Visita de aliados à Papuda acende alerta sobre possível prisão de Bolsonaro
O grupo manifestou preocupação com o estado de saúde de Bolsonaro e com a estrutura de atendimento médico da unidade.
Foto: REUTERS/Mateus Bonomi/File Photo
Senadores aliados de Bolsonaro fizeram uma visita técnica ao Complexo Penitenciário da Papuda nesta segunda-feira (17), em Brasília, para avaliar as condições da unidade diante da possível prisão do ex-presidente. O movimento ocorre em meio à expectativa sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que ainda não definiu onde Jair Bolsonaro deverá cumprir a pena de 27 anos e 3 meses pela condenação no processo da tentativa de golpe de Estado. A visita reacende o debate sobre infraestrutura carcerária, atendimento médico e segurança em caso de detenção de autoridades de grande projeção pública.
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A comitiva formada por Damares Alves (Republicanos-DF), Izalci Lucas (PL-DF), Márcio Bittar (PL-AC) e Eduardo Girão (Novo-CE) esteve na Papuda na tarde de segunda-feira. A senadora Damares, que preside a Comissão de Direitos Humanos do Senado, afirmou que a ação teve caráter técnico e buscou reunir informações sobre as condições gerais do complexo prisional, especialmente diante da possibilidade de Bolsonaro ser encaminhado para a unidade.
Segundo ela, a avaliação incluiu corredores, alas de detentos idosos, áreas de convivência e o setor de alimentação. Damares destacou preocupação com relatos de presos doentes e com o estado da comida servida aos internos. A senadora afirmou que pretende elaborar um relatório formal para ser encaminhado às autoridades competentes.
O interesse da comitiva decorre principalmente da questão médica. Bolsonaro, segundo seus aliados, estaria com quadro de saúde considerado frágil, o que demanda deslocamentos rápidos para atendimento emergencial. Damares questionou o tempo entre o complexo penitenciário e o hospital mais próximo, afirmando que o ideal seria garantir resposta médica em até 20 minutos.
A possível prisão de Bolsonaro levanta dúvidas entre seus apoiadores sobre a capacidade da Papuda de oferecer suporte médico adequado. Embora as informações de saúde do ex-presidente não sejam detalhadas publicamente, parlamentares próximos afirmam que ele precisaria de acompanhamento constante.
Durante a visita, Damares relatou ter encontrado detentos com idade avançada — alguns com mais de 80 anos — e afirmou que as condições vistas causaram impacto. Para ela, o cenário reforça a necessidade de verificar se a estrutura poderia atender alguém do perfil do ex-presidente.
Processo no STF ainda não define local de cumprimento de pena
Apesar da movimentação dos senadores, o STF ainda não determinou onde Bolsonaro deverá cumprir a pena imposta. O processo segue na fase de recursos e depende de decisões administrativas e jurídicas que envolvem segurança, logística e critérios técnicos para detenção de um ex-chefe de Estado.
A visita da comitiva não incluiu as celas onde Bolsonaro poderia ser eventualmente acomodado. O acesso não foi autorizado porque o pedido de Damares — enviado no início de novembro — ainda aguarda decisão do ministro Alexandre de Moraes. A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal encaminhou a solicitação ao gabinete do ministro, que, até agora, não se manifestou.
A falta de definição gera especulações sobre medidas de segurança, localização adequada e eventuais prerrogativas decorrentes da condição de ex-presidente. Esse contexto reforça o interesse público no caso e a tensão política que o envolve.
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