Trump teria “passado horas” na casa de Epstein com vítima de tráfico sexual, revelam novos e-mails
Democratas publicam comunicações inéditas que citam o ex-presidente dos EUA em troca de mensagens com Ghislaine Maxwell e Michael Wolff
Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
Novos documentos entregues ao Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos revelam que Jeffrey Epstein teria afirmado que o então empresário Donald Trump “passou horas” em sua casa com uma vítima de tráfico sexual. As mensagens, datadas de 2011, foram publicadas nesta quarta-feira (12) por parlamentares democratas, reacendendo o debate sobre a relação entre o ex-presidente e o falecido financista.
A troca de e-mails faz parte de um conjunto de mais de 20 mil páginas de documentos enviados pelo espólio de Epstein ao Congresso norte-americano, em resposta a uma intimação oficial. Nos arquivos, Epstein descreve Trump como “o cão que não latiu” — uma referência a alguém que, embora envolvido, nunca tenha sido publicamente acusado. O e-mail também cita uma vítima, cujo nome foi inicialmente redigido por razões de privacidade.
Poucas horas após a publicação das mensagens pelos democratas, os republicanos do comitê divulgaram a íntegra do material, alegando que a oposição estava “manipulando informações” para prejudicar a imagem de Trump. Segundo os republicanos, o nome da vítima seria Virginia Giuffre, uma das principais denunciantes de Epstein, que morreu por suicídio no início deste ano.
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Casa Branca reage e chama e-mails de “narrativa falsa”
A Casa Branca reagiu imediatamente, negando as alegações e classificando as mensagens como parte de uma “narrativa falsa” construída por democratas.
A secretária de imprensa Karoline Leavitt afirmou que Giuffre nunca acusou Trump de qualquer ato ilegal e chegou a descrevê-lo como “gentil” durante o único encontro entre os dois.
“Essas alegações são uma tentativa desesperada de manchar a reputação do presidente Trump. Ele expulsou Epstein de seu clube há décadas por comportamento inadequado com funcionárias”, declarou Leavitt.
Os documentos mostram ainda que Epstein trocava e-mails com o escritor Michael Wolff, autor de vários livros sobre Trump. Em uma mensagem de 2019, o financista escreveu que o então presidente “sabia sobre as garotas e pediu a Ghislaine que parasse”.
Essa afirmação reacendeu questionamentos sobre até que ponto Trump tinha conhecimento das atividades ilegais de Epstein e Maxwell.
Comitê do Congresso promete investigar e pede divulgação completa dos arquivos
O líder democrata Robert Garcia afirmou que as novas comunicações “levantam questões sérias sobre o que mais o governo pode estar ocultando e sobre a verdadeira natureza da relação entre Epstein e o presidente”. Ele defende que todos os documentos federais relacionados a Epstein sejam tornados públicos, uma proposta que deve ser votada pela Câmara dos Representantes nas próximas semanas.
A divulgação ocorre em meio à pressão crescente por transparência total nos chamados “arquivos Epstein”, um conjunto de registros que inclui correspondências, agendas e possíveis contatos de personalidades envolvidas com o financista.
O caso continua sendo um tema sensível em Washington, alimentando disputas partidárias entre democratas e republicanos sobre o grau de envolvimento de figuras políticas com Epstein.
Relação antiga, mas negada por Trump
Trump admitiu, em entrevistas anteriores, ter conhecido Jeffrey Epstein nos anos 1990, descrevendo-o como “um homem divertido”. No entanto, o ex-presidente afirma que os dois romperam a amizade há mais de 20 anos, muito antes da primeira prisão de Epstein em 2006.
Ele nega qualquer relação com os crimes cometidos pelo financista e costuma afirmar que as acusações fazem parte de uma “caça às bruxas” política.
A associada de Epstein, Ghislaine Maxwell, atualmente cumpre pena de 20 anos de prisão por tráfico sexual de menores. Em depoimento concedido em julho ao vice-procurador-geral Todd Blanche, ela afirmou que “nunca presenciou conduta inapropriada” por parte de Trump ou do ex-presidente Bill Clinton.
Contudo, nos e-mails revelados nesta semana, Maxwell respondeu à mensagem de Epstein dizendo apenas:
“Tenho pensado sobre isso”,
o que levantou novas dúvidas sobre o que ela sabia a respeito da relação entre o empresário e o ex-presidente.
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