União Química: conheça a multinacional brasileira cotada para a B3
Com quase nove décadas de atuação, a União Química se posiciona entre as gigantes do setor farmacêutico brasileiro e avalia abrir capital na B3.

Muitas são as empresas brasileiras cuja trajetória merece ser observada sob a ótica do empreendedorismo. Um olhar atento à evolução e aos marcos de determinadas companhias pode servir de inspiração — ou até mesmo de guia — para quem deseja conduzir o próprio negócio.
O caso da farmacêutica União Química, em especial, chama atenção por ser uma empresa de porte multinacional com quase 90 anos no segmento, e de capital 100% brasileiro. Recentemente, passou a atrair olhares do mercado ao sinalizar o interesse em abrir capital na B3, a Bolsa de Valores do Brasil.
Perfil União Química
O Grupo União Química figura entre as maiores farmacêuticas do Brasil. Um dos grandes orgulhos da companhia — frequentemente destacado em seus canais oficiais — é o fato de possuir capital 100% nacional.
Segundo informações divulgadas pela própria empresa, atualmente ela conta com um dos maiores complexos industriais do setor, composto por nove plantas e um centro de distribuição. Todas as unidades operam em conformidade com as normas nacionais e internacionais de produção e distribuição de medicamentos.
Seu lema — ou propósito, por assim dizer — é “Vocação para a Vida”, estando, segundo o próprio grupo, “comprometido, acima de tudo, com a qualidade e o aprimoramento contínuo de seus produtos e processos”.
Ao longo de sua trajetória, a União Química fortaleceu sua presença no mercado por meio de aquisições estratégicas, incorporando diversos laboratórios, marcas e linhas de produtos. Além disso, consolidou parcerias relevantes tanto no Brasil quanto no exterior.
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Breve história da União Química
A origem da União Química remonta a 1936, com a fundação do tradicional Laboratório Prata. Décadas depois, em 1970, o laboratório foi adquirido pelo empresário João Marques de Paulo, marco que deu origem à União Química Farmacêutica Nacional. A partir dessa aquisição, a empresa iniciou a fase de expansão e consolidação no setor farmacêutico brasileiro
O que se viu dali em diante foi uma sequência de aquisições estratégicas, sendo a primeira realizada em 1973, com a compra da unidade de Embu-Guaçu (SP). Com área total de 11 mil m² e 6 mil m² de área construída, a planta tinha histórico voltado à produção de medicamentos para a linha humana. Hoje, é dedicada exclusivamente à fabricação de produtos da linha de saúde animal.
As atividades como, de fato, União Química Farmacêutica Nacional tiveram início oficial em 1980. Nos anos seguintes, a empresa avançou com a implantação do parque gráfico em São Paulo e com a ampliação de seu portfólio de medicamentos.
A entrada no mercado PET aconteceu na virada do século, com a aquisição do laboratório veterinário Agener, em 2000. Esse movimento marcou o início da criação da divisão de saúde animal e também do início das operações em Pouso Alegre (MG), como destacado pela própria empresa em seu histórico institucional.
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Década de 2000 consolida estratégia de crescimento via aquisições
Para ilustrar suas movimentações no mercado, a União Química apresenta em seu site uma linha do tempo que evidencia uma série de aquisições estratégicas, iniciadas ainda em meados de 2003. Confira a seguir alguns dos principais destaques:
Ano | Evento |
2003 | A União Química adquire o Laboratório Genom e cria a Divisão de Prescrição Médica, consolidando sua atuação no mercado farmacêutico. |
2007 | Expansão com a aquisição do Laboratório Bio Macro, fortalecendo a presença no setor de medicamentos. |
2010 | Com a compra do Laboratório Tecnopec, a empresa passa a atuar no segmento de Reprodução Animal por meio da divisão Agener. |
2012 | Dupla movimentação estratégica:– Aquisição da Bthek Biotecnologia, com sede em Brasília (DF);– Criação da Bionovis, empresa voltada à biotecnologia, em parceria com outros laboratórios nacionais. |
2021 | Aquisição da planta fabril da Laboratil, ampliando a capacidade produtiva do grupo. |
2022 | Incorporação do complexo industrial da Bayer em São Paulo (SP), posicionando-se como líder na produção de contraceptivos orais na América Latina. |
Fonte: União Química.
Estrutura da empresa
A União Química organiza suas operações em duas grandes divisões: Saúde Humana e Saúde Animal. Juntas, essas divisões se desdobram em cinco unidades de negócios, que compõem a estrutura da companhia.
Na área de Saúde Humana, a empresa se destaca no mercado farmacêutico com as seguintes frentes:
- Farma: voltada para medicamentos OTC (isentos de prescrição), produtos de marca e genéricos;
- Genom: especializada em medicamentos de prescrição médica;
- Hospitalar: focada no atendimento a hospitais públicos e privados;
- Outsourcing: fornece soluções industriais para grandes empresas nacionais e multinacionais do setor.
Já a divisão de Saúde Animal é representada pela Agener, que atua com relevância nos seguintes segmentos:
- Animais de Companhia (PET): linha de medicamentos para o tratamento e prevenção de doenças em cães e gatos (Ball Free, Helfine Plus, Dermogen, entre outros)
- Animais de Produção: portfólio de medicamentos da Agener voltado para animais de produção (bovinos, ovinos, caprinos, equinos e suínos) que inclui anti-inflamatórios, antimicrobianos, ectoparasiticidas, entre outros.
Gigante farmacêutica em números
- Presença:
- 9 unidades fabris no Brasil;
- 1 unidade fabril nos Estados Unidos;
- Capacidade de exportação para mais de 70 países
- Capital humano:
- + de 7.600 colaboradores
- Portfólio e Produção:
- + de 312 produtos;
- + de 585 apresentações;
+ de 200 produtos disponíveis para outsourcing.
- Pesquisa
- R$ 242 milhões investidos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) em 2023;
- A companhia mantém um “investimento anual de 6% do faturamento”, informa.
União Química está na Bolsa de Valores?
Embora a abertura de capital esteja nos planos da empresa desde o início do ano passado, a União Química ainda não é listada na bolsa de valores. Caso a aguardada oferta inicial de ações (IPO) se concretize, a B3 — Bolsa de Valores brasileira — poderá passar a contar com quatro fabricantes de medicamentos em seu portfólio.
Internamente, a União Química concluiu as etapas necessárias para a possível operação. Entre elas, destacam-se as demonstrações financeiras publicadas, que atendem aos padrões exigidos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com auditoria realizada pela KPMG.
No entanto, desde então, poucos detalhes adicionais sobre essa movimentação foram divulgados. Conforme informado em 2024, a empresa comandada por Fernando de Castro Marques sinaliza estar pronta para lançar sua oferta pública inicial, mas ainda aguarda um motivo estratégico sólido para avançar — como uma possível fusão ou aquisição.
Caso a possibilidade se concretize, a União Química se junta ao pequeno grupo de farmacêuticas que possuem ações negociadas na B3, hoje, composto por Biomm (BIOM3), Hypera Pharma (HYPE3) e Blau Farmacêutica (BLAU3).
Raízes da União
Fora do escopo corporativo e dos investimentos tradicionais, a União Química também vem reforçando seu posicionamento no campo da sustentabilidade. Desde 2021, a companhia promove o projeto Raízes da União, uma iniciativa alinhada à meta institucional de “ser referência em crescimento sustentável, ampliando o portfólio com produtos de valor agregado”.
O projeto tem como objetivo plantar um milhão de árvores até 2027, o que representa uma área equivalente a aproximadamente 600 campos de futebol de 1 hectare cada. Segundo dados divulgados pela própria empresa, 100 mil mudas já foram plantadas, o que corresponde a 10% da meta total.
Essa ação já representa um potencial estimado de sequestro de 13 mil toneladas de CO₂. Informações mais detalhadas sobre os critérios de plantio, prazos, diretrizes e a organização do projeto estão disponíveis no regulamento oficial do programa, acessível ao público.
Maiores farmacêuticas do Brasil
O setor farmacêutico brasileiro é um dos mais robustos da economia, com crescimento expressivo nos últimos anos — impulsionado, principalmente, pela intensificação da pesquisa e da produção de vacinas e tratamentos no pós-pandemia.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan)/IQVIA, em 2024, das 411 empresas em operação no país, apenas 20 concentram 63% das vendas em farmácias, somando uma receita de R$ 144,8 bilhões. Já o faturamento total do setor alcançou R$ 229 bilhões.
Na liderança do mercado estão três colossos: Grupo NC, Eurofarma e Hypera (HYPE3), que juntas registraram R$ 59,8 bilhões em vendas, o equivalente a exatamente um terço da receita total do segmento, estimada em R$ 179,4 bilhões. Para fins de comparação, a União Química — foco deste artigo — ocupa a décima posição no ranking de volume de vendas.
Top 10 farmacêuticas com maior volume de vendas
Considerando o volume de unidades comercializadas em 2024, as principais empresas do setor em operação no Brasil são:
- Grupo NC – R$ 26,43 bilhões;
- Eurofarma – R$ 18,73 bilhões;
- Hypera Pharma – R$ 17,08 bilhões;
- Sanofi – R$ 9,65 bilhões;
- Cimed – R$ 9,25 bilhões;
- Aché – R$ 8,25 bilhões;
- Novo Nordisk – R$ 6,66 bilhões;
- Teuto – R$ 5,45 bilhões;
- Biolab – R$ 4,98 bilhões;
- União Química – R$ 4,86 bilhões.
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