A alienação fiduciária de veículo é um conceito fundamental no mundo das compras financiadas de automóveis e outros bens. Esse tipo de operação pode parecer um pouco complexo à primeira vista, mas com o entendimento correto, você consegue navegar por ele de forma tranquila, seja para realizar um financiamento, seja para quitar a dívida do seu carro.

Vamos entender tudo sobre esse assunto e como você pode lidar com a alienação fiduciária de um veículo, principalmente em relação a como quitar a dívida e retirar a restrição.

O que é alienação fiduciária de veículo?

A alienação fiduciária de veículo é uma garantia legal que o comprador de um automóvel oferece ao banco ou à instituição financeira que concede o financiamento. Basicamente, nesse tipo de contrato, o veículo é dado como garantia de pagamento, mas o comprador ainda mantém a posse do bem. Isso significa que, apesar de você dirigir e usar o carro, ele não é totalmente seu até que a dívida seja quitada.

No caso da alienação fiduciária, o veículo é dado como garantia para o empréstimo, e, enquanto o financiamento não for pago integralmente, a instituição financeira tem o direito de tomar o carro de volta, caso o comprador deixe de pagar as parcelas. Ou seja, o veículo não é livre de dívidas até que a última parcela seja quitada. Portanto, o comprador fica com o direito de uso do bem, mas o proprietário registrado, até a quitação, é o banco ou financeira.

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Como funciona a alienação fiduciária?

A alienação fiduciária funciona como um mecanismo de segurança para os bancos e financeiras, garantindo que o bem dado como garantia será devolvido em caso de inadimplência. Esse processo segue alguns passos básicos, que vamos explicar:

  1. Assinatura do contrato: quando você decide financiar um veículo, você assina um contrato de financiamento com a instituição financeira. Nesse contrato, fica claro que o bem (o veículo) está sendo alienado fiduciariamente até que você quite todas as parcelas do financiamento.
  2. Posse do veículo: mesmo com o veículo alienado, o comprador pode usá-lo normalmente. Ou seja, você continua com o carro em seu nome, realizando manutenções e dirigindo, mas legalmente ele ainda está sob a posse do banco.
  3. Registro no Detran: a alienação fiduciária é registrada no Departamento de Trânsito (Detran) do estado onde o veículo está registrado. Essa restrição aparece no documento do carro, e, enquanto o financiamento não for quitado, o Detran não emite um Certificado de Registro de Veículo (CRV) livre de qualquer ônus.
  4. Pagamento das parcelas: durante o período do financiamento, você precisa cumprir as parcelas estipuladas no contrato. Enquanto você for cumprindo os pagamentos, o carro continua em seu nome e você continua com a posse do bem.
  5. Quitação e liberação: quando o financiamento for quitado, o banco libera a alienação fiduciária, permitindo que o carro seja transferido para o seu nome de forma definitiva. Isso é feito por meio da documentação emitida pelo banco e registrada no Detran, que retira a restrição de alienação.

Diferença entre alienação fiduciária e financiamento tradicional

Muitas pessoas confundem alienação fiduciária com financiamento tradicional, mas existem diferenças importantes entre os dois. Vamos entender melhor cada um deles:

Financiamento tradicional

No financiamento tradicional, o comprador obtém o valor para adquirir o veículo e paga ao longo do tempo, mas o banco ou a instituição financeira não tem qualquer tipo de propriedade sobre o bem. O veículo pode ser utilizado livremente e, caso haja inadimplência, o banco entra com uma ação judicial para cobrar a dívida, mas não tem a garantia direta do bem.

Alienação fiduciária

Já na alienação fiduciária, a diferença fundamental é a garantia do bem. O banco ou instituição financeira não apenas empresta o dinheiro, mas mantém a posse indireta do veículo até que o financiamento seja quitado. Caso o comprador deixe de pagar, o banco pode facilmente recuperar o bem sem a necessidade de recorrer a um processo judicial, o que torna o processo de recuperação de crédito mais ágil.

Em resumo, a principal diferença está na garantia oferecida: no financiamento tradicional, a garantia é apenas a dívida, enquanto na alienação fiduciária, o bem (veículo) também serve como garantia.

O que diz a legislação sobre alienação fiduciária?

A alienação fiduciária de veículos é regida pela Lei nº 13.043, de 2014, que alterou a Lei nº 9.514, de 1997, a qual trata da alienação fiduciária em geral. A legislação determina que, em caso de inadimplência, a instituição financeira pode recuperar o veículo sem precisar passar por um processo judicial demorado.

Além disso, o Código Civil Brasileiro também prevê algumas disposições sobre a alienação fiduciária, incluindo a obrigação de registro da alienação no Detran, a fim de garantir que o veículo fique legalmente atrelado ao banco ou financeira até que a dívida seja quitada.

Outro ponto importante é a regulamentação de como a quitação e a liberação da alienação fiduciária devem ocorrer, o que protege o consumidor e garante que ele tenha o direito de liberar o veículo assim que pagar integralmente a dívida.

Vantagens e desvantagens da alienação fiduciária

Como qualquer modalidade de financiamento, a alienação fiduciária de veículos possui suas vantagens e desvantagens. Vamos analisar: Entre as vantagens, destaca-se as taxas de juros mais baixas, pois, como a alienação fiduciária oferece uma garantia direta do bem, o risco para a instituição financeira é reduzido, resultando, geralmente, em taxas de juros menores em comparação com o financiamento tradicional.

Além disso, há maior facilidade de aprovação, uma vez que a financeira tem a garantia do veículo, o que facilita a obtenção do crédito, especialmente para quem possui um histórico de crédito mais restrito. Outra vantagem é a possibilidade de negociação, já que, em caso de dificuldades para pagar as parcelas, você pode tentar renegociar o valor ou prazo de pagamento com a instituição financeira, sem perder imediatamente o veículo.

Por outro lado, a alienação fiduciária também apresenta desvantagens. A maior delas é a possibilidade de perda do veículo em caso de inadimplência. Caso o comprador não pague as parcelas, o banco ou a financeira pode tomar o carro sem necessidade de um processo judicial longo, o que pode ser um grande risco.

Outra desvantagem é a restrição no documento do veículo, pois enquanto a alienação fiduciária estiver registrada, o comprador não pode vender ou transferir o veículo sem quitar a dívida. Essa restrição também pode dificultar a negociação em alguns casos.

O que acontece se houver inadimplência?

A inadimplência é um dos maiores riscos quando se trata de alienação fiduciária de veículo. Se o comprador deixar de pagar as parcelas, a instituição financeira tem o direito de tomar o veículo de volta sem precisar recorrer ao sistema judiciário, o que torna a recuperação do bem muito mais rápida.

Geralmente, o banco ou a financeira entra em contato com o cliente para tentar uma negociação, como a renegociação da dívida ou parcelamento das pendências. No entanto, se o cliente não conseguir regularizar a situação, o veículo será apreendido. Uma vez apreendido, o carro pode ser leiloado para cobrir o valor da dívida. Qualquer valor restante pode ser devolvido ao comprador, dependendo das circunstâncias.

Como quitar um veículo com alienação fiduciária?

Quitar um veículo com alienação fiduciária é simples, mas exige atenção aos detalhes. Quando você paga a última parcela do financiamento, o banco ou a financeira emite um documento de quitação, liberando o carro da alienação. O processo envolve:

  1. Solicitação da quitação: verifique o saldo devedor e solicite à instituição financeira o valor final para a quitação.
  2. Pagamento da última parcela: após o pagamento, solicite o comprovante de quitação integral da dívida.
  3. Emissão do Termo de Liberação: o banco emitirá um termo de liberação que deve ser levado ao Detran para que a restrição de alienação fiduciária seja retirada do documento do veículo.
  4. Atualização do CRV: no Detran, o Certificado de Registro de Veículo (CRV) será atualizado para refletir que o veículo agora é totalmente seu e sem nenhuma pendência.

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Como retirar a restrição de alienação fiduciária do veículo?

A retirada da restrição de alienação fiduciária é feita assim que a dívida é quitada e o Termo de Liberação é entregue ao Detran. Este é um procedimento simples, mas deve ser realizado pessoalmente ou através de procuração no órgão responsável pela gestão do trânsito no estado onde o veículo está registrado.

O Detran, após a apresentação da documentação, removerá a restrição e emitirá um novo CRV, agora sem qualquer pendência. Isso significa que o veículo está completamente livre de alienação fiduciária e que o proprietário tem a posse plena e irrestrita do bem.

A alienação fiduciária de veículo é uma modalidade de financiamento bastante comum e com várias vantagens, especialmente em relação a taxas de juros mais baixas. No entanto, é fundamental entender bem como ela funciona e o que acontece em caso de inadimplência. Caso você tenha um veículo alienado e deseje quitar o saldo devedor, basta seguir os passos mencionados acima, e, assim que concluir o pagamento, o veículo será definitivamente seu, sem quaisquer restrições.

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Carolina Gandra

Jornalista do portal Melhor Investimento, especializada em criptomoedas, ações, tecnologia, mercado internacional e tendências financeiras. Transforma temas complexos como blockchain, inteligência artificial e estratégias de mercado em conteúdos acessíveis e envolventes. Com análises atuais e visão estratégica, ajuda leitores a decifrar o futuro dos investimentos e identificar oportunidades no mercado financeiro.