As marcas Adidas e Puma devem aumentar preços de artigos esportivos nos Estados Unidos, seguindo a Nike, que anunciou reajustes nos valores de seus tênis e roupas esportivas. Essa mudança ocorre em meio ao impacto das tarifas de importação impostas pelo governo dos EUA, que elevam os custos para fabricantes e varejistas no mercado norte-americano.

Adidas e Puma devem aumentar preços de artigos esportivos após a Nike reajustar valores

Na última quarta-feira, a Nike revelou que aumentará os preços de seus calçados de corrida em até US$ 10 para modelos acima de US$ 150, mantendo estáveis os valores dos produtos com preço inferior a US$ 100. Esse aumento faz parte do planejamento sazonal da empresa, mas acontece em um momento em que as tarifas de importação sobre produtos estrangeiros pressionam toda a indústria de artigos esportivos. Como consequência, especialistas e investidores esperam que Adidas e Puma adotem medidas semelhantes para compensar o aumento dos custos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aplicou uma tarifa geral de 10% sobre todas as importações, além de tarifas de até 30% para produtos chineses e a ameaça de retorno de uma tarifa elevada de 46% sobre importações do Vietnã, que é um importante polo de fabricação para calçados e roupas esportivas. Esses impostos têm impactado diretamente os preços e estratégias de venda das marcas que atuam no país.

Robert Krankowski, analista do UBS, comenta que “esse era o momento que a Adidas e a Puma esperavam”. As duas empresas, que até então aguardavam para analisar os movimentos da concorrente líder do setor, agora devem seguir o caminho da Nike, conforme o aumento das tarifas afeta toda a indústria.

Como as tarifas impactam o aumento de preços na Adidas e Puma

A reação da Puma e da Adidas, duas das maiores marcas alemãs de artigos esportivos, tem sido cautelosa. A Puma informou estar em negociações com seus parceiros nos EUA, mas ainda não definiu se e como irá ajustar seus preços. Já a Adidas não respondeu de imediato sobre seus planos. Contudo, especialistas indicam que as marcas não poderão evitar os reajustes por muito tempo.

Federico Borin, analista da Janus Henderson, destaca que “historicamente, quando a marca líder ajusta seus preços, os concorrentes tendem a seguir o exemplo logo em seguida”. Assim, a expectativa é que Adidas e Puma acompanhem a tendência iniciada pela Nike, que tenta repassar ao consumidor parte do impacto das tarifas.

Vale lembrar que a disposição dos consumidores para absorver os aumentos é um fator decisivo. Com o sentimento do consumidor nos EUA enfraquecido e as expectativas de inflação aumentando, as marcas precisarão ajustar os preços com cuidado para evitar quedas significativas nas vendas.

Situação atual da Adidas e Puma e os desafios no mercado americano

A Adidas tem apresentado bons resultados graças ao sucesso de modelos clássicos e vintage, como o Samba e o Gazelle, que são vendidos por cerca de US$ 100 a US$ 120. Essa popularidade pode facilitar a aplicação de aumentos de preço sem perda significativa de demanda.

Por outro lado, a Puma enfrenta desafios maiores. As vendas da marca nos Estados Unidos estão em queda, e o desempenho abaixo do esperado do tênis Speedcat, modelo inspirado na Fórmula 1, levanta dúvidas sobre a viabilidade de aumentos de preço neste momento. Segundo Krankowski, “a Puma não tem uma grande vantagem de ser pioneira, pois outras marcas estão ganhando mais impulso”.

Outro ponto a ser observado é o gerenciamento dos estoques pelos varejistas. Com a demanda mais fraca, as marcas terão que evitar excesso de oferta para não serem forçadas a recorrer a descontos que comprometam a rentabilidade.

Marcas premium também adotam estratégia de aumento de preços

Além das gigantes Adidas, Puma e Nike, outras marcas focadas no segmento premium também planejam reajustes. A On, conhecida por seus tênis de corrida que custam a partir de US$ 130, anunciou que elevará os preços em julho nos EUA. A empresa destaca que esse movimento está alinhado à sua estratégia de posicionamento como uma marca global “mais premium” e não uma reação direta às tarifas.