Arquivos de Epstein citam famosos, mas ausência de Trump gera questionamentos nos EUA

A divulgação parcial dos arquivos de Epstein pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos reacendeu polêmicas políticas ao citar dezenas de celebridades, mas sem mencionar diretamente Donald Trump.

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22 de dez, 2025 às 08:30
Close do rosto de Donald Trump Foto: Mark Schiefelbein/ AP

Os arquivos de Epstein voltaram ao centro do debate político nos Estados Unidos após a divulgação de milhares de documentos pelo Departamento de Justiça norte-americano. Embora o material mencione diversas figuras públicas conhecidas mundialmente, a ausência do nome do presidente Donald Trump chamou atenção de parlamentares, especialistas e vítimas do esquema de abusos sexuais liderado por Jeffrey Epstein.

A liberação parcial dos arquivos reacendeu críticas sobre transparência, motivação política e proteção seletiva de informações sensíveis, em um momento de forte polarização às vésperas das eleições legislativas de 2026.

O que são os arquivos de Epstein e o que foi divulgado

Os arquivos de Epstein consistem em documentos, fotos, denúncias e registros ligados às investigações sobre Jeffrey Epstein, criminoso sexual condenado por abuso e tráfico de menores. Na sexta-feira (19), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou parte desse material, em cumprimento a uma lei aprovada pelo Congresso em novembro, que determina a abertura total dos arquivos relacionados ao caso.

A divulgação ocorreu em Washington e envolveu milhares de páginas. No entanto, grande parte do conteúdo foi apresentada com extensas tarjas de censura, e vários documentos apareceram completamente apagados. Segundo o governo, a liberação parcial ocorreu devido ao volume elevado de material e à necessidade de proteger a identidade das vítimas.

Por que a ausência de Trump nos arquivos de Epstein chamou atenção

Um dos pontos mais debatidos da divulgação foi a ausência de referências diretas a Donald Trump nos documentos tornados públicos. Isso gerou questionamentos porque a relação social entre Trump e Epstein nos anos 1990 e início dos anos 2000 é amplamente conhecida e documentada.

Em divulgações anteriores dos arquivos de Epstein, feitas pelo próprio Departamento de Justiça em fevereiro, o nome de Trump apareceu em manifestos de voo do avião particular de Epstein. Apesar disso, no novo lote divulgado, não há menções diretas nem imagens claramente associadas ao atual presidente.

Trump nunca foi acusado formalmente de envolvimento nos crimes e afirma que rompeu relações com Epstein antes de sua primeira condenação, em 2008. Ainda assim, a ausência de qualquer referência reacendeu suspeitas sobre possíveis omissões.

Exclusão de arquivos e reação do Congresso

A polêmica aumentou no sábado (20), quando parlamentares democratas afirmaram que arquivos contendo imagens de Trump teriam sido removidos do site oficial do Departamento de Justiça. Segundo reportagens do The New York Times, da NPR e da Associated Press, até 16 imagens teriam sido excluídas após a publicação inicial.

A oposição exigiu explicações formais do governo, alegando que a retirada de documentos compromete a credibilidade do processo. Até o momento, nem o Departamento de Justiça nem a Casa Branca se manifestaram sobre os motivos das exclusões.

Famosos citados nos arquivos de Epstein

Apesar da ausência de Trump, os arquivos de Epstein divulgados trazem imagens e referências a diversas figuras públicas. Entre os nomes que aparecem em fotografias estão o jornalista Walter Cronkite, os músicos Mick Jagger, Michael Jackson e Diana Ross, o empresário Richard Branson e Sarah Ferguson, ex-duquesa de York.

As imagens foram divulgadas sem datas ou contexto detalhado. As autoridades reforçaram que nenhuma dessas pessoas foi acusada de crimes relacionados a Epstein, e que a simples presença em fotos não implica envolvimento ilegal.

O príncipe Andrew também aparece em uma das imagens. Ele perdeu seus títulos reais após a associação com Epstein, mas continua negando qualquer irregularidade.

Denúncias antigas e falhas nas investigações

Entre os documentos divulgados há uma denúncia apresentada ao FBI em 1996, acusando Epstein de envolvimento com pornografia infantil. O registro reforça críticas sobre a lentidão das autoridades em agir, já que investigações mais profundas só começaram anos depois.

Grande parte do conteúdo dos arquivos de Epstein já havia se tornado pública após a morte do financista em 2019, dentro de uma prisão federal. As autoridades classificaram o caso como suicídio, embora o episódio continue cercado de controvérsias.

Reação das vítimas e críticas à censura

Vítimas do esquema de Epstein demonstraram indignação com a divulgação limitada. Marina Lacerda, uma das sobreviventes, afirmou que o nível de censura foi decepcionante. Segundo ela, a liberação parcial representa mais um obstáculo para a responsabilização completa dos envolvidos.

O Departamento de Justiça reconheceu que ainda analisa centenas de milhares de páginas adicionais dos arquivos de Epstein para possível divulgação futura, conforme permitido pela legislação.

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