Por Fabi Mariano

Doação de R$ 5 bilhões transforma faculdade de medicina paga em gratuita 

Como salvar milhares de vida com U$ 1 bilhão? A professora emérita norte americana  Ruth Gottesman tem uma dica: após herdar uma fortuna do marido, ela decidiu doar a quantia para a Escola de Medicina Albert Einstein, no Bronx, em Nova York. A universidade que tem um custo aproximado de US$ 59.000 ao ano para os alunos, será a partir de agora, gratuita. A atitude emocionou os alunos em um anúncio surpresa que marca uma das maiores doações para universidades dos EUA e a maior para um curso de medicina. 

E da onde vem o dinheiro? De um investidor! 

Sim, o marido falecido de Ruth é David Gottesman, um dos primeiros investidores na Berkshire Hathaway, o conglomerado multinacional de Warren Buffet, o mais famoso investidor do mundo. De acordo com a viúva, o marido deixou uma carteira de ações completa com um único pedido: “faça o que achar que deve ser feito com esse dinheiro”. E ela fez. 

Você acha que se estivesse vivo isso provavelmente não teria acontecido? Errado. Em vida, David também usou a quantia conquistada através de investimentos para a caridade. Com um patrimônio estimado em US$3 bilhões (cerca de R$14.850 bilhões), o investidor doou pessoalmente US$330 milhões (R$1,6 bilhões) a obras de caridade. 

Você deve estar se perguntando se o casal tem filhos. Sim. Eles têm. E todos apoiaram a decisão da mãe. 

O desafio econômico da universidade

Diferentemente do Brasil, os EUA não possuem ensino superior público gratuito. Pelo contrário, os custos para cursar uma faculdade só aumentam. De acordo com dados da US News & World Report, o custo anual para se formar nas universidades públicas norte-americanas é de US$ 10,5 mil (cerca de R$ 50 mil), o que representa um aumento médio anual de 0,8%. Nas particulares, isso é ainda pior: crescimento de 4% no último ano, o valor investido chega a US$ 40 mil (cerca de R$ 192 mil) por ano. 

Ainda de acordo com a pesquisa, em média, os norte-americanos economizaram US$ 5.011 (cerca de R$ 24 mil) no ano passado. Ou seja, são necessários cerca de 75 anos para terem dinheiro suficiente para pagar uma boa universidade para um filho. 

A dificuldade para o acesso ao ensino superior deixa o ato de Ruth Gottesman ainda mais generoso. Segundo dados da própria instituição de educação que recebeu a doação, mais da metade dos alunos se forma com dívidas maiores que US$ 200 mil (aproximadamente R$ 1 milhão).

A doadora não queria sequer ter seu nome publicado pela benfeitoria, mas foi convencida para servir de exemplo para outros bilionários. A única exigência da professora foi que o nome da instituição não seja mudado. 

Em declaração ao New York Times, a professora afirmou que a doação possibilite que pessoas que sequer pensavam em cursar medicina pelo alto custo possam seguir seus sonhos independentemente da situação econômica. 

O ato pode realmente democratizar o ensino já que, de acordo com a escola,  48% dos alunos são brancos, 29% asiáticos, 11% hispânicos e apenas 5% negros.

Diferente, mas nem tanto

No Brasil, as universidades públicas são gratuitas, mas com vagas restritas. Para quem não consegue uma vaga nas principais instituições do país, o custo para se tornar médico também é bem alto. De acordo com levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), a média de mensalidade é de R$7.300. No Brasil, existem alternativas públicas para o ingresso da faculdade, como o Fies, SiSu e o Prouni.

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