercado e em seus investidores.
As inconsistências contábeis na Americanas surgiram a partir do não lançamento do “risco sacado” como dívida. Esse tipo de operação, comum entre grandes empresas, permite que fornecedores antecipem valores a receber. Contudo, a falta de transparência na contabilização dessas operações contribuiu para uma subavaliação significativa da dívida total da Americanas, levando a um desvio de conduta que culminou na atual crise.
A divulgação das inconsistências contábeis não apenas afetou o valor das ações da Americanas, mas também levantou questionamentos sobre a governança corporativa da empresa. A perda de confiança por parte dos investidores foi instantânea, e a queda brusca nas ações evidenciou a necessidade de um profundo processo de reestruturação e recuperação.
O impacto foi sentido em toda a bolsa de valores, já que a Americanas é uma das maiores varejistas do Brasil. A situação levantou debates sobre a importância de uma supervisão mais rigorosa das práticas contábeis em empresas de grande porte, uma vez que erros como esse podem ter repercussões severas no mercado.
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