Maior shutdown da história dos EUA está perto do fim e já movimenta os mercados
Democratas e republicanos estão perto de acordo que vai encerrar a paralisação de 43 dias, reacendendo o apetite dos mercados globais.
Imagem gerada por IA
Após mais de 40 dias de impasse e negociações intensas, o Congresso dos Estados Unidos caminha para encerrar o mais longo shutdown da história do país. A Câmara deve votar ainda até o final da semana o acordo que garante o financiamento do governo federal até janeiro de 2026. O presidente Donald Trump já afirmou que sancionará o texto assim que o projeto for aprovado.
O Senado aprovou o pacote na segunda-feira (10), por uma margem apertada de 60 votos a 40. O acordo permite que o governo volte a operar e autoriza o pagamento retroativo aos servidores públicos que ficaram sem salário desde o início da paralisação. Entre eles, estão os controladores de tráfego aéreo, que chegaram a reduzir turnos e causar atrasos em voos pelo país.
Com a reabertura das agências federais, os Estados Unidos retomam o funcionamento normal de serviços essenciais, além de liberar a divulgação de dados econômicos cruciais como o payroll, que será publicado já na próxima semana.
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Acordo expõe divisões internas na política americana
A proposta foi suficiente para destravar o impasse, mas escancarou divisões dentro do Partido Democrata. O grupo defendia incluir no texto a extensão dos subsídios de saúde que beneficiam cerca de 24 milhões de americanos. Esses auxílios expiram no fim do ano, e os republicanos do Senado se comprometeram apenas a votar o tema em dezembro, sem garantia de aprovação.
O presidente da Câmara, Mike Johnson, ainda não se comprometeu a colocar a medida em pauta. Mesmo assim, o acordo atual garante fôlego político ao governo, que vinha enfrentando pressões crescentes de setores econômicos e de servidores públicos.
Ao todo, o orçamento temporário mantém o governo operando até 30 de janeiro de 2026 e adiciona cerca de US$ 1,8 trilhão anuais à dívida federal, hoje em torno de US$ 38 trilhões.
A seguir, veja como o acordo entre democratas e republicanos impacta a economia e os mercados internacionais:
Melhora no dólar após semanas de volatilidade
A perspectiva de um acordo imediato impulsionou o dólar globalmente. A moeda americana, que vinha perdendo força durante o período de incerteza, se valorizou diante de outras divisas fortes após a confirmação da votação na Câmara.
O alívio refletiu a percepção de que o shutdown não deve comprometer o ritmo de crescimento dos Estados Unidos.
Bolsas avançam com alívio fiscal e otimismo global
As bolsas internacionais reagiram de forma imediata à expectativa do fim do impasse. Os principais índices europeus fecharam em alta nesta quarta-feira (12), impulsionados pela recuperação do apetite por risco e pelos resultados corporativos positivos.
O índice pan-europeu Stoxx 600 subiu 0,71%, aos 584,24 pontos. Em Londres, o FTSE 100 avançou 0,12%; em Frankfurt, o DAX ganhou 1,22%; e, em Paris, o CAC 40 registrou alta de 1,04%. O setor bancário europeu teve desempenho destacado, com avanço médio de 1,81%.
As ações do ABN Amro subiram 2,73% após um balanço trimestral acima das expectativas, enquanto a alemã RWE, maior produtora de energia do país, disparou 9,18% com lucros recordes.
Nos Estados Unidos, os futuros de Nova York também apontavam para uma sessão positiva, com investidores de volta ao radar da temporada de resultados e atentos à retomada das operações do governo.
Ibovespa acompanha o ritmo internacional
No Brasil, o Ibovespa segue o movimento global de alta. O índice brasileiro avança com o fortalecimento do dólar e o otimismo em relação ao cenário externo.
As ações ligadas a commodities, como Petrobras e Vale, puxam os ganhos, enquanto o setor financeiro acompanha o alívio internacional após semanas de volatilidade.
O impacto do maior shutdown da história
Durante 43 dias, mais de 800 mil servidores públicos ficaram sem receber salários, e serviços considerados “não essenciais” foram interrompidos. Museus, parques nacionais e agências de fiscalização ambiental suspenderam atividades.
Economistas estimam que o shutdown custou cerca de US$ 25 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) americano, valor que pode ser parcialmente recuperado nos próximos meses com o pagamento retroativo e a reabertura completa das agências federais.
Mesmo com o desfecho próximo, o episódio reforça a fragilidade política do país em um momento de polarização e alta da dívida pública.
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