Miguel Krigsner é um nome que se confunde com a história da perfumaria e cosmética no Brasil. Fundador de O Boticário, ele transformou uma pequena farmácia de manipulação em uma das maiores redes de franquias do mundo, consolidando um império bilionário. 

Mas sua trajetória vai além do sucesso nos negócios: Krigsner se destaca também pelo compromisso com inovação, sustentabilidade e responsabilidade social. Neste artigo, o Melhor Investimento te conta mais sobre a história do empresário, incluindo os desafios que enfrentou e o impacto de sua visão no mercado de beleza.

Quem é Miguel Krigsner?

Miguel Krigsner é um empresário boliviano-brasileiro de origem judaica, tido como um dos homens mais ricos do Brasil. Sua trajetória é marcada pela habilidade visionária e empreendedorismo, que o tornaram uma referência no setor de cosméticos e perfumaria. 

Krigsner ganhou notoriedade ao transformar uma modesta farmácia de manipulação em O Boticário, hoje uma das maiores e mais renomadas empresas do setor, com presença consolidada no mercado. A escalada da empresa, o colocou no seleto grupo de bilionários brasileiros. Em 2014, ele foi listado pela primeira vez no ranking da Forbes com uma fortuna estimada em 2,7 bilhões de dólares americanos.

Além de ser um empresário bem-sucedido, Krigsner se destaca por sua forte conexão com a sustentabilidade. Pioneiro na implementação de políticas ambientais em sua empresa, ele introduziu práticas sustentáveis tanto nos processos de fabricação quanto nas lojas, incorporando sistemas de reciclagem e programas de reutilização de materiais.

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Juventude e origens judaicas

Nascido em 1950, na cidade de La Paz, Bolívia, Miguel Gellert Krigsner é filho de judeus que encontraram refúgio no país que, segundo ele, era o único da América do Sul que aceitava a entrada de judeus na época. Seu pai, de origem polonesa, e sua mãe, alemã, buscaram no Brasil um novo começo, migrando para cá quando Miguel tinha apenas 11 anos.

Foi em Curitiba, no Paraná, que ele construiu sua trajetória, enfrentando desafios e superando adversidades. Desde cedo, sua família valorizava a educação e o trabalho, incentivando-o a investir em sua formação acadêmica. Seguindo essa orientação, Krigsner ingressou na Universidade Federal do Paraná (UFBR), onde se graduou em Farmácia e Bioquímica. 

Embora desejasse atender às expectativas do pai e cursar Medicina, ele não foi aprovado no vestibular, em parte devido a uma “adolescência tumultuada”, como revelou em uma entrevista à revista “O Eco“, em 2004. No entanto, mais tarde, mesmo a contragosto do pai, despertou um interesse especial pela manipulação farmacêutica, área que mais tarde se tornaria essencial para sua trajetória profissional.

Além de sua atuação no setor empresarial, Krigsner sempre manteve uma forte ligação com suas raízes e a história de sua família. Nos anos 1990, inspirado por visitas a memoriais e museus do Holocausto, ele concebeu a ideia de criar um espaço dedicado à memória da Shoá em Curitiba. 

Hoje, a capital paranaense abriga o primeiro Museu do Holocausto inaugurado no Brasil, um marco histórico e cultural para o país. Em seu site oficial, a instituição destaca que sua missão vai além da preservação histórica, uma vez que “representa uma sensação equivalente, ao ceder a palavra e contar histórias dos que pereceram e dos que sobreviveram ao genocídio”.

Início de carreira de Miguel Krigsner

Desde cedo, Miguel Krigsner esteve inserido no universo do empreendedorismo. Em Curitiba, seu pai abriu um comércio de roupas, e ainda na adolescência, ele passou a ajudar nos negócios da família. 

Essa experiência foi fundamental para seu desenvolvimento profissional. Em entrevista à revista Veja, Krigsner destacou que, nesse período, aprendeu a importância do respeito pelo consumidor e da necessidade de acolher bem as pessoas.

Primeiros passos no empreendedorismo

Durante sua trajetória acadêmica no curso de Farmácia e Bioquímica, Krigsner teve a oportunidade de estagiar em um laboratório de uma indústria farmacêutica. Apesar de considerar promissora a carreira na área, decidiu trilhar seu próprio caminho e empreender. Com um empréstimo de aproximadamente US$ 3.000 concedido por um tio, deu início ao seu primeiro negócio: uma farmácia de manipulação.

Origem de O Boticário

A inspiração para criar O Boticário surgiu quando ele e um grupo de amigos participaram de um curso que abordava um atendimento humanizado na área da dermatologia. Essa experiência o motivou a estruturar um espaço que oferecesse um serviço diferenciado ao cliente. 

Assim, em março de 1977, nasceu a primeira unidade de O Boticário, com um ambiente aberto e um atendimento acolhedor. Nos primeiros anos, a produção dos cosméticos era artesanal, feita com o auxílio de uma batedeira de cozinha.

O Boticário: expansão da gigante dos cosméticos 

Miguel Krigsner, prioneiro no franchising Brasileiro, com O Boticário
Imagem: Reprodução

Inicialmente, a farmácia não passava de um pequeno estabelecimento dedicado a produtos de cuidados com a pele e cabelos. Contudo, logo ficou claro que o verdadeiro amor do empresário estava nas fórmulas cosméticas. 

Ele iniciou a criação de produtos inovadores, como um creme à base de colágeno, um xampu especial e um banho de algas marinhas, que logo conquistaram os clientes. Esse sucesso inicial impulsionou O Boticário a alcançar o status de marca nacional. A seguir, destacamos alguns marcos importantes na trajetória da empresa:

Expansão estratégica

A ideia de expandir para outras regiões surgiu logo após o sucesso da primeira loja. Dois anos depois, Miguel abriu uma segunda unidade em um local estratégico: o Aeroporto Internacional Afonso Pena, na Grande Curitiba. Esse novo ponto de venda permitiu que os produtos de O Boticário alcançassem consumidores de várias partes do Brasil. O impacto foi imediato, e a marca logo passou a atrair o interesse de outros empreendedores que viam no modelo de franquia uma oportunidade de negócio.

Primeira Colônia e expansão do portfólio

À medida que a clientela aumentava, O Boticário começou a diversificar ainda mais sua linha de produtos. Se inicialmente os cosméticos eram voltados para cuidados capilares e com a pele, logo entraram na oferta desodorantes e perfumes. 

A marca se destacava pela inovação e, em 1979, lançou seu primeiro perfume: o Acqua Fresca. Comercializado em um frasco em formato de ânfora, esse perfume, com uma mistura única de ingredientes, viria a se tornar um dos maiores símbolos da marca.

Compra das embalagens de Silvio Santos

Um momento decisivo para O Boticário aconteceu quando Miguel Krigsner se deparou com uma oportunidade incomum: Silvio Santos, empresário e dono do SBT, estava se desfazendo de mais de 60.000 frascos de perfume no formato de ânfora. Apesar das dificuldades da negociação e do preço elevado, Krigsner decidiu correr o risco e adquiriu as embalagens, mesmo sem saber se conseguiria arcar com o custo. 

Essa decisão, que parecia arriscada, resultou em um grande sucesso. Não só o Acqua Fresca, mas outros perfumes lançados posteriormente, atingiram excelentes resultados no mercado. Em 2022, o segmento de perfumaria de O Boticário cresceu 33% em relação ao ano anterior.

Pioneirismo no Franchising

Em 1980, O Boticário deu um passo significativo para se consolidar como uma das maiores redes de cosméticos do Brasil, ao abrir sua primeira franquia em Brasília. Krigsner se tornou um dos pioneiros do franchising no Brasil. Com um modelo de negócios bem estruturado, a marca rapidamente se expandiu, alcançando 800 lojas em todo o país em menos de uma década.

Popularização na mídia

A grande visibilidade nacional de O Boticário foi alavancada em 1985, quando a marca apareceu em um merchandising na novela “A Gata Comeu”, da Rede Globo. Em uma das cenas, uma das personagens era dona de uma loja de cosméticos que vendia, entre outros produtos, os famosos sais relaxantes Phyto Relax, de O Boticário. Esse merchandising ajudou a solidificar a marca como um ícone nacional, expandindo ainda mais sua presença no imaginário popular.

A consolidação

Com a expansão do número de franquias, O Boticário fortaleceu sua capacidade produtiva, inaugurando uma grande fábrica em Curitiba em 1982. Essa planta tinha a capacidade de produzir 400.000 unidades de produtos por ano, o que consolidou ainda mais a presença da marca no mercado nacional. 

No mesmo ano, a marca lançou a linha infantil “Dr. Botica”, que trazia sabonetes, xampus e cremes para crianças, ampliando ainda mais seu portfólio e seu público-alvo.

Krigsner e a sustentabilidade

Desde sua fundação, O Boticário tem incorporado a sustentabilidade como um dos pilares de sua atuação no mercado de cosméticos. Sob a liderança de Miguel Krigsner, a empresa adotou práticas inovadoras para reduzir impactos ambientais e promover um modelo de negócio mais sustentável.

Segundo Krigsner, a empresa foi pioneira nesse tipo de abordagem, visto que, na época, não havia ninguém para servir de referência. Ele diz que, no Brasil, nenhuma empresa demonstrava preocupação com o meio ambiente. “Se havia alguma, eu desconhecia. Estou falando de 1987”, ressaltou.

“Minha ideia era trazer para o Brasil uma experiência que eu tinha visto em Israel, onde as pessoas, em ocasiões importantes, dão de presente certificados de que plantaram árvores”, disse o empresário a “O Eco”, 2004. 

Práticas sustentáveis do Boticário

Uma das iniciativas mais marcantes foi a introdução de embalagens refis, uma estratégia pioneira que ajudou a diminuir significativamente o consumo de plástico. Além disso, a empresa implementou sistemas de reciclagem em seus processos produtivos e nas lojas, reforçando seu compromisso com a responsabilidade ambiental.

Conservação para além da empresa

O compromisso de Krigsner com a preservação da natureza foi além da estrutura empresarial. Em 1990, ele criou a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, uma instituição sem fins lucrativos dedicada à conservação da biodiversidade brasileira. 

A fundação, hoje financiada com 1% do lucro líquido da empresa anualmente, investe em projetos voltados à proteção de áreas naturais e ao desenvolvimento sustentável, consolidando a imagem da marca como referência em responsabilidade ambiental.

Fortuna de Miguel Krigsner 

Miguel Krigsner é reconhecido como um dos empresários mais bem-sucedidos e influentes do Brasil, tanto no mundo do empreendedorismo quanto em iniciativas ambientais. Além de ser um empresário de sucesso e um defensor da sustentabilidade, ele também figura entre os bilionários do país. 

Seu patrimônio, estimado em cerca de 5 bilhões de dólares, o coloca na nona posição entre as pessoas mais ricas do Brasil. De acordo com o ranking mais recente da Forbes, Krigsner é o nono homem mais rico do país.

Mesmo com o sucesso consolidado de O Boticário e sua expressiva fortuna, Krigsner segue ativo nas decisões estratégicas do grupo. Detentor de aproximadamente 80% do negócio, ele ocupa a liderança do conselho consultivo da empresa, reflexo de sua influência na marca.

Interessado em saber mais sobre o universo dos bilionários? Se sim, nada melhor que começar acompanhando o ranking dos 10 homens mais ricos do mundo.

Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.