Rudolf e Adolf Dassler: quem são os donos da Adidas e da Puma?

Poucas rivalidades no mundo dos negócios foram tão intensas — e tão pessoais — quanto a de dois irmãos alemães que começaram juntos e terminaram em lados opostos do campo.

A história de Rudolf e Adolf Dassler é mais do que a origem das gigantes Adidas e Puma. É uma história de ambição, orgulho, mágoas profundas e um talento compartilhado que transformou uma pequena cidade da Alemanha no berço de duas das maiores marcas esportivas do planeta. Continue no Melhor Investimento para entender mais!

Sumário

• Como começou a história dos irmãos Dassler no setor esportivo?
• Qual foi o impacto das Olimpíadas de 1936 na história da Adidas?
• O que causou a separação entre Rudolf e Adolf Dassler?
• Quem fundou a Adidas e como a marca se consolidou?
• Quem foi o fundador da Puma e como a marca cresceu?
• Como a rivalidade entre Adidas e Puma dividiu uma cidade?
• Qual é o legado de Adolf e Rudolf Dassler para a indústria esportiva?
• Quando Adidas e Puma encerraram simbolicamente sua rivalidade?
• Adidas e Puma: mais que marcas, legados familiares

Como começou a história dos irmãos Dassler no setor esportivo?

Tudo começou em Herzogenaurach, no sul da Alemanha, pouco depois da Primeira Guerra Mundial. Adolf Dassler, mais conhecido como Adi, era o típico inventor caseiro. Discreto, meticuloso, passava os dias em sua oficina improvisada, criando calçados com foco no desempenho esportivo. Seus tênis eram feitos com materiais reciclados e costurados à mão, mas já demonstravam inovação.

Seu irmão mais velho, Rudolf, era o oposto. Extrovertido, persuasivo, com faro para negócios e relações públicas. Enquanto Adi criava, Rudolf vendia. A parceria era perfeita, ao menos no início.

Em 1924, os dois fundaram a Gebrüder Dassler Schuhfabrik (Fábrica de Calçados dos Irmãos Dassler). Nos anos seguintes, os tênis produzidos ali começaram a ganhar reconhecimento entre atletas e treinadores. A fábrica cresceu, e o sucesso parecia inevitável.

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Qual foi o impacto das Olimpíadas de 1936 na história da Adidas?

O grande momento veio nas Olimpíadas de Berlim. Jesse Owens, atleta afro-americano e estrela da delegação dos Estados Unidos, venceu quatro provas usando os tênis produzidos pelos irmãos Dassler. Em plena Alemanha nazista, ver um homem negro superando os oponentes com calçados feitos por uma pequena fábrica alemã foi um golpe de mestre — tanto no esporte quanto no simbolismo político.

Essa vitória projetou o nome da empresa internacionalmente. Os Dassler, até então conhecidos apenas na Alemanha, viraram referência em calçados esportivos de alta performance.

O que causou a separação entre Rudolf e Adolf Dassler?

Com a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha mergulhou no caos. A fábrica dos Dassler teve de adaptar sua produção para atender ao exército, e o clima dentro da empresa ficou mais tenso.

Há várias versões sobre o que causou a separação definitiva. Uma das mais contadas envolve um abrigo antiaéreo: durante um bombardeio, Adi e sua esposa já estavam no local quando Rudolf chegou. Adi teria dito: “Lá vêm os porcos de novo”, referindo-se aos aviões aliados. Rudolf entendeu como um insulto direto — e nunca mais esqueceu.

Depois da guerra, Rudolf foi preso por suspeita de colaborar com os nazistas. Ele sempre acreditou que o irmão havia delatado, embora nunca tenha havido provas claras disso. Seja como for, o vínculo entre os dois estava destruído. Em 1948, a sociedade foi oficialmente desfeita. O que antes era uma única fábrica virou duas empresas rivais, separadas até geograficamente pelo rio que corta a cidade.

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Quem fundou a Adidas e como a marca se consolidou?

Adi Dassler ficou com uma parte da fábrica e chamou sua nova empresa de Adidas — junção de “Adi” com “Dassler”. Sem o irmão ao lado, ele seguiu sua vocação técnica, focado na criação de calçados esportivos que realmente melhorassem o desempenho dos atletas.

Seu momento de glória veio na Copa do Mundo de 1954. A seleção da Alemanha Ocidental venceu a então imbatível Hungria em um campo encharcado. A chave? As chuteiras da Adidas com travas removíveis, que garantiram mais tração no gramado molhado. O jogo entrou para a história como o “Milagre de Berna”, e a marca Adidas ficou gravada na memória coletiva do país.

Adi construiu uma marca com base na inovação e no amor pelo esporte. Não era só marketing: ele estava, de fato, interessado em desenvolver produtos que ajudassem os atletas a irem além.

Quem foi o fundador da Puma e como a marca cresceu?

Rudolf, por sua vez, chamou sua nova empresa de Puma. Inicialmente, o nome pensado era “Ruda”, mas acabou optando por algo mais forte e fácil de memorizar. Sua abordagem sempre foi mais voltada ao posicionamento de marca, à imagem, ao impacto visual. Ele entendia o valor de uma boa campanha e sabia aproveitar os holofotes.

Na década de 1960, a Puma fechou contrato com ninguém menos que Pelé. Na Copa do Mundo de 1970, o craque brasileiro se abaixou no centro do campo para amarrar suas chuteiras antes do início de uma partida, uma jogada estratégica combinada com Rudolf para mostrar o logo da Puma em rede mundial.

Enquanto Adi se mantinha mais técnico e reservado, Rudolf era o estrategista audacioso, o vendedor nato. Suas forças estavam nas negociações, nas parcerias e na capacidade de colocar a Puma no radar de milhões de pessoas.

Como a rivalidade entre Adidas e Puma dividiu uma cidade?

A separação entre os irmãos reverberou por toda Herzogenaurach. A cidade se dividiu em dois lados. Havia escolas onde estudavam filhos de funcionários da Adidas, outras onde predominavam os da Puma. Bares, padarias e até times de futebol locais eram associados a um lado da rivalidade.

Durante décadas, os irmãos nunca mais se falaram. Os negócios cresceram, tornaram-se globais, mas a ferida pessoal permaneceu. Quando morreram, em anos distintos, foram enterrados no mesmo cemitério, mas nas extremidades opostas, o mais distante possível um do outro.

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Qual é o legado de Adolf e Rudolf Dassler para a indústria esportiva?

Apesar da disputa, não se pode negar que tanto Adi quanto Rudolf deixaram marcas profundas na indústria esportiva. A Adidas se firmou como sinônimo de desempenho, tecnologia e confiabilidade. A Puma, por sua vez, tornou-se uma marca de atitude, estilo e ousadia, especialmente no futebol e na moda urbana.

Hoje, ambas as marcas estão entre as mais valiosas do mundo. Seus produtos vão muito além do esporte e fazem parte do cotidiano de milhões de pessoas, seja em uniformes de times profissionais ou nos tênis de quem vai trabalhar, correr ou apenas passear.

Quando Adidas e Puma encerraram simbolicamente sua rivalidade?

Demorou, mas um gesto simbólico marcou o fim da rivalidade. Em 2009, funcionários da Adidas e da Puma participaram juntos de uma partida amistosa de futebol. Foi a primeira colaboração direta entre as empresas em mais de 60 anos.

O jogo não apagou o passado, mas serviu como uma ponte entre as novas gerações, que já não carregam o peso da disputa familiar. Mais do que concorrentes, Adidas e Puma agora coexistem num mercado em que há espaço para diferentes perfis, estilos e histórias.

Adidas e Puma: mais que marcas, legados familiares

A história de Rudolf e Adolf Dassler é sobre muito mais do que marcas de tênis. É uma história sobre relações humanas, sobre como orgulho e ressentimento podem separar até mesmo os mais próximos. Mas também é uma história de visão, talento e paixão pelo esporte.

Cada um dos irmãos teve sua maneira de ver o mundo — e de moldar o futuro do setor esportivo. Um com precisão técnica e foco no atleta. O outro com carisma, ousadia e capacidade de transformar qualquer parceria em um acontecimento.

O mundo conhece Adidas e Puma como rivais. Mas antes de serem empresas globais, elas foram projetos de vida de dois irmãos que, mesmo sem querer, marcaram o esporte para sempre.

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