O que é marcação a mercado e qual seu impacto em investimento de renda fixa
As instituições distribuidoras de títulos de investimento, tais quais bancos e corretoras, adotarão um novo método de precificação de ativos de renda fixa. Estamos falando da chamada marcação a mercado. A mudança em questão acontecerá visando uma adequação à determinação instituída pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que visa […]

As instituições distribuidoras de títulos de investimento, tais quais bancos e corretoras, adotarão um novo método de precificação de ativos de renda fixa. Estamos falando da chamada marcação a mercado.
A mudança em questão acontecerá visando uma adequação à determinação instituída pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que visa oferecer aos investidores uma noção real de valor das aplicações em renda fixa, tomando por base os parâmetros de mercado.
Por exemplo, caso um indexador, como a taxa básica de juros (Selic) ou a inflação (IPCA), lide com grandes alterações, qual seria o impacto no saldo da aplicação?
Mas atenção: tais variações não terão impacto no valor de mercado dos investimentos liquidados em sua data de vencimento. Isto é, se você comprou um título em renda fixa e permaneceu com ele até o “final”, haverá o pagamento da rentabilidade contratada no momento da aplicação.
A marcação a mercado seria, portanto, apenas um indicador de precificação capaz de apresentar ao investidor qual seria o valor de títulos em renda fixa comercializados diariamente.
Ficou interessado em saber mais? Continue a leitura deste artigo e entenda como funciona essa metodologia.
Quais títulos em renda fixa passam a ter marcação a mercado?
Vários títulos comercializados no mercado financeiro já contavam com a chamada marcação a mercado. Agora, após a determinação da Anbima, teremos os seguintes títulos em renda fixa passando pela mesma metodologia de precificação:
- Debêntures;
- CRAs;
- CRIs e
- Títulos Públicos Federais negociados no mercado secundário (fora do Tesouro Direto).
Aprovada a determinação, ficaram de fora aplicações como:
- CDBs;
- LCAs;
- LCIs e
- FIDCs.
A nova regra se estende tanto a pessoas físicas quanto a pessoas jurídicas, com exceção às empresas de médio e grande porte. Quem é considerado investidor qualificado (+ R$ 1 milhão investido), por exemplo, pode permanecer com a atual metodologia de precificação de “marcação na curva”.
Qual o objetivo da marcação a mercado?
O grande objetivo da precificação de marcação a mercado é oferecer ao investidor um acompanhamento diário do valor de seus títulos. Na prática, é como se fosse responder com precisão a seguinte pergunta: “se eu vendesse o título “X” na data de hoje (antes do vencimento), qual seria o seu valor?”.
Como já mencionado, a precificação é baseada em uma série de elementos, como o comportamento da economia e a percepção dos agentes de mercado. Além disso, ela exerce nenhum tipo de influência sobre o valor dos títulos liquidados em sua data de vencimento. Trata-se apenas de reconhecer sua precificação diária, uma vez que ao vender os ativos na data de vencimento, o investidor receberá a rentabilidade contratada.
O que influencia a marcação a mercado?
A marcação de mercado, como já indicado, reflete fatores macroeconômicos e o próprio comportamento de agentes de mercado. Aqui, podemos citar a taxa básica de juros como exemplo.
Imaginemos um título do tesouro pré-fixado cujo vencimento ocorrerá em 36 meses. Neste intervalo, uma expectativa de elevação dos juros pode desvalorizar este ativo, uma vez que as demais opções em renda fixa tendem a se tornar mais atrativas.
Por outro lado, caso tenhamos um cenário de queda da taxa básica de juros, a tendência é que tenhamos uma valorização do título pré-fixado. Afinal, em comparação às demais opções de investimento em renda fixa, a performance do ativo pré-fixado será superior.
Outro elemento que merece consideração quando falamos em marcação a mercado é a liquidez. Para quem não tem familiaridade com o termo, trata-se da facilidade em se obter a liquidação de um título. Isto é, quanto maior a liquidez, maior a aceitação do ativo no mercado.
Um título líquido, naturalmente, será mais valorizado em uma marcação a mercado. Por outro lado, o título com menor liquidez, no qual o investidor receberá com certo atraso o valor do resgate, terá uma desvalorização.
Podemos falar ainda no chamado “ânimo” do mercado. Eventos de diferentes naturezas podem afetar diretamente o comportamento dos investidores e a precificação dos títulos.
Para citarmos um exemplo, podemos falar de acontecimentos imponderáveis como a pandemia. Outro exemplo seria uma onda de otimismo motivada pelo crescimento da economia global ou de um país especificamente. De formas diferentes, ambos os eventos podem afetá-la.
Como a marcação a mercado funciona no tesouro direto e em fundos de investimentos?
Diariamente, a Anbima realiza um levantamento de dados que reúne os preços médios praticados pelas instituições emissoras de títulos de renda fixa. Na prática, é como se cada instituição associada fizesse um compilado das informações de negociação e compartilhasse com a entidade.
Em posse dessas informações, a Anbima processa os dados em busca da identificação de valores de referência para cada título de renda fixa. Estabelecido esse referencial, a marcação a mercado é atualizada diariamente no sistema Anbima Data, que pode ser acessado pelo público.
As taxas dos CRIs, CRAs e debêntures, por sua vez, serão estabelecidas conforme os dados publicados pela Anbima com um dia útil de defasagem. Na determinação dessas taxas, a entidade considera dimensões como liquidez, perfil do emissor e preços praticados na negociação dos títulos. Com isso, é possível identificar o nível de adesão do mercado em relação a cada ativo.
Qual o impacto da marcação a mercado em renda fixa?
O grande impacto da marcação a mercado em renda fixa tem relação com a gestão dos ativos por parte das pessoas físicas. O chamado investidor “comum” poderá acompanhar dia a dia a medida de valorização ou desvalorização de seus títulos.
Isso representa uma qualificação no posicionamento desses investidores no mercado. Afinal, em vez de aguardar passivamente o vencimento de seus títulos, eles poderão avaliar com precisão eventuais oportunidades de compra e venda. Tudo isso, é claro, a partir de informações fornecidas por quem é autoridade no mercado financeiro.
De modo a simplificar esse trabalho, os extratos de investimento trarão a última data de atualização dos preços de cada ativo presente na carteira. Assim, o investidor saberá quanto vale na data de hoje um título adquirido há vários dias, meses ou anos.
Como a marcação a mercado será calculada em renda fixa?
Como já mencionado, a Anbima considera uma série de fatores para calcular a marcação a mercado. No entanto, em relação à renda fixa, temos dois elementos que influenciam diretamente o comportamento dos preços: taxa básica de juros (Selic) e inflação (IPCA).
Ambas as taxas são indexadores dos principais títulos de renda fixa. Logo, qualquer variação dos juros ou da inflação tem repercussão direta no seu cálculo.
Qual a diferença entre marcação na curva e marcação a mercado?
Para entendermos as distinções entre as diferentes metodologias de precificação de ativos, nada melhor do que utilizarmos um exemplo prático. Suponhamos que você tenha adquirido R$ 100.000,00 de títulos pré-fixados do Tesouro Direto a taxa de 12,75% ao ano. Mensalmente, o extrato de sua conta na corretora apresentará a rentabilidade contratada, sendo essa a chamada marcação na curva.
A marcação a mercado, por sua vez, representaria a medida de valorização ou desvalorização do ativo segundo a avaliação realizada pela Anbima. Veja o gráfico abaixo representando o comportamento das duas curvas:
Marcação a mercado x marcação na curva
Neste exemplo, temos a evolução da rentabilidade de um título pré-fixado influenciado pela redução da taxa Selic, como pode ser visto pela marcação a mercado representado pela curva em vermelho. Isto é, a diminuição dos juros levou a valorização do título pré-fixado.
Ao mesmo tempo, podemos ver pela curva verde o comportamento da rentabilidade contratada, que se mantém uniforme até o vencimento do título.
Ao final, ambas as curvas se encontram na data de vencimento do título. Isto é, no vencimento ambas as marcações têm o mesmo preço, pois o título será necessariamente liquidado pela rentabilidade contratada.
Como ganhar dinheiro com a marcação a mercado na renda fixa?
Ao longo deste conteúdo, apresentamos as principais informações a respeito do funcionamento da marcação a mercado. E agora que você já sabe como funciona essa metodologia de precificação, é natural mobilizar esse conhecimento para melhor gerenciar os seus ativos, não é mesmo?
Para isso, o primeiro passo é acompanhar de perto, pelo menos semanalmente, o extrato de sua corretora com essas informações. Assim, você pode identificar a medida de valorização ou desvalorização de seus títulos de renda fixa ao longo do tempo.
Esse tipo de informação é fundamental para compreender o quão acertada foram suas decisões de alocação na montagem de sua carteira. Mais do que isso, você pode considerar a liquidação antecipada dos ativos adquiridos em um cenário de valorização.
A marcação a mercado também é importante para identificar o comportamento do mercado. Quem está atento às principais tendências de investimentos, pode acompanhar de perto o desempenho dos ativos pensando em um reequilíbrio de sua carteira.
A longo prazo, o acompanhamento detido de tais informações representará uma qualificação de seu perfil enquanto investidor.
Dúvidas? Conte com uma assessoria de investimentos.
A metodologia de precificação de ativos no mercado financeiro é cercada de detalhes e informações nem sempre bem compreendidas. Até mesmo para investidores experientes pode se tratar de um desafio.
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