O Banco Central do Brasil iniciou nesta semana os testes com a plataforma do real digital, a criptomoeda oficial do banco. O real digital permitirá o registro de diversos tipos de ativos financeiros em uma plataforma que começará a receber depósitos tokenizados no final de 2024.

Segundo Fabio Araujo, coordenador do projeto do Banco Central, o real digital funcionará como um Pix em larga escala, permitindo transferências instantâneas de grandes valores no atacado, como de grandes empresas e instituições financeiras. Enquanto o Pix atende ao varejo, sendo usado por pessoas físicas, empreendedores e pequenas empresas, o real digital será um meio de pagamento para dar suporte a oferta de serviços financeiros de varejo.

A plataforma de testes escolhida pelo Banco Central foi a Hyperledger Besu, que opera com código aberto (open source), o que reduz custos com licenças e royalties de tecnologia. A rede é compatível com a tecnologia Ethereum, permitindo testes em ambientes controlados e garantindo a privacidade das transações. O Banco Central espera que empresas desenvolvam aplicações online com base na plataforma.

Fase de testes da criptomoeda oficial do Brasil

O Banco Central fará uma seletiva de participantes do setor financeiro. Após isso, cada um terá de contribuir com sua parte da infraestrutura por meio do sistema distribuído. Em abril, o Banco Central organizará um workshop com as instituições financeiras e as empresas de tecnologia para repassar as orientações. Em maio, a autoridade monetária escolherá os participantes do projeto piloto.

Com os participantes definidos, haverá testes de transações com a criptomoeda em ambiente simulado, sem valores reais. Os ativos a serem usados no projeto piloto serão depósitos de contas de reservas bancárias, contas de liquidação, conta única do Tesouro Nacional, depósitos bancários à vista, contas de pagamento de instituições de pagamento e títulos públicos federais.

O Tesouro Nacional participará da fase de testes para permitir a construção de tecnologias mais baratas e eficientes de negociação de títulos públicos no mercado primário, quando o próprio Tesouro emite os papéis, e no secundário, quando títulos já emitidos trocam de mãos. Nas operações simuladas, um investidor fictício comprará títulos públicos pelo aplicativo do banco que se conectará à plataforma de testes. Os testes também incluirão a possibilidade de liquidar empréstimos com recursos de investimentos de longo prazo sem “desmontar a carteira” (sem se desfazer de toda a aplicação financeira).

A fase de testes será concluída em dezembro deste ano e os resultados serão avaliados em março de 2024, e se a plataforma Hyperledger Besu suportar as transações simuladas, será usada na montagem do real digital

Tokenização de ativos

O projeto do Real Digital está focado em ativos do mundo real tokenizados, não em criptoativos . Na fase de testes, a plataforma de registros não estará atrelada às diretrizes do plano do Real Digital, anunciadas em maio de 2021. O Banco Central usará uma tecnologia de “programabilidade” de registro distribuído (DLT, Distributed Ledger Technology na sigla em inglês).

A tokenização representa a digitalização de um bem ou produto financeiro, o que facilita as negociações em ambientes virtuais.

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