O Banco Central (BC) anunciou no início do mês de agosto a versão digital do real, o Drex, anteriormente intitulado por Real Digital. O projeto, que refere-se a moeda digital de banco central (em inglês, Central Bank Digital Currency – CBDC), é uma representação da moeda brasileira a ser utilizada em uma plataforma que permite a utilização de serviços financeiros de forma mais eficiente.

A iniciativa não é exclusividade do Brasil. Em 2020, nas Bahamas, foi criado o dólar de areia (sand dollar, em inglês), a primeira moeda digital do mundo emitida por um banco central. Uma espécie de carteira digital que permite a realização de transações pelo celular, sem a obrigação de ter conta em banco. Esse movimento evita comissões ou custos de transação, sendo “armazenada” no banco central do país e não em bancos comerciais ou corretoras.

No mesmo sentido, o Drex está em progresso para democratizar a disponibilidade de serviços financeiros no Brasil, englobando compra e venda, crédito, investimento e seguros. A moeda surge para introduzir maior agilidade, conveniência e redução de despesas em diversas transações contratuais e financeiras que realizamos atualmente. 

Segundo Maurício Moura, diretor de relacionamento, cidadania e supervisão de conduta do Banco Central, citando a compra e venda de um carro como exemplo, a utilização do Drex agrega mais segurança a diversos negócios. “Com a função de programabilidade do Drex não importa quem vai fazer o primeiro movimento, pois o contrato só será concluído quando as duas coisas acontecerem. Assim, o dinheiro e a propriedade serão transferidos de forma simultânea. Se uma das partes falhar, o montante pago e o carro voltam para seus respectivos donos “, afirma o diretor.

Vantagens e desvantagens do Drex

Entre os principais pontos positivos do Drex, o programa oferece um nível mais elevado de segurança e agilidade nas operações, além da implementação de contratos inteligentes que promovem eficiência. A isenção de taxas e a sua validade global sem necessidade de conversão também são vantagens notáveis. Por outro lado, entre as questões que podem ser consideradas desfavoráveis, está a centralização das transações no Banco Central, juntamente com a cobrança automática de impostos, que podem ser percebidas como limitações.

Drex x Pix: entenda as diferenças

A principal diferença está na natureza fundamental de cada uma das tecnologias: enquanto o PIX é uma ferramenta para transações instantâneas, o Drex atua como a própria unidade de dinheiro — marcando o lançamento da primeira moeda virtual oficial no Brasil.

Dessa forma, o PIX age como intermediário nas transferências financeiras, enquanto o Drex representa diretamente a quantia a ser transferida. Essa nova forma de moeda digital tem a capacidade de ser usada tanto para realizar transações semelhantes ao “PIX”, quanto para efetuar pagamentos ou transferências através de outros métodos.

Inspiração internacional

Além das Bahamas e seu dólar de areia, outro caso de destaque no cenário global envolve as moedas digitais instituídas pelos Bancos Centrais é o e-CNY, conhecido popularmente como yuan digital. O projeto de blockchain que deu origem a essa iniciativa teve seu início já em 2014, resultando na moeda digital soberana mais avançada, atualmente mantida pela China.

A trajetória evolutiva do yuan digital teve marcos significativos ao longo dos anos. A partir de 2019, a China começou a realizar testes pioneiros da inovação em várias metrópoles importantes, como Pequim, Xangai, Shenzhen, Chengdu e Suzhou.

O protagonismo do Yuan Digital (e-CNY) ganhou ainda mais relevância no cenário mundial em janeiro de 2022. Foi nesse momento que o Banco Central da China lançou um ambicioso projeto-piloto visando seu desenvolvimento e promoção.

Até o término de 2022, a circulação da moeda digital do banco central chinês atingiu um total notável de 13,61 bilhões de yuans. Esse valor corresponde a aproximadamente US$ 2 bilhões.

Lançamento

Embora um cronograma de lançamento ainda não tenha sido estabelecido, a previsão é que o Drex seja disponibilizado ao público até o final de 2024. O Banco Central pretende aproveitar o ano de 2023 para promover a conscientização da população sobre o projeto e suas potenciais contribuições para o futuro.